Quarta-feira, 10 de julho de 2019
O presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da FAEP, Ronei Volpi, foi indicado para presidir a Câmara Setorial do Leite e Derivados, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Um dos principais órgãos do setor, o colegiado tem por objetivo desenvolver ações e ajudar o Ministério na formulação de políticas públicas que fortaleçam a atividade. Se a indicação for referendada pela ministra da Agricultura Tereza Cristina, Volpi será o primeiro representante da região Sul a presidir a câmara.
O nome de Volpi foi indicado e aprovado por unanimidade pelo próprio setor, durante a reunião da Câmara Setorial, em 2 de julho. A nomeação unânime rompe uma dupla tradição: em primeiro lugar, porque o colegiado tinha por praxe estabelecer uma lista tríplice, a partir da qual o Mapa escolhia o presidente; em segundo lugar, porque os últimos mandatos vinham sendo presididos por representantes de setor lácteo de Minas Gerais.
“Para o Paraná e para o Sul do Brasil, é um reconhecimento do trabalho que estamos fazendo há pelo menos 20 anos, com a criação do Conseleite, com a organização da cadeia produtiva, criação da Aliança Láctea, com o Sul se tornando a principal região produtora do país” diz Volpi. “Para mim, será uma honra presidir [a Câmara] e assessorar o Ministério na formatação de políticas e prioridades para o setor”, completa.
Desafio
De cara, Volpi vislumbra dois desafios. O primeiro deles é a implementação das Instruções Normativas (INs) 76 e 77 do Mapa, que estabelecem critérios para produção e captação de leite cru, pasteurizado e tipo A. Na avaliação do líder do setor, essas normativas vão exigir uma grande organização do segmento, mas podem implicar em avanços a partir do momento em que produtores e indústrias se estruturarem para cumpri-las.
“Essas INs vão demandar uma adequação muito grande tanto dos produtores, quanto das indústrias, em todo o processo. É uma das grandes prioridades do setor para os próximos três anos, na busca de um leite de qualidade e competitividade, que nos dê condições de participarmos de um mercado global”, avalia.
Outro ponto apontado como crucial é a posição do setor diante do recém-anunciado acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE) (leia mais na página XX). Por um lado, o produtor brasileiro de lácteos pode sofrer com a concorrência de exportadores europeus, que têm uma tradição secular na produção de leites e derivados. Por outro lado, Volpi considera que o acordo pode trazer oportunidades, já que as maiores indústrias lácteas europeias mantêm filiais no Brasil.
“Com as INs e com o acordo com a UE, o setor lácteo chega à hora da verdade. Temos uma ameaças e precisamos estarmos preparados para competir de igual para igual, porque o acordo deve facilitar a entrada de lácteos europeus. Por outro lado, o fato de as indústrias já estarem aqui nos abre uma oportunidade, que precisamos trabalhar com competência e harmonia”, apontou.
Atuação
Volpi é formado em medicina veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e tem um currículo que fala por si. Dedicou a maior parte de sua vida profissional à questão da sanidade agropecuária e, hoje, é diretor executivo do Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária da Agropecuária do Paraná (Fundepec). Participou da implantação da campanha contra a febre aftosa no Paraná. “Espero encerrar esse ciclo, celebrando a conquista do novo status, de área livre de aftosa sem vacinação”, afirma.
Três décadas atrás, Volpi começou na atividade leiteira, tornando-se gerente de lácteos da Cooperativa Agroindustrial Witmarsum e iniciando sua própria produção de leite – com gado holandês puro. Como líder do setor, Volpi foi um dos idealizadores do Conselho Paritário de Produtores/Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite-PR) – primeiro colegiado deste tipo no país e que trouxe mais transparência à cadeia produtiva do Estado. O líder também esteve à frente da criação da Aliança Láctea Sul-Brasileira, que congrega representantes dos três Estados da região.
Além disso, Volpi foi superintendente do SENAR-PR por 18 anos. Foi em sua gestão que nasceram iniciativas importantes ao desenvolvimento do agronegócio e de capacitação do produtor, como os programas Empreendedor Rural (PER), Agrinho e Mulher Atual.