Segunda-feira, 26 de abril de 2021
A vila residencial da Copel situa-se a 340 quilômetros de Curitiba, no município de Pinhão (PR) – 70 quilômetros de Guarapuava, onde encontra-se um Jardim Botânico encantador que abriga uma reserva de vegetação nativa dominada pelo Pinheiro-do-Paraná (Araucária angustifolia) junto a várias espécies arbóreas que tiveram grande importância econômica na história do Paraná, como a Imbuia (Ocotea porosa) e a erva-mate (Ilex Paraguariensis). O jardim também abriga espécies do mundo inteiro, como da África do Sul, China, Estados Unidos e outros países. A região ainda conta com cachoeiras, rios, paredões de pedra, lagos de represas, trilhas e construções que compõe o cenário turístico da região.
Um local com muito potencial, porém pouco explorado, no ponto de vista de moradores da região. Jeferson Rezende é engenheiro agrônomo na região, mas já foi secretário de Turismo no município de Guarapuava de 2009 a 2012. Desde então, ele tem grande afeição por Faxinal do Céu e Foz de Areia e elabora, junto com outras pessoas, projetos estratégicos que impactariam turisticamente e economicamente toda a região, desde Guarapuava a União da Vitória. “Faxinal do Céu, é na nossa opinião (da população que mora na região centro-sul do Paraná), uma pedra brilhante que precisa de uma lapidada. É um local pronto para ser explorado e receber turistas do Brasil inteiro e de fora também”, observa.
Segundo Rezende, infelizmente, o grande problema é a indefinição por parte da administradora do local, a Copel. “Desde quando eu tinha o cargo de secretário de turismo, há 10 anos, foram feitas tratativas para se dar um rumo para o local e colocar Faxinal do Céu e a nossa região no mapa do turismo do Brasil. A estrutura da natureza, que é linda por sinal, está pronta e já tem até mesmo a estrutura de hospedaria”, comenta.
A REVISTA DO PRODUTOR RURAL DO PARANÁ entrou em contato com a Copel. Por meio de nota oficial a empresa declarou: “A Copel está estudando alternativas para a destinação de instalações que não sejam vinculadas às atividades fim da Companhia (geração, transmissão de energia elétrica), entre elas, as vilas residenciais de usinas e estruturas anexas. Cada instalação deverá ter um plano específico, mas ainda não há definição. A medida integra um conjunto de ações a serem adotadas para garantir a perenidade dos negócios da empresa no mercado de energia, que está cada vez mais competitivo”.
O Sindicato Rural de Guarapuava, apoiando a ideia e ouvindo a demanda da população da região, inclusive de pessoas ligadas ao meio rural, de que Faxinal do Céu e Foz de Areia com uma estrutura organizada desenvolveria turisticamente a região, potencializando a economia do Paraná, encaminhou ofício ao secretário de Estado de Turismo e Desenvolvimento, Márcio Nunes. Alguns trechos do documento sugerem: “O ponto de partida deste projeto é a mudança do Estatuto da COPEL, com a inclusão da atividade Turismo como sua missão, junto com a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. A criação de uma Diretoria de Turismo, a exemplo do que existe na ITAIPÚ, para cuidar destes assuntos de forma adequada, séria e profissional. A partir das mudanças na estrutura da COPEL, a Empresa em sintonia com o Governo, poderá dar início à implantação de um Programa de Turismo em Foz do Areia e em Faxinal do Céu. Este local será referência para outras ações em outros Lagos pertencentes à COPEL, que tenham viabilidade para a exploração de negócios turísticos. Os equipamentos turísticos que serão construídos e/ou instalados no Lago, poderão ser operados diretamente pela Companhia ou, concedidos para a iniciativa privada. O objetivo é criar infraestrutura adequada no Lago que o torne de fato atrativo para os diferentes tipos de turismo, como: pesca esportiva, desporto náutico, lazer, que atenda todo o tipo possível de usuário/visitante. (...) Os chalés, atualmente sob a administração da COPEL, mas de maneira absolutamente restrita, poderão ser concedidos para a iniciativa privada: neste caso, para uma rede hoteleira. Transformados num espetacular resort. A existência dos chalés por si só, já possibilitam um passo adiante, mais rápido, para a inclusão de Faxinal no cenário do Turismo. Criar opções de entretenimento, como: passeios em ônibus fora da estrada, passeios de charretes, de jipes, de buggy, trilhas, arborismo, balonismo, contemplação à natureza, e outros serviços, naquele espaço para receber os visitantes. A partir da organização e estruturação do Lago de Foz do Areia, e de Faxinal do Céu, os serviços turísticos poderão ser administrados e operados pela COPEL e por empresas especializadas na atividade turística. Os diferentes serviços de entretenimento demandarão mão de obra, que na sua maioria será suprida por moradores da região, do entorno. Funções como de: marinheiro, mecânico de embarcação, camareiras, motoristas, cozinheiros, guias, etc., serão absorvidos por profissionais da região. Isso é sem dúvida uma ação social e econômica sem precedentes, que mudará a realidade social local”.
O secretário Marcio Nunes, em resposta à REVISTA DO PRODUTOR RURAL, disse que "é evidente o grande potencial turístico do completo Faxinal do Céu, a nível regional e nacional. Mas a execução do projeto é um processo complexo e que necessita da união das prefeituras de Pinhão, Guarapuava e Reserva do Iguaçu e parcerias público-privadas.” A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, por meio da Paraná Turismo, disse ainda que oferecerá todo suporte necessário e cabível para tornar o projeto realidade, “porque acreditamos que a região poderá fomentar o turismo do Paraná e atrair muitos investimentos, emprego, renda e momentos de lazer e bem-estar para as pessoas".
Para Rezende com organização e sintonia da Copel, o Governo do Estado e dos municípios da região, investindo e estruturando Faxinal do Céu e Foz de Areia, todos sairiam ganhando. “Conseguindo ter esse ícone, esse ponto de turismo vai potencializar naturalmente a exploração de outros segmentos turísticos na região. A Cooperativa Agrária, por exemplo, vai inaugurar, em breve, um centro de eventos moderno em Entre Rios. Ali na BR 277 sentido Cascavel nós temos fazendas maravilhosas, que já recebem visitantes para fazer o turismo técnico. A região do Pinhão é eminentemente agrícola, mas por questões diversas que limitam a área produtiva, acaba gerando restrições importantes de emprego e renda. E o turismo de um modo muito rápido e prático poderia, com certeza, reverter muita coisa em termos de geração de emprego e renda para os moradores da região”, salienta o Rezende.