Quinta-feira, 22 de março de 2018
Pouco mais de uma semana depois de o governo federal ter comemorado o pequeno crescimento da economia brasileira em 2017, de apenas 1% na comparação com 2016, o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) surpreendeu alguns setores ao divulgar o desempenho econômico do estado. Pelos números do Instituto, o Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná cresceu 2,5% no ano passado, mas que o dobro da média nacional.
Considerando a “época de vacas magras”, em que o estado vinha de uma queda de 3,4% em 2015 e 2,3% em 2016, a taxa de expansão trouxe ânimo e está servindo para aumentar a confiança dos setores produtivos. Mas quando os números são analisados com detalhes, muitos economistas preferem colocar os “pés no chão” e não descartam solavancos na caminhada para um ciclo maior de crescimento.
A cautela se deve ao fato de que o PIB paranaense foi fortemente impactado pelo desempenho da cadeia do agronegócio, esse sim surpreendente, enquanto outros setores obtiveram resultados bem mais modestos. O setor primário, que compreende a agricultura e a pecuária, teve um salto de 11,5%.
“Em 2017 o Brasil teve um crescimento do setor agroexportador muito forte. Como no Paraná esse segmento tem um peso grande, o efeito acabou levando a um crescimento significativo do PIB. É um efeito setorial, essa é a primeira coisa a ser observada. Não podemos associar esse crescimento a políticas públicas”, avalia Marcelo Curado, professor de economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O economista José Pio Martins, reitor da Universidade Positivo, vai na mesma linha. Ele observa que o estado teve uma safra agrícola muito boa e o mesmo aconteceu com a pecuária, no setor de aves, o que possibilitou crescimento nas exportações desses produtos e, consequentemente, um impacto positivo no PIB.
“Como os preços internacionais das commodities não despencaram, a expansão de 2,5% do PIB do Paraná tem uma explicação técnica”, pontua Pio Martins ao fazer um alerta: “Você pode ter aumento da produção de um produto agrícola, mas ainda assim o PIB agrícola pode cair. Isso porque depende de preços. O inverso também é verdadeiro, ou seja, você pode ter baixa na produção e o PIB não sofrer queda por causa de um aumento de preços”.
Fonte: Gazeta do Povo.