Quarta-feira, 20 de junho de 2018
A conferência anual (RT13) da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) ocorreu em Lille, nos dias 30 e 31 de maio, com 180 participantes - um novo recorde de participação. Em um ano que registrou um aumento de 30% do volume de soja responsável produzida sob o regime da RTRS, a conferência se concentrou em maneiras de aumentar a demanda global por soja responsável e em medidas para agregar mais requisitos sociais.
A conferência contou com duas palestras magnas: do renomado ambientalista Jonathon Porritt, MBE, e do Embaixador para o Meio Ambiente da França, Xavier Sticker. Ao concluir sua palestra, Porritt fez um apelo para que a RTRS trabalhasse em prol de um novo modelo de agricultura “regenerativa”, capaz de devolver mais para a sociedade e para o meio ambiente; Sticker foi veemente ao reiterar que os "países consumidores" devem fazer sua parte e os governos devem avançar na via legislativa.
As grandes inovações da RT13 incluíram a participação de representantes governamentais da França, Brasil e Paraguai; embora a conferência tenha ocorrido na Europa - atualmente o principal mercado de soja responsável RTRS - houve grande participação de representantes e produtores da Argentina, Brasil, Índia e África, regiões em que a RTRS vem buscando ampliar tanto a produção quanto a demanda. O evento contou com a participação de grandes produtores brasileiros de soja - incluindo produtores do Maranhão, Piauí, Tocantins, Goiás, Paraná e Mato Grosso e oito cooperativas que, juntas, representaram 11% da produção de do Brasil.
De acordo com Marina Engels, Presidente da RTRS: “Este ano, aumentamos nosso alcance mundial e sedimentamos a RTRS como o principal padrão de soja responsável. A RT13 foi palco de diversas conquistas, mas também de um novo desafio - de aumentar ainda mais o nosso impacto global em termos de produção responsável de soja na África e Ásia e também estimular uma maior demanda por soja certificada pela RTRS em todos os principais mercados mundiais”.
Segundo Marcelo Visconti, Diretor Executivo da RTRS: “As mudanças estão acontecendo muito rapidamente. Registramos um aumento de 30% na certificação RTRS este ano, bem como a primeira certificação de soja RTRS na África. O aumento da produção foi muito bem-vindo; porém, face ao aumento de apenas 8% da demanda por soja certificada no mesmo ano, o desafio mais urgente agora é ampliar a demanda. Esse deve ser o nosso foco coletivo a partir de agora”.
Durante a conferência, foi anunciada uma "Declaração de Apoio" dos signatários do Manifesto do Cerrado, visando coibir a continuidade do desmatamento da região do Cerrado no Brasil. Embora o Cerrado seja considerado uma das grandes áreas naturais do mundo, mais da metade de sua área original já foi destruída. A área contém cerca de 5% da biodiversidade mundial; quase metade das mais de 11.000 espécies de plantas do Cerrado não existe em nenhum outro lugar do planeta. O Cerrado também armazena o equivalente a 13,7 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2).
Houve também notícias sobre uma nova Plataforma de Comercialização de Soja Sustentável China-América do Sul (SSTP) e sobre os resultados do primeiro ano de um projeto em Moçambique (África) em apoio a 2.000 produtores de soja para aprimorar a produção de soja por meio de métodos agrícolas sustentáveis; com o programa, 223 agricultores certificados pela RTRS registraram um aumento médio da produção de soja da ordem de 1,2 a 1,5 toneladas / ha, entre outros resultados positivos. As duas iniciativas são promovidas - e foram anunciadas - pela Rede Solidaridad.
Muitas marcas e organizações de grande porte participaram da mesa redonda da RTRS, incluindo nomes de peso como o Ahold, Amaggi, Arla, Bayer, Lidl, The Nature Conservancy, Tesco, Unilever e WWF. A conferência também contou com a participação de várias cooperativas de produtores e organizações comerciais.
Marina Engels concluiu: “Esta foi a conferência anual mais holística que a RTRS já promoveu até hoje, tratando como iguais as questões ambientais, legais, econômicas e sociais que precisamos levar em conta para cumprir nossos compromissos internacionais - principalmente no que diz respeito ao desmatamento. A conferência foi palco de boas discussões, novas parcerias e ferramentas de transparência, que foram compartilhadas para ajudar-nos no processo de transformação.”