Segunda-feira, 19 de março de 2018
Conservação da Água e do Solo voltou a ser assunto de destaque no Paraná há alguns anos. Isto porque os processos erosivos no estado começaram a reaparecer em várias regiões, por diversos fatores, entre eles a descontinuidade de cuidados com o solo e a água e ações da natureza, como a ocorrência do fenômeno El Niño, em 2016, que ocasionou fortes e frequentes chuvas na região sul do Brasil.
Com isso, o Governo do Estado, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), entidades representativas do setor, cooperativas e empresas têm promovido diversas ações de conscientização para que os produtores voltem a se atentar para questões da conservação do solo e da água.
Na região de Guarapuava, isto não é diferente. Pelo terceiro ano consecutivo a Cooperativa Agrária realiza o Rally de Conservação de Uso de Solo e da Água. Entre diversos apoiadores, está o Sindicato Rural de Guarapuava, que também se preocupa com o tema.
Tornando-se tradição na região, o rally une diversão e informação. Neste ano, os participantes, 130 pessoas, distribuídas em 40 carros, percorreram 150 km, por rotas no interior do município de Guarapuava, sendo 80% estradas de chão. A largada aconteceu na sede da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA) e a chegada no Parque Recreativo Jordãozinho, em Entre Rios.
A prova exigia atenção, pois se tratava de um rally de regularidade e não de velocidade. Neste tipo de competição, a equipe, formada por piloto, navegador, mais dois acompanhantes, deve seguir o trajeto determinado pela organização mantendo médias horárias e velocidade pré-estabelecidas. As médias variam no decorrer da prova e são compatíveis com o terreno onde a prova se desenvolve. A cada descumprimento das instruções, o participante perde pontos.
Além disso, existiam estações (pontos de parada) ao longo do percurso, onde os produtores deveriam fazer atividades relacionadas ao tema do rally. Cada uma também contava ponto para a equipe.
O coordenador da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA), Marcio Mourão, explica que o rally vem cumprindo seu objetivo. “A FAPA é uma fundação de pesquisa e uma das missões é transmitir as melhores práticas em termos de manejo e conservação de solo. O rally é um meio bem interessante, pois os produtores têm a oportunidade de correr um trajeto e observar as melhores práticas em relação ao tema. Estas estradas que eles percorreram já fazem parte do dia a dia do produtor, mas muitas vezes eles não se atentam em observar as questões de solo e da água. Ele pode, por exemplo, observar no caminho uma boa prática e aplicar isso em sua propriedade. Acreditamos que o rally é um bom modelo de conscientização por meio de uma atividade lúdica. Queremos continuar com essa atividade por outros anos”.
Produtores aprovam ação
Entre os participantes, estavam aqueles que já haviam participado da competição e aqueles que estavam em um rally pela primeira vez. Entre eles, Cândido Bastos, que se diz satisfeito em participar da prova. “Achei bem bacana participar do rally. Foi a primeira vez que participei. Achei muito válido, principalmente pela parte técnica”. Para ele, o tema é de grande relevância e deve ser sempre lembrado. Além disso, ele observa que o assunto foi abordado de uma forma interessante. “Um dos momentos, que acho que foi o ponto alto do rally, foi o plantio das árvores próximo ao rio, achei muito bacana (estação do Sindicato Rural de Guarapuava). Quero parabenizar a iniciativa da Cooperativa Agrária e de todos os apoiadores. Me chamou atenção durante o trajeto o nível de tecnologia da agricultura e região. Estamos muito evoluídos. Vimos o plantio direto em muitas áreas. A Agrária mostrou um experimento de 40 anos de plantio direto. Acho que isso é um destaque, porque mostra a importância de Guarapuava na difusão do plantio direto, uma das formas mais importantes de conservação do solo e da água”.
E quem disse que são só homens que gostam de emoção e aventura? Martina Rovani, cooperada da Agrária, resolveu, nesta edição, acompanhar o marido na prova. “Como foi minha primeira vez e não tenho muito conhecimento de rally, resolvi ir de carona, mas quem sabe da próxima vez terei uma função”, disse ela, afirmando que participar do rally exige muita concentração. Ela considera que este deve ser um dos segredos para ir bem na competição. Ela comentou que a parte técnica da prova faz com que a brincadeira se torne séria e ao final do dia se leva muito conhecimento para casa e, principalmente, para a propriedade. “Foi uma atividade de aventura e aprendizado. Tivemos a oportunidade de ver formas de conservar o solo e a água e dar oportunidade aos nossos filhos de dar continuidade ao nosso trabalho. Achei muito interessante essa mistura de emoções”.
Vencedores
O resultado, das três melhores equipes do rally, ou seja, aquelas que perderam menos pontos, foi divulgado apenas uma hora depois do fim da competição. Em clima de animação e desconcentração, primeiramente foi mostrado um vídeo dos melhores momentos da competição. Em seguida, foram divulgados os nomes dos grandes vencedores.
O primeiro lugar ficou com a equipe do carro 31, composta pelos participantes: Arthur Gubert (piloto); Giuliano Borazo (navegador); Carlos Augusto Araújo e Valter Rodrigues.
Já a segunda colocação foi para a equipe do carro 01, que tinham como participantes: Arnaldo Stock (piloto); Cristian Abt (navegador); Aniceto Bobato e Tiago Pellini.
Quem ficou com a terceira colocação foi o carro 35, da equipe composta por Renê Bandeira (piloto) e Roberto Cunha (navegador).
Arthur Gubert, piloto da equipe vencedora, afirmou ficar muito contente com o resultado. Não foi a primeira vez que ele participou do rallu. O produtor contou que acha que o segredo foi a descontração durante toda a prova, indo no caminho contrário de que todos acham que devem estar focados e preocupados durante todo o trajeto. “Ano passado nós nos preocupamos muito com o trajeto, em seguir a tabela, os tempos certos. E ficou uma prova pesada. Esse ano viemos para nos divertir, ficou mais leve e acabou dando certo”.
Gubert ressalta que não foi só diversão, mas também muito conhecimento. “A gente pôde observar ao longo do trecho a prática da atividade rural na região e o que está sendo feito e não sendo feito a respeito da conservação do solo e da água. Tivemos palestras de soja, de milho, até de abelhas. É legal porque mostra a preocupação da Cooperativa Agrária, do Sindicato Rural e outras empresas em trazer ao produtor essas novas tecnologias, novidades em relação a conservação do solo. E a forma como é feita essas conscientização é muito bacana. Porque participamos entre familiares, amigos, nos divertimos e nos integramos”.
Estações do Rally
Ao longo do percurso, os participantes tiveram 8 pontos de paradas. Em 15 minutos, cada uma deveria passar uma mensagem de conscientização em relação à conservação do solo e da água.
Estações FAPA
1: Benefícios do plantio direto para conservação do solo e da água. Apresentou o ensaio mais antigo de manejo de solo no Brasil, enfatizando a importância do plantio direto no aumento de produtividade, que na média das culturas soja, milho, cevada, trigo e aveia é de 23%.
2: Métodos aplicados para conservação do solo. Apresentou uma área que está recebendo investimentos em conservação do solo, por meio da aplicação do método de terraços invertidos e da semeadura de cobertura outonal na época adequada.
Estação Bayer
Bee Care: Apresentou o programa que demonstra o compromisso Bayer para a saúde das abelhas e a integração entre agricultura e apicultura
Estação Sindicato Rural de Guarapuava
Os participantes fizeram o plantio de mudas de árvores nativas em uma Área de Preservação Permanente (APP) e receberam informações sobre o assunto
Estação Augustin
Apresentação do Trator Dyna4 e a importância de utilizar o Escarificador Jumbo MaticBuster para conservação do solo e da água
Estação Adama
A importância do uso correto e conservação dos recursos naturais no agronegócio e sociedade
Estação Basf
Demonstrou ações da empresa na relação com seus clientes que promovem a sustentabilidade
Estação Agroceres
Estação da superprodutividade e debate da importância da rotação de culturas para “saúde” do solo