Produtividades de soja alcançam 6 mil kg/ha e de milho ultrapassam 15 mil kg/ha na região

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Quarta-feira, 22 de abril de 2020

Produtividades de soja alcançam 6 mil kg/ha e de milho ultrapassam 15 mil kg/ha na região

A safra de grãos de verão 2019/2020 demonstrou resultados bastante positivos.  Tanto as projeções de órgãos oficiais, como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), quanto os dados que vieram se confirmando de acordo com o avanço da colheita nos últimos meses em todo o país, confirmaram os resultados.

Segundo a Conab, em relatório divulgado no inicio de março, a produção dos principais grãos da safra de verão (soja e milho) deveria chegar a 224.288 milhões de toneladas.

No Paraná, os números são animadores também. A Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento apontou que a produção total de grãos no estado pode chegar a 41,2 milhões de toneladas. Esse volume é 14% superior ao da safra 2018/2019, quando foram produzidas 36,2 milhões de toneladas. 

Na região de Guarapuava, segundo a Seab, até o dia 30 de março, 70% da área de soja já estava colhida, com  produção de 1.171 toneladas, produtividade média de 4.075 kg/ha. Já a área de milho, na mesma data, estava colhida 85%, com uma produção de mais de 59.2617 toneladas e produtividade média de 11.162 kg/ha.

A REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ conversou com técnicos e consultores que prestam assistência para produtores rurais em Guarapuava e região. Na avaliação geral, eles também confirmaram os bons resultados desta safra e relataram quais foram os problemas encontrados pelos produtores no campo.

O engenheiro agrônomo Wilson Juliani, do departamento técnico da unidade Coamo – Guarapuava relatou que a produtividade em áreas de soja de cooperados, em alguns talhões alcançaram 6.000 kg/ha, enquanto a média nacional, segundo a Conab é 3.373 kg/ha. No milho o número chegou a ultrapassar 15.000 kg/ha, enquanto a média nacional, segundo a Conab é de 5.593 kg/ha. “Os cooperados da Coamo estão satisfeitos com as produtividades”, disse.

O engenheiro agrônomo Luiz Matozzo, que presta assistência técnica na região, complementou ainda que a soja de abertura de plantio respondeu melhor na produtividade.

Para Carlos André Schipanski, gerente técnico e de pesquisa da G12 Agro, o clima, decisivo para qualquer cultura, se apresentou em duas etapas bem distintas nesta safra 2019/2020. “Tivemos excelentes condições no inicio da safra para as culturas se estabelecerem e definirem seu potencial. A partir de dezembro até março veio a estiagem. Para se ter uma ideia, no mesmo período na safra 2018/2019, tivemos na região um volume de chuva acumulado de 700 mm e para o mesmo período nesta safra, tivemos um acumulado de somente 457 mm. Isso significa em torno de 40% menos chuva”.

Leandro Bren, engenheiro agrônomo e proprietário da Agro 10 Consultoria Agropecuária, explica que com a estiagem, a soja plantada no tarde foram as mais penalizadas. “Para sojas pós-culturas de inverno, a estiagem levou entre 12 e 20% da produtividade”, calculou. Segundo ele, as sojas plantadas em outubro apresentaram ótimas produtividades, muitas vezes ultrapassando 5.000 kg/ha. Da mesma forma ocorreu com a cultura do milho, que obteve excelentes produtividades, ultrapassando os 15.000 kg/ha.

Com relação às doenças, em unanimidade os técnicos destacaram o Mofo Branco, que historicamente sempre aparece nas lavouras da região, mas neste ano veio com mais intensidade. “É uma doença complicada, porque o controle não é só com produto químico. Há todo um trabalho de rotação de cultura, espaçamento, de escolha de variedades e cuidados no pré-plantio. Além disso, os custos de controles são altos e se errar o ponto de aplicação, perde o controle”, detalhou Juliani.

Matozzo explica que, embora neste ano não houve excesso de chuva, tiveram momentos, principalmente na floração da soja, que coincidiu com alguns períodos de chuva e queda na temperatura, favorecendo a entrada do fungo Sclerotinia sclerotiorum. “A soja plantada até 10 de novembro foi a que mais apresentou problemas com Mofo Branco”.

A temida ferrugem quase não apareceu nas lavouras de soja nesta safra na região de Guarapuava. “A condição climática com falta de chuva acabou limitando a entrada de ferrugem na lavoura, já que ela é sempre esperada na segunda metade do ciclo”, destacou Schipanski. Em compensação, a mesma condição climática facilitou o desenvolvimento do oídio. Segundo Bren, nas áreas onde atende, observou o oídio em quase todos os estádios, dependendo da cultivar.

O engenheiro agrônomo da Cooperativa Agrária Agroindustrial, Rodrigo Martins Ferreira, comentou também que a infestação de pragas foi baixa. “Muito pelo cultivo de cultivares com tecnologia de resistência. Mas sempre orientamos nossos cooperados que, para manutenção destes benefícios, temos o cultivo com áreas de refúgio, sendo feita em grande parte com a soja convencional”. Nas áreas de cooperados, Ferreira comenta que também são esperados recordes de produtividade em milho e excelentes produtividades em soja. Aliando ao bom preço de comercialização, o agrônomo afirma que a rentabilidade também será muito boa. Até o fechamento desta edição a cooperativa ainda não tinha fechado os números oficiais.

Já na cultura do milho, em relação as doenças, todos os técnicos entrevistados citaram algumas como Helmintosporiose, Mancha Branca, Fusariose, mas todas com infestações pequenas que não impactaram a produtividade.

Devido a todas as situações, Schipanski acredita que os custos serão muito parecidos da safra passada. “No grupo que eu atendo, apesar de investir um pouco mais no mofo branco e oídio, conseguimos segurar um pouco mais a ferrugem e redirecionar algumas aplicações com um custo menor. Então não acredito que todas as aplicações dessa safra impactaram em um custo maior. Até porque esses defensivos foram adquiridos ano passado, com um câmbio diferente”, finalizou.

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