Segunda-feira, 24 de agosto de 2020
No primeiro semestre de 2020, o Sistema FAEP/SENAR-PR, em parceria com entidades públicas e privadas, lançou duas campanhas: prevenção contra a dengue e uso racional da água. Diante de uma série de ações programadas, a entidade está disponibilizando inúmeros materiais didáticos sobre os dois temas, para que sejam utilizados pelos professores das redes pública e privada para repassar informações e ensinamentos aos milhares de alunos paranaenses.
As campanhas, apesar de distintas, possuem temas complementares que podem ser implementados na rotina das aulas, de acordo com o planejamento didático de cada escola. A professora Marli da Fonseca, da Escola Municipal Castro Alves, localizada em São João, na região Oeste do Estado, está trabalhando o material relacionado à campanha da água com os alunos. Isso porque os conteúdos vão dar embasamento para o conteúdo sobre a dengue, a ser introduzido na sequência.
“A água é um dos temas que eu mais gosto de trabalhar porque está ligado a tudo na nossa vida. Então, resolvi partir desse material para que eles entendam melhor os cuidados que devemos ter com a água em si e, em seguida, envolver outros assuntos, como a dengue e seus focos de contaminação”, explica Marli.
Segundo a professora, trabalhar com projetos que fogem dos tradicionais materiais didáticos é fundamental para que a consciência desenvolvida nos alunos atinja também a família e a comunidade local. Agora, durante a pandemia do novo coronavírus, esse envolvimento tornou-se ainda mais necessário. No cronograma das aulas, ferramentas como o aplicativo WhatsApp ocuparam espaço e o contato com as famílias dos alunos ficou mais próximo.
“Como a gente tem os grupos, eu já dou a introdução do assunto que vou trabalhar, como os temas das campanhas, e vou desenvolvendo atividades e conversando com os pais. Esses materiais são um estímulo para diversificar o tipo de atividade, mesmo que à distância, para não ficarmos naquela coisa de só escrever na apostila e devolver. É algo que desenvolve outras habilidades, como criatividade e comunicação”, relata a professora, que tem investido no uso de diferentes recursos, como gravação de áudios e vídeos. Uma das propostas incentivou os alunos a produzirem chamadas em formato de áudio alertando sobre os cuidados com o desperdício de água, com o objetivo de ser veiculado na rádio local.
No município de Terra Boa, na região Norte, a professora Anézia Aparecida de Oliveira também tem trabalhado o material da campanha da água com os alunos da Escola Municipal Princesa Isabel. Da mesma forma que a colega de São João, Anézia mantém um grupo para repassar materiais e discutir as atividades desenvolvidas com as famílias. Apesar das limitações das aulas à distância, a experiência vem dando bons resultados.
“Eu uso bastante o material para preparar aula, abordando o uso consciente da água, as fontes de água, a importância do coletivo para a preservação. Todo dia faço um vídeo explicativo e tentamos propor algo novo. Por exemplo, no caso da água, vamos fazer um jogral [modo de declamação de poemas ou canções por um coro, alternando entre o canto e a fala] com os pais e os alunos”, conta.
Formação para professores
A campanha de prevenção contra a dengue, lançada em junho pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, conta com um diferencial. Além do material didático disponibilizado em parceria com o Programa Agrinho, o SENAR-PR desenvolveu uma capacitação profissional destinada aos docentes. O curso com carga-horária de 40 horas, também no formato Educação a Distância (EaD), utiliza materiais da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde, com o objetivo de levar conhecimento especializado sobre a doença.
Além do conteúdo técnico, a capacitação propõe a realização de atividades online que simulem o uso de metodologias ativas e recursos digitais. “Essa é a realidade que os professores estão vivendo hoje. Então, pedimos para que eles planejassem a criação de um vídeo que, depois, pudessem usar nas aulas como fonte de conteúdo. Isso pode ser uma ferramenta de disseminação de informação e conteúdo que faz com que os alunos também mobilizem aqueles que estão na comunidade, para uma mudança de cultura e de prática”, destaca Raphaela Gubert, uma das tutoras do curso EaD disponibilizado pelo Sistema FAEP/SENAR-PR.
Em Cambará, no Norte Pioneiro, a professora Joyce Rafagnin de Pinho, que atua na Escola Mensageiros de Luz (APAE), participou da formação e, agora, se sente apta a trabalhar o material com os alunos. “Essa campanha veio para reforçar a importância de abordar esse assunto na escola, ainda mais no nosso município, onde já teve óbitos decorrentes da dengue”, aponta. “O diferencial do método é a aprendizagem das crianças voltada para a pesquisa, algo que gostam muito, porque aprendem por seus próprios mecanismos. Nossos alunos são muito curiosos e sensitivos ao novo”, acrescenta.
Segundo a professora, as aulas online ainda fazem parte de um período de adaptação, mas o apoio da equipe pedagógica tem sido fundamental para que a aprendizagem dos alunos não seja prejudicada. No curso, Joyce também desenvolveu um projeto que pretende colocar em prática em parceria com outra professora. “A gente fica muito empolgado, quando faz o curso, para colocar tudo em prática com os alunos. Eu quero dar continuidade a esse projeto, pois acho que vai ser um método fácil para trabalhar online e com resultado”, compartilha.
O projeto da professora Joyce propõe a conscientização sobre a separação correta do lixo orgânico e dos recicláveis e a criação de uma composteira para os dejetos. Dessa forma, o objetivo do trabalho é reduzir o acúmulo de lixo, um dos maiores fatores que contribuem para proliferação do mosquito transmissor da dengue (Aedes agypti).
A professora Marcia Tereza Czernysz Ribas, da Escola Municipal do Campo Gustavo Kuss, em Lapa, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), também foi uma das participantes do curso do Sistema FAEP/SENAR-PR. Para a docente, as estratégias utilizadas no curso podem auxiliar os professores nessa nova prática de ensino e aprendizagem remota dos alunos, algo a ser desenvolvido independentemente do conteúdo.
“Todo ano, nós já trabalhamos a prevenção da dengue, pois é um assunto que não pode faltar. Mas com o curso, além do conteúdo informativo, pudemos ver novas possibilidades de trabalhar, trocar ideias com outros professores que estão passando pela mesma situação, pelas mesmas dificuldades, e tudo isso ajuda”, afirma.
No caso de Marcia, que dá aula para crianças em fase de alfabetização, o uso de vídeos informativos e atividades lúdicas são indispensáveis. “No curso, tivemos mais informações sobre como utilizar a tecnologia em sala de aula. A tutora nos pediu vídeos, o que estimulou a pensar fora da caixa. Nós acabamos praticando o que podemos usar com os alunos”, complementa a professora.
Durante a capacitação, além da apresentação e uso de ferramentas digitais, os professores devem planejar uma aula com base no aprendizado adquirido. De acordo com a tutora Raquel Glitz, o formato do curso já é uma oportunidade de o professor conhecer e interagir em uma nova plataforma. “Nesse momento, é colocar o professor no lugar do aluno, para ele sentir a dificuldade que o aluno dele pode ter e entender melhor os desafios do dia a dia”, ressalta.
Inscrições para o concurso começam em outubro
Para fomentar a participação nas campanhas, o Sistema FAEP/SENAR-PR vai realizar um concurso para premiar as melhores iniciativas desenvolvidas pelos professores e alunos de escolas das redes pública e privada de todas as regiões do Paraná. Assim como o trabalho realizado com os materiais disponibilizados, o concurso será realizado inteiramente em formato remoto.
As inscrições acontecem a partir de 14 de setembro até 26 de outubro de 2020, no site do Sistema FAEP/SENAR-PR ( www.sistemafaep.org.br). Os resultados serão divulgados na segunda quinzena de novembro de 2020.
As categorias serão Desenho (1º ano), Redação (2º ao 9º ano) e Prática Pedagógica. No período de inscrições, o professor será o responsável por fazer o upload dos materiais dos alunos no site do Sistema FAEP/SENAR-PR. Na Prática Pedagógica, o docente terá que enviar um vídeo de até três minutos descrevendo as estratégias pedagógicas utilizadas para desenvolver os conteúdos com a turma. Nenhum trabalho deve ser enviado via Correios, somente pelo site da entidade.
O concurso da campanha “Agro pela água: Família Agrinho de mãos dadas com o meio ambiente” também será aberto aos alunos dos programas Jovem Agricultor Aprendiz (JAA) e Aprendizagem de Adolescentes e Jovens (AAJ), ambos do Sistema FAEP/SENAR-PR, na categoria Redação. Professores do ensino regular, da educação especial e instrutores do AAJ e JAA podem participar do concurso na categoria Prática Pedagógica. Os docentes terão que elaborar um vídeo de até três minutos mostrando as estratégias e os recursos utilizados para abordar o tema da campanha junto aos seus alunos.
Ao todo, serão mais de 400 prêmios para alunos e professores, como tablets, laptops e projetor multimídia. O regulamento completo do concurso para ambas as campanhas está disponível no site do Sistema FAEP/SENAR-PR.
Agrinho assume o posto de mascote das campanhas
Os personagens do Programa Agrinho já são velhos conhecidos dos paranaenses. Todos os anos, Agrinho e seus irmãos, Nando e Aninha, têm um encontro marcado com o programa, que, há 25 anos, vem ajudando a transformar a educação no Estado, promovendo uma atuação para além dos moldes tradicionais da sala de aula.
Com o cancelamento da edição deste ano, em virtude da pandemia do novo coronavírus, a família Agrinho está com uma missão diferente, porém não menos importante. O personagem é o mascote das duas campanhas do Sistema FAEP/SENAR-PR: “Prevenção contra a dengue: Agrinho de mãos dadas com a saúde” e “Agro pela água: Família Agrinho de mãos dadas com o meio ambiente”.
As ações promovidas pela entidade utilizam os personagens do Agrinho como porta-vozes, de forma que os milhares de alunos do Estado continuem sendo contemplados com a proposta educativa do programa.
Prevenção contra a dengue é tema de interesse nas escolas
Sabendo da importância da conscientização sobre os cuidados com a dengue, as professoras Narli Pereira Oliveira e Danieli Tavares Pigosso começaram a trabalhar o tema com os alunos antes mesmo da criação da campanha do Sistema FAEP/ SENAR-PR. Na Escola Municipal Luciane Almeida Liberal no município de Moreira Sales, na região Centro-Sul, ainda durante as aulas presenciais, a professora Narli deu início a uma série de atividades, como paródias, dobraduras e até fabricação de repelente caseiro. A iniciativa surgiu quando um dos alunos testou positivo para doença, o que causou preocupação entre os colegas.
Com a campanha, Narli pretende dar continuidade ao projeto, utilizando os materiais didáticos disponibilizados pelo Sistema FAEP/SENAR-PR nas aulas online. “O que fizemos até então foi muito produtivo, envolveu a família e vimos os alunos se conscientizarem bastante. Quero ver o que mais dá para ser trabalhado, o que podemos adaptar”, revela.
Para a professora Danieli, que trabalha na Escola Municipal Coronel Santiago Dantas na cidade de Chopinzinho, no Sudoeste do Estado, a ideia também surgiu a partir de uma preocupação comum. No caso, o alto índice de notificações da doença registrado no município. A iniciativa envolveu toda a escola, aproximadamente 270 alunos. Além do reforço nos conteúdos sobre a importância da prevenção, as atividades realizadas incluíram produção de vídeos, música, teatro e cartazes informativos.
“Todas as sextas-feiras, durante a solenidade do hino, a gente lembrava para que eles continuassem cuidando no final de semana, para que tirassem um tempinho junto com os pais para dar uma olhada em casa e ver se não tinha água parada no local. Ainda, que continuassem conversando com a família e vizinhos para ter os mesmos cuidados”, conta a professora.
O objetivo é retomar o trabalho, de forma remota, neste segundo semestre. Segundo Danieli, há estímulo e suporte de toda a equipe pedagógica, inclusive Secretaria Municipal de Educação, para dar continuidade às atividades e também implementar o material didático da campanha nas aulas. “Os relatos das famílias são positivos, de que os alunos cobram os pais para conferir o quintal, que querem conversar com os avós e vizinhos. É dessa forma que a gente planta a sementinha e depois colhe os frutos”, conclui.
Fonte e imagem: FAEP