Quarta-feira, 22 de abril de 2020
A produção de silagens constitui-se de uma excelente estratégia para armazenamento de alimentos de alta qualidade nas fazendas. Através das tecnologias disponíveis, é possível obter um alimento conservado, de alta digestibilidade, alta concentração de energia e consequentemente reduzir os custos das dieta , através da redução no uso de concentrados, aumentado a produção, ganhos em saúde animal e melhorando a rentabilidade de toda a cadeia. É uma prática largamente utilizada no Brasil, muito aceita em todas as espécies animais ((bovinos de corte e leite, ovinos e equinos) mas que necessita de total atenção nos detalhes, pois na maioria das propriedades ocorrem perdas durante a ensilagem, trazendo prejuízos aos animais e principalmente aos produtores. Para produção de silagens de planta inteira de alta qualidade, é necessário utilizar híbridos específicos para produção de silagem, investir em preparo e correção do solo, tratos culturais, colher no ponto correto, realizar o corte das partículas no tamanho indicado para cada espécie animal e sistema de produção, realizar compactação eficiente e fechamento do silo que proporcione perdas zero. Segue considerações sobre cada tópico:
A escolha do híbrido é o primeiro passo para produzirmos uma silagem de milho de alta qualidade. O foco é garantir a ingestão de alimentos de alta degradabilidade ruminal de todas as partes da planta (grãos, colmo, folhas, palha e sabugo), possibilitando incremento na digestão e aproveitamento superior dos nutrientes no trato digestivo. Isto está intimamente ligado a genética utilizada. A variabilidade nos híbridos brasileiros é enorme quando buscamos o melhor aproveitamento animal. Devemos buscar as seguintes características:
Para identificar corretamente o ponto de colheita, a planta deve estar verde, mas as espigas estarão com as palhas secas, descascamos uma espiga que represente a maioria das espigas, quebramos no meio e observamos a linha do leite, olhando do meio da espiga para a ponta. Iniciar a colheita com 50 % grão farináceo e 50 % leitoso. Tecnicamente chamado de farináceo duro.
A matéria seca ideal para confecção de silagem de planta inteira, deve ser entre 33 a 35 %.
Com isto, aumentamos a participação de grãos na silagem, permitindo a redução do uso de concentrados, tornando as dietas mais baratas, trazendo mais lucros para o produtor.
O ideal é ao redor de 8 mm, pois facilita a compactação da silagem, estimula a ingestão e reduz perdas no cocho.
Só devemos aumentar as partículas para vacas de leite confinadas, elevando para 18 a 22 mm.
A regulagem das máquinas é essencial, onde a afiação das facas deve ser realizado diariamente, distância entre facas e contrafaca deve ser o mínimo possível e a utilização correta das engrenagens conforme a especificação do fabricante. Estes fatores determinam o tamanho de corte desejado.
Também é importante ressaltar a importância do processamento do grão de milho presente na silagem.
Quanto mais processado, quebrado e moído, melhor.
A altura de corte deve ser entre 30 a 40 cm de altura, com o objetivo de reservar matéria orgânica para o solo, aproveitar níveis de potássio no colmo de milho que são incorporados ao solo e principalmente melhorar a digestibilidade da silagem. Silagens cortadas mais alto produzem um alimento de melhor qualidade, produzindo mais leite e carne.
São produtos ricos em bactérias lácteas aplicados no momento do corte da silagem, com o objetivo principal de acelerar o processo de fermentação e trazer estabilidade anaeróbica ao silo, combater bactérias e fungos indesejáveis, que podem trazer grandes perdas.
Quando aplicamos inoculante na silagem, podemos abrir após 7 dias de lacrado.
Sem inoculante, no mínimo 30 dias para abrir.
O oxigênio é o grande causador de perdas durante o processo de ensilagem.
A compactação do silo é responsável pela retirada do ar, pois o processo correto depende de ambiente totalmente anaeróbio, produção de ácidos e bactérias saudáveis, produzindo silagens frias e com perdas zero.
Deve ser realizada com trator pesado e traçado, é o trator que mais horas deve trabalhar durante a ensilagem. Trabalhar com compactação em rampa, com o objetivo principal de aumentar o número de passadas sobre o material a ser compactado.
Dar preferência aos silos do tipo trincheira, pois as paredes auxiliam na compactação, podendo chegar a 700 kg silagem/m³.
Silos do tipo superfície, muito empregados nas propriedades, deve-se ter mais cuidados com a compactação além de gastarmos mais lona para armazenar a silagem comparada ao silo do tipo trincheira.
Também existe a possibilidade de armazenamento em silos bolsas que podem ser uma opção para o produtor.
Independente de qual modelo de silo empregarmos, a compactação deve ser tratada como principal etapa na confecção de silagens de alta qualidade, sempre buscando ausência completa de oxigênio.
Devemos fechar o silo nas horas mais frescas do dia, utilizando 2 lonas, que devem ser de material virgem, evitando assim lonas recicladas. Após término da compactação, providenciamos uma valeta de 20 x 20 cm ao lado do material compactado para fecharmos o silo. Colocamos a primeira lona, lacramos as laterais e o fundo do silo, deixamos a boca aberta e vamos cobrindo a primeira lona com uma camada bem fina de areia ou terra para retirada dos gases indesejáveis presentes embaixo da lona que sempre causam perdas superficiais. Após cobrirmos a primeira lona e lacrarmos a boca do silo, colocamos a segunda lona. Desta forma conseguimos retirar praticamente todo oxigênio remanescente, que pode trazer muitas perdas.
Sobre a segunda lona, protegemos o silo com aros de borracha de pneu ou colocação de cordinha fixada em arame fixado nas laterais do silo, rente ao chão, espaçada a cada 50 cm, em toda extensão do silo.
Autor: MÉD. VET. LUIS EDUARDO ZAMPAR CRMV PR 3005/CONSULTOR SEMENTES BIOMATRIX