Segunda-feira, 05 de março de 2018
O uso correto de agroquímico no Paraná esteve em debate por políticos e especialistas e representantes de entidades públicas e privadas em audiência pública, nesta terça-feira (27), no plenarinho da Assembleia Legislativa, em Curitiba. Na ocasião, a discussão caminhou para a necessidade de reforçar a capacitação e a assistência técnica no campo, principalmente junto aos pequenos produtores, além da maior fiscalização na comercialização e aplicação dos produtos.
O engenheiro agrônomo e consultor da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Guilherme Guimarães, utilizou o exemplo de países como Japão e Holanda, grandes consumidores de defensivos no mundo, para comprovar que o uso correto é o caminho para evitar problemas no próprio meio rural, ao meio ambiente e nas cidades próximas as lavouras. “O tripé capacitação, assistência técnica e fiscalização sustenta a boa aplicação. Essa é a base para o uso correto sem deriva [quando o produto passa para outra área]. Está aí a Holanda e o Japão para provarem. Por lá, a distância de aplicação é de apenas dois metros [de áreas urbanas]. Aqui, querem implantar 100 metros”, aponta.
Atualmente, no Brasil, existem cerca de 1 milhão de pulverizadores, que precisam ser manuseados de formas corretas. “Se a aplicação for feita com equipamentos regulados periodicamente e conforme exige a lei, não existe risco de deriva, de o produto sair para outras propriedades e/ou para cidades”, garante o coordenador do programa de fiscalização da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), João Miguel Tosato. “Precisamos ensinar aos produtores como seguir as boas práticas agrícolas, pois quando bem orientado, o agricultor cumpre as normas com rigor”, complementa José Otávio Menten, professor da Universidade de São Paulo (Usp), secretário de defesa do Meio Ambiente do município paulista de Piracicaba e consultor da FAEP.
Uma eventual restrição ao uso de agroquímicos, além das leis já existentes, poderia inviabilizar a produção de alimentos em parte significativa das pequenas propriedades do Paraná. “O não uso de tecnologias, como os defensivos que são desenvolvidos com muita ciência a partir de estudos rigorosos agronômicos, ambientais e toxicológicos, irá derrubar em até 50% a produtividade. Isso será um desastre social e econômico, pois irá gerar queda na renda, desemprego e pobreza”, destaca Menten. “Os produtos disponíveis no mercado, registrados pelo Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento] são de boa qualidade. Se existem problemas colaterais, está no seu uso. Voltamos para a necessidade do bom preparo dos produtores”, afirma.
Neste sentido, o SENAR-PR está contribuindo diretamente para capacitação dos agricultores. O curso ‘Aplicação de agrotóxico’, que faz parte do catálogo da entidade, é o mais procurado há anos. “Isto é reflexo da nossa constante preocupação com o bem-estar e segurança dos produtores e trabalhadores rurais, além da conservação do meio ambiente e cuidado com a sociedade”, diz o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.
Ainda, o consultor da Ocepar lembra que parte dos alimentos é produzida em pequenas propriedades. “Além dos produtores, os consumidores também serão punidos. Se tiver restrição, população irá sofrer no bolso”.
Pragas
O fato de o Brasil ser um país com clima tropical potencializa a ocorrências de pragas e doenças no campo. A ferrugem asiática, que ataca principalmente as lavouras de soja, não está presente em grandes produtores mundiais de oleaginosa, como Estados Unidos e China.
“As pragas agrícolas impedem que bons materiais vegetais produzam até 40% menos que seu potencial. Nos últimos anos evoluímos muito na área de tecnologia, tanto que o aumento da produção é em decorrência do aumento da produtividade. Precisamos recorrer a essa tecnologia, a partir do uso correto”, garante Menten.
Texto e fotos: Faep