Terça-feira, 02 de outubro de 2018
Garantir aos alunos de escolas estaduais alimentos de qualidade, seguros e nutritivos e, além disso, contribuir para o desenvolvimento local de forma sustentável. Esses são os objetivos do programa de compra de alimentos de agricultores familiares para compor a alimentação escolar. No Paraná, mais de 18.100 famílias de pequenos agricultores entregam atualmente produtos para a alimentação dos estudantes, por meio de associações e cooperativas.
O Paraná é destaque nacional no que se refere à valorização da agricultura familiar. Em 2017, o Estado recebeu o prêmio Boas Práticas de Agricultura Familiar no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “Somos referência neste quesito”, afirma a nutricionista do Programa de Alimentação Escolar do Fundepar, Andrea Bruginski.
O PNAE transfere recursos federais para o Estado para compra de produtos destinados à alimentação escolar. Há obrigatoriedade de que no mínimo 30% dos recursos sejam gastos com compra da agricultura familiar. O Paraná ampliou muito a compra de produtos deste segmento. Neste ano, destinará 80% dos recursos para comprar produtos da agricultura. Além disso, 26% dos alimentos são orgânicos. “Esse é o maior percentual que o Paraná destinará à agricultura familiar, desde 2010”, informa Andrea.
São frutas, verduras, legumes, raízes, tubérculos. Nesse sistema uma família detentora de terra tem a atividade agropecuária como principal fonte de renda. “Assim é possível gerar emprego e renda, fixar o homem no campo e valorizar a produção local. Isso funciona, já que a própria produção vendida nas escolas vai alimentar, inclusive, o filho do agricultor”, afirma o diretor.
O produtor Ivandro Gomes de Amorim, 33 anos, mora com sua família no assentamento. Ele é um dos agricultores que entrega para as escolas semanalmente e, destaca, a importância de políticas públicas para fortalecer as comunidades. “As famílias conseguem se organizar coletivamente, você sabe que vai conseguir receber pelo que produziu. Ficamos um ano sem participar do projeto e as escolas sentiram falta dos nossos alimentos, isso demonstra a aceitação”, diz.
A família do agricultor e os integrantes da cooperativa entregam semanalmente, entre outras unidades, na Escola Estadual José Marcondes Sobrinho, em Laranjeiras, onde estudam 349 alunos educação básica (fundamental e médio), nos turnos da manhã, tarde e noite. “A qualidade dos alimentos é muito boa, são frutas e verduras frescos que garantem uma alimentação completa e diversificada aos nossos alunos. Além disso, por se tratar dos agricultores daqui, podemos preservar a cultura alimentar da região”, afirma o diretor da escola.
COMUNIDADES TRADICIONAIS - A Associação dos Remanescentes de Quilombo do Bairro João Surá, de Adrianópolis, no Vale do Ribeira, é a primeira comunidade quilombola do Estado a participar da chamada pública para ofertar alimentos à alimentação escolar. Cerca de 50 famílias residem no local, sendo que 10 agricultores entregam semanalmente alimentos orgânicos para quatro escolas da região.
“Conseguir vender esses alimentos foi uma vitória para a nossa comunidade. Com o programa estamos conseguindo estruturar a produção, organizar transporte e fornecer os alimentos por um preço melhor”, ressalta a agricultora e coordenadora técnica da comunidade, Carla Fernanda Galvão, 23 anos.
Ela explica que os técnicos da Fundepar orientaram os produtores na elaboração do projeto, documentação e toda a parte burocrática exigida pelo PNAE. Carla destaca a importância do Estado para garantir e valorizar a produção e a economia nas comunidades. “É essencial que os projetos institucionais continuem, porque eles garantem a sobrevivência do pequeno agricultor, principalmente nas comunidades tradicionais”, afirma