Projeto zero pousio

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Segunda-feira, 04 de outubro de 2021

Projeto zero pousio

Produtor rural em Goioxim iniciou planejamento na propriedade para que as áreas fiquem o menor tempo possível sem cobertura no solo.

As plantas de coberturas têm ganhado espaço na agricultura. Isso é reflexo de uma preocupação cada vez maior por parte dos produtores rurais com a qualidade e conservação do solo. Além disso, tem havido um entendimento que este tipo de planta pode trazer diversos benefícios para as culturas posteriores e que deixar o solo descoberto pode significar muito prejuízo.

 Pensando nessa linha, o produtor rural da região de Guarapuava, Josef Hildenbrandt Junior, vem investindo em plantas de coberturas em suas propriedades, as Fazendas Fundo Grande e Tigre Preto, que ficam no município de Goioxim (PR). Neste ano, ele iniciou um projeto que denominou como “Zero Pousio”.

Junior já tinha o hábito de plantio de aveia no período de entre safra, mas agora buscou intensificar a cobertura do solo diversificando o plantio das plantas de coberturas. Além da aveia, foi implantado trigo mourisco e milheto em diversos talhões da área. “Percebemos um intervalo, uma janela sem nenhuma cultura, entre o final da cultura de verão e o início da cultura de inverno. Eu não estava gostando desses períodos de pousio, erosão e planta daninha. Como existem muitas vantagens agronômicas quando se tem a terra protegida, focamos nas plantas de cobertura”, pontuou o produtor.

Ambas as espécies, trigo mourisco e milheto, foram escolhidas para implementar uma rotação de cultura mais eficiente. No caso do trigo mourisco a escolha foi feita pelo baixo custo de investimento, possibilidade de comercialização do grão e efeito alelopático (inibição de plantas daninhas). Já o milheto foi plantado também pelo baixo custo de semente e porque a variedade possui alguns benefícios que o produtor juntamente com o engenheiro agrônomo, Luiz Matozzo, responsável pela assistência técnica na propriedade, julgaram interessantes. “Com a palhada a gente busca muito a prevenção de mofo branco. Hoje esta é uma das doenças mais preocupantes, inclusive mais que a ferrugem. E a palha tem um papel bem importante de isolamento do fungo, na decomposição. O milheto foi escolhido justamente por ter um volume grande de palha, por ter um volume grande de raiz e ser uma cultura de ciclo rápido, já que não queremos manter isso no campo por um intervalo tão grande. Atendeu todas as nossas expectativas nesse aspecto”, explicou Matozzo.

Dentro deste projeto de não deixar as áreas em pousio surgiram três experiências: “Teve o plantio do milheto bem no cedo que ainda permitiu o plantio da aveia em meados de julho, para fazer mais uma cobertura antes da soja; em outra área foi só o plantio do milheto. Ele fez uma massa bem interessante, vamos avaliar até a chegada do verão, se vai manter essa proteção e quais serão os benefícios; e aí tem uma terceira experiência que aconteceu sem querer. Devido à seca, nós plantamos o milheto e a seca estava muito grande. Notamos que ele não iria se desenvolver e plantamos aveia por cima. De repente, o milheto se desenvolveu um pouco, mas veio a geada, morreu o milheto e ficou a aveia. Então, isso despertou o interesse de fazer alguns mix de cobertura.  Além do milheto, plantamos o trigo mourisco, que não tem uma massa tão grande, mas faz um papel interessante na rotação de culturas”, detalhou.

O produtor comenta que dos 1460 hectares de área, 560 ha ficaram com zero pousio; 790 ha ficaram com apenas 45 dias no máximo de pousio; e somente 110 ha ficaram em pousio por mais de 90 dias. “O plano é um dia poder chegar a 100% no maior curto espaço de tempo de pousio. Isso requer bastante programação antecipada e maior operacional de máquinas e funcionários. Já mexi em todo o planejamento operacional para o próximo ano, na contratação de funcionários, no planejamento de compras de semente e uso de máquinas. Não queremos perder tempo. Queremos que o solo esteja coberto o quanto antes na entre safra”, finalizou.

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