Quarta-feira, 13 de setembro de 2017
Por Cesar Augusto Figueiredo e Roberto Risolia, da Stoller Brasil.
A sustentabilidade já é realidade nos mais variados setores, sejam eles relacionados com eletrônicos, vestuário, alimentação, construção civil, serviços, etc. O rótulo de “sustentável” é buscado por praticamente todas as instituições, sejam elas públicas ou privadas, pois, além de dar longevidade aos recursos, garante uma melhora significativa da sua imagem perante seus clientes, fornecedores e, principalmente, frente a sociedade.
Não é incomum encontrar dentro das companhias departamentos que são inteiramente focados no tema, sendo responsáveis pela gestão da sustentabilidade, trazendo conceitos, estabelecendo indicadores e metas. Isso é positivo por que direciona processos, comportamentos e atitudes que guiam a sociedade.
Hoje, podemos dizer que isso não é diferente na agropecuária. Produtores, fornecedores de insumos e indústria em geral têm passado por um processo bastante intensivo de conscientização sobre a importância de produzir de forma sustentável, preocupados em garantir o uso eficiente de recursos naturais, de técnicas que não agridam o meio ambiente e que sejam sustentáveis nos três âmbitos do termo: ambientalmente correto, economicamente viável e socialmente justo. Este é um dos pilares da segurança alimentar.
O setor tem muito a evoluir neste aspecto. Buscar uma produção sustentável é aumentar a eficiência, usando de forma cada vez mais racional os recursos naturais como solo e água e, de forma inteligente, os insumos, como fertilizantes e defensivos. De forma geral, tudo passa pela adoção crescente de conhecimento e tecnologia no sistema de produção.
A agricultura tem experimentado nas últimas décadas o uso crescente de tecnologias que contribuem para a eficiência do processo produtivo. Fertilizantes especiais que forneçam os nutrientes no momento exato que a planta necessita; defensivos biológicos que controlam pragas e doenças de plantas usando seus inimigos naturais; equipamentos modernos que garantem distribuição perfeita de sementes e fertilizantes com menor gasto de energia; além do melhoramento genético de plantas que tem disponibilizado materiais com potenciais produtivos crescentes, auxiliando na busca por aumento de produtividade.
Na pecuária, o desafio é grande. Em função da história e do perfil produtivo em que a pecuária brasileira se estabeleceu no passado (grandes áreas para exploração das pastagens, animais sem uma boa genética, por exemplo) fez com que a produção continuasse mesmo sem nenhum ou com baixíssimo emprego de tecnologia. Porém, nos últimos anos, isso tem mudado. A pressão da agricultura pelo aumento da área de produção, a impossibilidade de abertura de novas áreas e a demanda crescente por produtos de origem animal têm pressionado a pecuária a buscar uma maior eficiência. E o uso de tecnologia é a chave para isso. E do ponto de vista do produtor, pode ser encarado como a oportunidade de otimizar o custo de produção. Investir em conhecimento é primordial para o bom uso de técnicas que permitam melhorar a produção, como a eficiência de uso das pastagens e o bom uso de insumos (como adubação de pastagens, divisão de pastos e lotação rotativa, irrigação de pastagem, suplementação, inseminação artificial em tempo fixo, etc.). Isso permite reduzir o custo da arroba produzida, produzir carne e leite de melhor qualidade e ainda valorizar a propriedade.
O Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) tem assumido um papel importantíssimo no setor, tendo a capacidade, nesses últimos 10 anos, de reunir todos os elos do sistema de produção da pecuária, desde produtores, fornecedores de insumos e serviços, instituições financeiras, passando pela indústria de frigoríficos e chegando até o varejo e restaurantes. Isso cria um círculo virtuoso para adoção tecnológica de uma forma geral.
Dessa forma, o GTPS tem intermediado discussões e ações que visam a conscientização de todos que participam diretamente da produção pecuária brasileira, direcionando de forma efetiva o uso racional dos recursos ambientais, o uso de tecnologias e o conhecimento na busca por práticas que contribuam com o fornecimento de produtos e alimentos de qualidade para a demanda crescente de todo o mundo.
O GTPS, que completa 10 anos de atuação em 2017, está promovendo o desenvolvimento de uma série de artigos para mostrar o atual cenário da pecuária brasileira, o que mudou na atividade nos últimos dez anos e qual a influência do GTPS nestas mudanças. Acompanhe!
Sobre o GTPS
O Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) é a primeira mesa redonda mundial sobre práticas sustentáveis na cadeia da carne bovina e referência para países como Argentina, Uruguai, México e Austrália. É formado por representantes de diferentes segmentos que integram a cadeia de valor da pecuária bovina no Brasil, entre eles indústrias, organizações do setor, produtores e associações, varejistas, fornecedores de insumos, bancos, organizações da sociedade civil, centros de pesquisa e universidades. O objetivo do GT é debater e formular, de maneira transparente, princípios, práticas e padrões comuns a serem adotados pelo setor, que contribuam para o desenvolvimento sustentável da atividade pecuária, trazendo mecanismos para que ela seja socialmente justa, ambientalmente correta e economicamente viável.
Imagem ilustrativa: bovinocultura no centro-oeste do PR
Foto: Sindicato Rural de Guarapuava/Arquivo