Quarta-feira, 27 de junho de 2018
O Sistema Faep/Senar realizou durante os meses de maio e junho, o 2º Seminário Regional de Formação de Professores do Agrinho em 15 cidades de diversas regiões do Paraná. O evento ofereceu aos professores palestras com profissionais da área de educação do Brasil e de outros países, com ampla experiência na área, objetivando promover a formação continuada de professores e propiciar o acesso às bases teóricas propostas pelo programa.
“Por mais que o Agrinho esteja há 22 anos no Paraná, não são todos os professores que conhecem a metodologia de trabalho e outros até trabalham com a metodologia do programa, mas não sabem que isso é trabalhar com o programa Agrinho. Então, a ideia dos seminários é mostrar aos professores como este programa pode ser usado em salas de aulas e levar informações de outras metodologias ativas que podem ser utilizadas nas escolas”, detalhou a pedagoga do SENAR-PR, Josimeri Grein.
O seminário em Guarapuava foi realizado no dia 24 de maio, com a presença de mais de 350 pessoas dos municípios de Nova Laranjeiras, Marquinho, Rio Bonito do Iguaçu, Virmond, Cantagalo, Candói, Foz do Jordão, Reserva do Iguaçu, Pinhão, Quedas do Iguaçu, Espigão Alto do Iguaçu, Laranjeiras do Sul, Porto Barreiro, Bituruna, General Carneiro, Campina do Simão, Turvo e Guarapuava.
O supervisor regional do Senar, Aparecido Ademir Grosse avaliou o evento. “O Seminário Agrinho em Guarapuava foi muito positivo. Mesmo com a greve dos caminhoneiros acontecendo, tivemos uma ótima adesão dos professores dos municípios da região e de Guarapuava. Foi um dia de bastante aprendizado para os professores tanto do Programa Agrinho, como ele funciona e é aplicado, como de reflexão sobre a evolução da educação com profissionais renomadas da área”.
O presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Botelho, também prestigiou o evento. Acolhendo os participantes, ele destacou a importância do programa. “O Sistema Faep/Senar tem grande apreço e carinho pelo Programa Agrinho, que tem desenvolvido, principalmente nas cidades do interior, a capacitação, a vontade do aprender e o aluno descobrir a importância de ser produtivo e proativo”.
Confira o resumo da programação do seminário em Guarapuava:
Educar e aprender nas escolas: Modos de organização do trabalho pedagógico
Ariana Cosme – doutora em Ciências da Educação e professora da Universidade do Porto (Portugal)
“Educar e aprender na escola no século 21 não é a mesma coisa do século 20. É um tempo em que a escola não deveria ser um espaço de instrução e sim um espaço de educação. De educação integral, de educação ampla, cultural, artística e, sobretudo de formação ética. O trabalho dos professores altera. Deve ser um trabalho na escola centrado nos alunos. São eles os protagonistas e autores da aprendizagem. A escola tem que se organizar para que esses alunos participem ativamente no dia-dia da aprendizagem. Significa mudar um paradigma, uma paradigma de instrução, de comunicação, da relação com a aprendizagem. Os professores terão que ter uma formação contínua com as exigências do século 21, encontrando metodologias e ferramentas didáticas coerentes com esse tempo. O Agrinho é uma dessas ferramentas. É um programa maravilhoso, muito desafiante que espera atender a escola nesta linha de trabalho em que os alunos estão no centro da aprendizagem. Ele está pensado para o aluno que constrói a aprendizagem, com o apoio dos materiais e do professor. O programa tem também materiais de formação do professor, pois nesse novo modelo ele também tem que ser responsável pela sua auto formação”.
Escola: em busca de uma nova cultura de aprendizagem
Lúcia Amante – doutora em Ciências da Educação e professora da Universidade Aberta (UAB)
“O que eu procurei levar nos seminários foi a necessidade que existe de mudarmos a escola. Porque esta escola foi uma escola cujo modelo foi criado na era industrial para dar resposta às necessidades da era industrial, que são naturalmente muito diferentes da nossa sociedade atual, uma sociedade em que temos tido uma evolução tecnológica enorme, em que as tecnologias mudaram muita coisa no nosso dia-dia. Portanto, a escola tem que acompanhar essas mudanças. Tem que se renovar e reconstruir para que não perca o sentido, porque deixou de ser o único lugar em que se adquire o conhecimento. O conhecimento está muito acessível em outros contextos e outras formas. A escola tem um papel muito importante, não só como transmissora do conhecimento e de conteúdos, mas como uma instituição que organiza, que orienta, ajuda a pensar mais além e uma outra lógica que responde ao desenvolvimento de competências de outra natureza, da autonomia, do pensamento crítico, da colaboração, da resolução de problemas. É uma escola centrada em processos cognitivos superiores e não em processos cognitivos básicos como era a escola da era industrial. Além da mudança pedagógica da aprendizagem, é importante acompanhá-la numa nova perspectiva na avaliação da aprendizagem porque você mudar a forma como você ensina, como você trabalha, mas continuar avaliando da forma tradicional, da maneira que já avaliava, procurando que tudo seja expresso numa prova, num momento pré-determinado, é contraditório com a mudança de uma pedagogia que se centra no processo, na construção, na criação, na reflexão. É preciso avaliar para aprender. Uma avaliação que acompanha o processo de aprendizagem e que se integra nesse processo e não acontece somente no final”.
Pedagogias de projeto para uma sala de aula interativa
Edméa Oliveira dos Santos – pós-doutora em e-learning e EaD e professora da Faculdade de Educação da UERJ
“A minha intervenção nos seminários tem o objetivo de sintetizar e sistematizar toda discussão do dia. Nós estamos no Programa Agrinho com o que há de mais inovador em pedagogia. Trabalhamos com sala de aula interativa, pedagogia, paradigma da comunicação e práticas interdisciplinares e o que faz esta discussão teórica ganhar vida dentro do Agrinho é a metodologia de trabalho por projetos de aprendizagem nas escolas. Tudo isso que eu acabei de falar não pode ser tratado fora do paradigma da cibercultura, que é a cultura contemporânea mediada por tecnologias digitais em rede. As tecnologias digitais em rede estão para nossa sociedade como as máquinas de automação estiveram para a sociedade industrial. Então todos nós vivemos na cibercultura, inclusive os professores. Todo eles são sujeitos culturais, inclusive lançam mão de seus dispositivos móveis, como celulares, para produzir conteúdos, práticas de comunicação, de autoria, de politica, de ativismo. Então eu não considero professores seres de outro planeta, eles são praticantes culturais. O nosso trabalho é exatamente convidá-los a incorporação daquilo que eles já vivem em sociedade para suas práticas de trabalho nas escolas. A educação online, como eu prefiro chamar, também é contemplada no Programa Agrinho, uma vez que todos os materiais estão disponíveis na internet e além dessa formação presencial que geralmente o Agrinho proporciona uma vez por ano pelo menos, nós disponibilizamos todo o material de estudo pedagógico e específico para educação ambiental na Internet”.