Carne bovina brasileira vive momento de expansão no mercado mundial

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Quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Carne bovina brasileira vive momento de expansão no mercado mundial

A pecuária brasileira vive um momento de total ascensão mundial. Ao final do mês de julho, as exportações brasileiras de carne bovina fresca, refrigerada ou congelada, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), com treze dias úteis, somaram 95,3 mil toneladas, uma média de 7,3 mil toneladas por dia útil. A secretaria estimava que o volume embarcado só em julho seria de cerca de 168 mil toneladas. O resultado é recorde para meses de julho e o segundo maior da série histórica, atrás apenas de outubro de 2019.

As exportações brasileiras de carne bovina devem superar o recorde registrado em 2019 e gerar US$ 8 bilhões em divisas neste ano, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) registra que a demanda aquecida, principalmente do mercado chinês, resultou em aumento de 27% em volume e faturamento dos embarques de carne in natura na comparação só entre maio e abril de 2020.

São dados extremamente animadores para os pecuaristas brasileiros. O pecuarista Antônio Pitangui de Salvo, presidente da Comissão de Bovinocultura de Corte da CNA , ressalta que o momento é ímpar para o setor no Brasil. “A Ásia começou a aprender a comer carne. Se fala muito na China, mas existem outros países que estão consumindo mais carne, como Vietnã e Indonésia. No Vietnã são 250 milhões de pessoas, na Indonésia,  300 milhões. É uma quantidade gigantesca de pessoas no continente da Ásia e que tem potencial consumidor de carne brasileira. A Austrália, fornecedor natural da Ásia, não está dando mais conta de atender o mercado. Ela conseguia enquanto uma pequena parcela da população comia carne, a partir do momento que melhorou a qualidade de vida e mudou o hábito alimentar, a perspectiva de crescimento dessa exportação é gigantesca”.

Mas antes de tudo, segundo De Salvo, é preciso que o pecuarista faça seu dever de casa. “E o que é isso? Basicamente, precisamos criar um processo de rastreabilidade dos nossos animais mais confiável e viável para o tamanho do nosso papel e mostrar para o mundo. Precisamos ter mais animais identificados porque num futuro breve os mercados que irão comprar nossa carne, como o Japão e a Coreia, vão exigir mais do que estão exigindo e vão pagar por isso”.

Ele explica que a CNA, em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), já está trabalhando em uma plataforma privada para que seja implementado paulatinamente um processo de rastreabilidade no Brasil confiável e viável. “Porque ser confiável, mas não ter a viabilidade nem prática, nem econômica para o produtor rural, não serve”, destaca o pecuarista.

Outro ponto que deve ser melhorado, de acordo com o presidente da comissão é o manejo sanitário, que pós pandemia será ainda mais rigoroso. “Nós estamos, na realidade, conquistando um novo mercado, tomando mercado de outros países e também criando um mercado para nós. Quando você cria esse mercado internacional, podemos ter muitas retaliações mundiais, porque o Brasil vai ter muita receita de carne exportada. Nosso sistema de vigilância sanitária deve estar muito atento para qualquer tipo de eventualidade. Principalmente à Febre Aftosa. Nossos órgãos veterinários têm que estar preparados para a vigilância constante. Temos que ter fundo tanto estadual, quanto federal para se por acaso tiver algum foco de aftosa, a gente possa extinguir rapidamente, principalmente nos estados que são áreas livre sem vacinação”.

A busca pela chamada pecuária de precisão também deve se intensificar. “Isso envolve melhoria da alimentação do nosso gado, melhoria do solo para ter forragem de qualidade, melhoria de gestão do agropecuarista, que tem que ter uma gestão profissional. Tudo isso para que ele possa ter índices zootécnicos melhores dentro da sua propriedade e o melhorador de genética constante”, observa.

 Preço da arroba do boi

Ao final de julho, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP)) registrou forte queda do indicador do boi gordo Cepea/B3, de R$ 222,55 para R$ 215,30. Segundo o órgão o que tem limitado o aumento do preço da arroba é o mercado interno, pois com a pandemia, houve reflexo na taxa de emprego e na renda do brasileiro.

O Cepea cobre dois padrões: os animais convencionais estariam sendo negociados na faixa de R$ 215 a arroba, enquanto que os voltados ao mercado chinês estariam no patamar de R$ 223 em julho.

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