Quinta-feira, 01 de novembro de 2018
Prezando pelo bem-estar animal, segurança e aplicando os conceitos de manejo racional, a Fazenda São José do Pântano, localizada no município de Nova Europa (SP), investiu na capacitação dos seus colaboradores e decidiu mudar a forma de fazer a vacinação contra febre aftosa no rebanho. Todos os animais são imunizados de forma individual no equipamento de contenção, dentro do curral.
A justificativa do produtor Eugênio do Val é simples, pois a iniciativa traz segurança para os funcionários e animais, além de ser mais efetiva. “A Fazenda tem funcionários antigos e tinha práticas antigas. Quando assumi a gestão, uma das maiores preocupações era o bem-estar de todos. Além disso, com o conhecimento adquirido sobre as boas práticas no manejo do gado, consegui mostrar para a equipe que também ganharíamos em qualidade da vacinação, tranquilidade para os animais, um ambiente mais sadio e, por consequência, melhor de se trabalhar e produzir”, explica.
Segundo o estudo feito pelo grupo ETCO, o tempo médio gasto para vacinação na contenção é menor que o gasto no brete (9,3 segundos contra 10,2 segundos por animal). No brete, as interrupções para socorrer acidentes, como levantar animais que caíram, acabam prolongando o tempo de trabalho. E, foi na prática que o produtor conseguiu mostrar aos colaboradores que a imunização individualizada seria mais efetiva e rápida.
“Com a prática e boa conversa, ouvindo e mostrando os ganhos, sim, consegui a adesão de todos e o nosso peão inclusive dispensou terceiros que antes eram chamados para ajudar. Não foi só tempo que ganhamos, mas o grande valor está no conjunto de todos os benefícios que a contenção traz”, ressalta.
O mês de novembro é o mês da segunda etapa de vacinação do rebanho bovino brasileiro contra a febre aftosa. Grande parte do sucesso da imunização dos animais está no manejo correto para a aplicação da vacina. A zootecnista Carla Ferrarini afirma que a escolha feita pela Fazenda São José do Pântano é a forma ideal para este período do ano em que os produtores, muitas vezes, encaram como um manejo aversivo.
Segundo ela, quando o animal é vacinado de forma individual, o manejo fica mais rápido, fácil e com menor estresse para o homem e para o animal. Outro aspecto é que a vacinação com o animal contido a laço ou no corredor diminui as chances de eficácia da vacina.
“A aplicação de vacina no brete coletivo colabora para o nervosismo do rebanho, de forma que muitos animais acabam pulando e pisoteando outros mais fracos. Quando isso ocorre, além de machucar o animal, o trabalho precisa ser incessantemente interrompido. Na contenção adequada, reduzimos as probabilidades dos animais subirem uns nos outros, deitarem, pularem e ainda temos a certeza que imunizamos de maneira correta, sem subdoses ou superdoses”, ressalta.
Outros riscos apontados pela especialista são ainda a quebra da agulha, perda de equipamentos e de doses, sangramento e refluxo da vacina por causa dos movimentos constantes dos animais. “São fatores que influenciam nos gastos finais com a vacinação e nas perdas no frigorífico por lesões vacinais causadas por aplicações incorretas”, completa.
“O manejo racional na vacinação proporciona ganhos em qualidade e produtividade para toda a cadeia. Além de garantir a sanidade do rebanho, chegam ao frigorífico animais com menores índices de perdas por conta da vacinação incorreta e, consequentemente, uma carne superior para o consumidor”, finaliza.