Quarta-feira, 01 de novembro de 2017
As culturas de inverno na região sul do Brasil possuem um papel importante na diversificação de produção e na rotação de cultura, dando fôlego ao solo, entre as safras de soja e milho. Por mais que ocorram frustrações de safra, de acordo com a Embrapa Trigo os benefícios diretos e indiretos do cultivo das principais culturas da estação, como trigo, cevada e aveia, ao longo dos anos, são maiores do que manter as áreas sem cultivo.
Clima e solo dão às condições favoráveis nos três estados da região sul do país. Além disso, as tecnologias vêm se reinventando cada vez mais para estas culturas, tentando oferecer ao produtor rural mais segurança e qualidade, gerando assim mais rentabilidade. Apesar de todo o potencial produtivo, os números são baixos. Segundo a Embrapa Trigo, dos cerca de 15,4 milhões de hectares cultivados com soja, milho e feijão no sul do Brasil, somente 2,4 milhões são cultivados no inverno com culturas produtoras de grãos.
São marcas que podem aumentar. Para exemplificar, um estudo recente da Embrapa, cita que a produção do trigo, principal cereal de inverno no país, somente no Centro-Oeste, novas fronteiras da cultura poderiam resultar em 24,9 milhões de toneladas do cereal, o que representa o dobro do volume atual do consumo interno. Fazendo com que o Brasil passasse de importador para exportador. Atualmente, a região sul representa 89% da produção brasileira de trigo.
Com este objetivo, de aumentar a quantidade e a qualidade dos cereais de inverno, anualmente é realizado o WinterShow, evento da Cooperativa Agrária e Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA). Neste ano, o evento foi realizado dos dias 17 a 19 de outubro, no distrito de Entre Rios, em Guarapuava.
Já consolidado e referência em difusão de informação, tecnologia e conhecimento, o WinterShow em mais uma edição ofertou aos visitantes palestras e visitação aos estandes de empresas, entidades e cooperativas ligadas ao setor.
“Diferente da maioria dos eventos que se tem no Brasil, focados nas culturas de verão, nós focamos nas culturas de inverno. O Wintershow traz informações novas de pesquisas oriundas da FAPA para cooperados, não cooperados, técnicos, estudantes, fornecedores, enfim, todos que fazem parte da cadeia do agronegócio. E ao mesmo tempo, reúne várias empresas, que repassam conhecimento, inovação e tecnologia. As palestras complementam tudo isso. Este ano, trouxemos temas diversificados, palestras motivacionais, de contexto político, econômico, apresentações técnicas, oferecendo uma difusão de conhecimento”, observou o presidente da Cooperativa Agrária, Jorge Karl.
Mais de 3.000 pessoas passaram pelos campos da FAPA durante os três dias de evento. "O público que vem até o Wintershow é de um nível mais apurado e busca informações inovadoras, que tragam resultados. Afinal, a agricultura é uma atividade dinâmica. Por esse motivo, está constantemente desafiada e precisa de novidades. Acreditamos que estamos cumprindo esse papel em cada edição”, disse Karl.
Confira o resumo da programação do Wintershow 2017:
O poder é seu – Aspectos subconscientes do sucesso
Rafael Baltresca – Hipnólogo
“Considero que automotivação é algo muito mais do que importante. Acho que é vital. Nem sempre temos do nosso lado uma pessoa amiga. Depender desse ser externo, que nos motiva, é um pouco cruel, porque há alguns momentos na vida em que estamos nós e Deus. Acredito que compreender como funciona nossa mente é mais do que essencial, é vital. E digo mais: muitas vezes, colocamos a responsabilidade no governo, em aspectos externos, no outro e nos esquecemos da nossa força, do que temos dentro de nós. Sou um defensor do protagonismo, de trazer para si a responsabilidade da mudança. Não importa se no aspecto comportamental, financeiro, amoroso, econômico, nós temos de trazer para nós a responsabilidade da mudança”.
Manejo de nutrientes para sistemas de produção de alta produtividades
Valter Casarin – IPNI Brasil
“A planta precisa manifestar o seu potencial produtivo. Mas até que ponto damos condições para ela expressar este potencial? Então, construir um perfil de solo é pensar no manejo do nutriente. No caso do fósforo, aplicá-lo em superfície é um tiro no pé, porque a planta vai ficar explorando camadas muito superficiais. E ali em cima já não tem nitrogênio, porque já desceu com a água de chuva. O potássio, parte dele pode estar indo embora. O boro também. O produtor tem de pensar em como está manejando os nutrientes para poder realmente resgatar da planta o máximo que ela pode estar produzindo. Ainda não se pensa muito no nutriente. Pensa-se muito mais no operacional e isso, às vezes, pode não ser o melhor caminho. Estes são detalhes extremamente importantes quando se quer buscar altas produtividades”.
Cenários e perspectivas políticas e econômicas
Willian Waack – Jornalista
“Os gastos sociais vêm subindo há mais de 30 anos, sem manter nenhuma relação com a capacidade da economia de sustentar gastos sociais. A crise é grave porque significa o fim de um consenso: que íamos fazer um Estado do Bem-Estar Social. Não é a corrupção a principal causa da nossa crise. Por mais que a gente lamente ter caído na mão de governos que foram irresponsáveis com as contas públicas, isso apenas acelerou o nosso encontro com a verdade. A verdade é: não temos uma economia capaz de financiar os gastos sociais aos quais nós brasileiros achamos que temos direito. Esta crise é, em primeiro lugar, uma crise fiscal. Chegamos a uma situação no Brasil em que não conseguiremos mais cuidar dos idosos e das crianças ao mesmo tempo. Em outras palavras, estamos ficando velhos sem termos ficado ricos”.
Tendências, Oportunidades e Desafios do Agronegócio
Alexandre Cattelan – Embrapa Soja
“Há uma intensificação do desenvolvimento da produção, mas é preciso levar sempre em consideração a questão da sustentabilidade, seja ambiental ou social. É necessário juntar essas duas questões e também aliar com a tecnologia, pois estamos tendo grandes mudanças. Citei durante a palestra a biotecnologia, a nanotecnologia, a evolução da informática. Tudo isso já está no meio rural, não é algo que está longe. Por isso, temos que estar preparados para utilizar essas novas ferramentas e nos adaptarmos a essas mudanças, utilizando a nosso favor. Se não nos atualizarmos e não entendermos como funcionam essas ferramentas, podemos ser deixados para traz. Para isso acontecer, o produtor rural precisa buscar atualização e informação constantemente, como em qualquer profissão. A pesquisa nesta área é bastante intensa e acontece no âmbito mundial. Existem muitas empresas que fazem pesquisas e espalham para o mundo todo. Por essa razão, as mudanças acontecem com uma velocidade muito maior que aconteciam no passado. E o Brasil tem que estar integrado com isso”.
Mudança de Atitude
Leila Navarro – Medicina Comportamental
“A expectativa de vida do ser humano aumentou. Em 1900 vivíamos até 40/50 anos de idade e no século XXI nós vivemos até 90/100 anos de idade. E o que a gente vai fazer com tanta vida? Por isso no século XXI é importante que estejamos sempre inovando, renovando e se reinventando. Viver a vida da melhor maneira. Nós estamos mudando o mundo, criando um mundo novo em nossas mãos. O que é certo ou errado ninguém sabe. Mas não dá para parar a mudança. Além disso, nós estamos num mundo global. Devemos nos preocupar com tudo que está a nossa volta. E se não tivermos a consciência disso, de que devemos ir além da gente, não estamos entendendo o que é viver neste século. Não existe mais planejamento estratégico, existe atitude estratégica, temos que estar abertos sempre a novas ideias, novas maneiras de fazer. Isso não é mais opção, é obrigação de cada um. E acredito que devemos nos motivar sempre pra viver nesse novo mundo. Não temos tempo mais para reclamar, não existem mais fins, existem novos começos, novas oportunidades. E temos que estar sempre motivados para enxergar esses novos caminhos. E o homem motiva o outro se motivando, não acredito que exista motivação e sim automotivação”.
O segredo do sucesso está na velocidade: mude sua vida em 10 segundos
Robson Caetano – ex-velocista
“O Robson Caetano antes da fama era normal, como continua até hoje. Sempre fui um cara alegre, espontâneo e para cima, com umas pegadas meio ácidas para brincar e poder levar a vida de uma maneira alto astral. E hoje mais para 60 do que para 50, posso dizer que eu me dou o direito de fazer tudo que eu posso. O que me levou ao atletismo foi o desejo de vencer na vida. O atletismo me proporcionou fazer um esporte, ir pra escola, terminar a faculdade, junto com a minha família. Acredito que são elementos básicos para que você possa ser uma pessoa de sucesso e eu tive isso. Hoje eu reflito nas palestras que 10 segundos muda tudo. Quando você acorda, se contar 10 segundos, você dá aquela espreguiçada e atitude positiva. Se você está no trânsito e alguém te dá uma fechada, você conta 10 segundos e a sensação ruim já vai mudar. Se alguém faz alguma maldade contigo, conta até 10 e você vai encontrar um caminho pra dialogar com aquela pessoa. E se você estiver errado, em 10 segundos você pode corrigir. Eu uso isso como lema da minha, porque 10 segundos são emblemáticos para mim. Sou recordista brasileiro e sul americano dos 100 metros com 10 segundos. Foram estes 10 segundos que mudaram a minha vida e me transformaram de um cara desconhecido, num cara que ganhou do Carl Lewis e do Ben Johnson. Hoje, não uso mais a velocidade como segredo do sucesso, hoje eu uso o tempo. A velocidade é boa para as pessoas que possuem até 25 anos. A partir daí, é preciso usar o tempo. E usar o tempo a seu favor é fundamental”.
Sindicato Rural completou 50 anos
O Sindicato Rural de Guarapuava completou meio século de existência no dia 18 de outubro. Em seu estande no WinterShow, a diretoria e colaboradores receberam sócios e parceiros, com direito a bolo, parabéns e sorteios de cestas.
Nova carteirinha do Sindicato Rural
Além de ser um ponto de encontro de produtores rurais no WinterShow 2017, o Sindicato Rural de Guarapuava, em seu estande no evento, aproveitou o momento para distribuir a seus associados a nova carteirinha da entidade, lançada em agosto deste ano. Vários foram os que retiraram o documento no local. Confeccionado em material plástico, sem foto, este modelo traz dados do sócio e um QR Code. Mas quem ainda não tem o documento pode obtê-lo no sindicato – na sede e nas extensões de base de Candói e Cantagalo. A partir de agora, nos eventos promovidos pelo sindicato, os produtores rurais associados poderão, apresentando a nova carteirinha, registrar presença e ter acesso gratuitamente (Para outras informações: (42) 3623 1115).