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Segunda-feira, 04 de novembro de 2019

Agropec trouxe palestras, leilões e tradicionalismo

Em seu novo evento, Sociedade Rural Guarapuava valorizou informação técnica para produtores e a cultura tradicionalista da região

A Sociedade Rural Guarapuava (SRG) optou por uma guinada na realização de seu evento anual. Em lugar de promover a Expogua, em seu formato que reunia exposição agropecuária e lazer voltado ao público em geral, a entidade decidiu neste ano lançar a Agropec – Feira Agropecuária de Negócios, com ênfase em programação técnica voltada ao produtor rural. As novidades incluíram ainda uma nova época de realização: em vez do mês de agosto, a SRG realizou a feira em outubro, entre os dias 16 e 20. O evento contou com os patrocinadores Master, Cooperaliança e Faculdades Guarapuava, e com os apoiadores Master, Prefeitura de Guarapuava (Secretaria Municipal de Agricultura e Secretaria Municipal de Turismo) e Sindicato Rural de Guarapuava.

A Cooperaliança organizou o Espaço da Pecuária, no Pavilhão de Eventos do parque, onde promoveu dois dias de palestras técnicas abertas a todos os interessados. A Prefeitura levou ao Galpão Gastronômico os pratos vencedores do Festival Inverno Gastronômico, que o Município realizou em julho no Parque do Lago. Apoiador da feira, o Núcleo de Criadores de Cavalo Crioulo de Guarapuava (NCCCG) trouxe uma Credenciadora ao Freio de Ouro, entre outras atividades. Convidado, o grupo Tropeiros dos Campos de Guarapuava esteve presente com o Museu do Tropeiro.

Na manhã do dia 17, no Espaço da Pecuária, antes do início do 4º Ciclo de Palestras sobre bovinocultura de corte, realizaram abertura solene o presidente da SRG, Cláudio Marques Azevedo, e o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Jr., ao lado de outras autoridades, apoiadores do evento e lideranças rurais. “É um evento do qual estamos mudando o formato da nossa antiga Expogua para um evento mais técnico”, destacou Azevedo, que agradeceu ainda a todos os patrocinadores e apoiadores.

O secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, enalteceu o conceito da Agropec: “Quero dizer da satisfação de voltar a Guarapuava nesse novo momento, neste novo formato (do evento), que é na minha visão o que vai impulsionar ainda mais os negócios e todas as cadeias de proteínas”.

O prefeito de Guarapuava, Cesar Filho, destacou que o agro têm se voltado para eventos técnicos: “Quem tem a oportunidade de percorrer as feiras de agronegócio, Brasil afora, percebe que esta é uma tendência de todo o país. Cada dia mais, os eventos técnicos, que agregam conhecimento, são os que têm atraído público, patrocinadores e que estão dando certo”.

O governador também assinalou aquela tendência: “As feiras agropecuárias estão deixando de ser de entretenimento para ser mais técnicas. É assim que o Show Rural (Cascavel-PR) cresceu e passou a ser uma das maiores feiras do mundo. E não tenho dúvida de que aqui também, em Guarapuava, a Agropec vai se transformar numa das maiores feiras do Brasil, a médio prazo, como uma feira técnica”. Estiveram presentes também os deputados Cristina Silvestri e Artagão Jr, o vice-prefeito Itacir Vezzaro, o presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Botelho, entre outras lideranças da política e do setor rural.

À noite, ocorreu a abertura oficial da Agropec, reunindo também autoridades, organizadores e patrocinadores, ao lado de representantes da ADAPAR e da EMATER.

O presidente da Cooperaliança, Edio Sander, abriu os pronunciamentos com uma saudação: “Sejam bem-vindos ao Espaço da Pecuária dentro da Agropec. Realizamos hoje um ciclo de palestras, com a presença muito grande de cooperados, funcionários, estudantes e parceiros. Quero agradecer a presença de todos”.

O diretor-geral das Faculdades Guarapuava, Leonardo de Mattos Leão, ressaltou o formato da feira: “É um momento muito especial, de fechamento de um ciclo. Todo momento que marca a transição certamente nos traz um convite para uma nova caminhada”.

Representando o secretário Ortigara, o diretor-presidente da EMATER, Natalino Avance de Souza, também sublinhou o conceito do evento: “Queria parabenizar a ousadia de vocês, de fazer a transição de uma exposição agropecuária para um evento negocial. Quem não ousar fazer reposicionamento fica para trás”.

Superintendente estadual de Ciência e Tecnologia, Aldo Bona, representando o governador Ratinho Jr., enfocou a informação técnica: “Para fazer com que o nosso Estado cresça no rumo da sua vocação, é fundamental agregar toda a discussão do processo de produção do conhecimento. Faço este registro para enaltecer a importante tomada de decisão da Sociedade Rural de transformar a tradicional feira da Expogua em um evento de natureza técnica”.

O deputado Artagão Jr. também participou da abertura: “Fiz questão de voltar para demonstrar pessoalmente o nosso desejo de que este sucesso que está sendo marcado no dia de hoje, pelas presenças, pelas palestras, possa se estender por muito tempo. E que este novo formato possa ajudar nossa Guarapuava e a nossa região a continuar sendo uma referência no agronegócio”.

Vice-prefeito de Guarapuava, Itacir Vezzaro lembrou que desde o início manifestou apoio à SGR e elogiou o formato da feira: “É uma satisfação muito grande poder participar deste evento. Somos parceiros, porque é uma inovação. Tem que ter coragem para isso”. 

À frente da Sociedade Rural, Cláudio Marques Azevedo voltou a agradecer o apoio dos diretores da entidade e dos patrocinadores dos setores público e privado. “Quero agradecer à diretoria. Muito foi falado deste novo formato da nossa exposição. Juntos tomamos esta decisão, de fazer esta transformação, neste evento mais técnico, menos festivo, voltado para o setor”, declarou.

Depois da abertura, a Agropec prosseguiu no Galpão Gastronômico. O cardápio resgatou tradições como Arroz Carreteiro, Feijão Tropeiro e a típica Quirera Lapeana. No local, o produtor rural, tradicionalista e descendente de tropeiros, Ernani Lustosa, do grupo Tropeiros dos Campos de Guarapuava, apresentou ao público um resumo da história do tropeirismo. Na ocasião, ele conversou com a REVISTA DO PRODUTOR RURAL: “A Sociedade Rural está de parabéns por inovar. A Expogua teve seu tempo, deve ser relembrada com muito respeito, mas cedeu lugar à Agropec. E a Agropec, nota-se, está voltada diretamente ao produtor rural. Olhos no futuro, sem desgarrar o respeito ao passado. E assim vai o guarapuavano em frente”.

Dia 18, as palestras da Cooperaliança prosseguiram no Pavilhão de Eventos, com a 7ª edição da Ovinotec. Por volta de 15h30, no Galpão da Ovinocultura, a cooperativa promoveu o Café com Ovelhas e o Balcão de Negócios , com a venda de fêmeas (Île-de-France, Texel, Hampshire e Poll Dorset) e machos de criatórios de cabanhas convidadas.

À noite, o ponto alto da programação foi o Leilão do Cavalo Crioulo, no Recinto de Leilões Dário Silva Araújo.

No sábado, 19, teve lugar o Leilão Angus, com fêmeas PO, bezerros e novilhas. No domingo, 20, a comercialização de animais prosseguiu à tarde, com o tradicional Leilão de Gado Geral, trazendo cerca de 700 cabeças, entre bois, novilhas e vacas, e o Leilão Multi Raças, com touros das raças nelore, tabapuã, charolês, canchim, brangus e braford.

O último dia também foi o momento em que os crioulistas viveram as emoções finais das competições e a entrega de cerca de 40 troféus aos vencedores de diversas categorias. Presidente do NCCCG, Marcelo Cunha fez um balanço positivo das atividades, que contaram com crioulistas locais, do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul: “A gente viu que teve uma platéia muito grande. Tivemos a presença de ginetes famosos, que já ganharam o Freio de Ouro. Isso para nós é uma alegria e mostra que estamos com credibilidade. Vamos cada vez melhorar, para que a gente possa trazer mais eventos fortes”.

Para o presidente da SRG, a avaliação também foi positiva: “Tivemos a participação do NCCCG e a Credenciadora foi um sucesso. Na parte de exposição de animais, foi muito boa a qualidade. Na ovinocultura, foi boa a comercialização – e também nos leilões. A parceria com a Cooperaliança foi fundamental. As palestras tiveram 360 inscrições no primeiro dia e quase 200 no segundo. O Galpão Gastronômico também foi sucesso: buscamos valorizar pessoas daqui. A parceria com os tropeiros também foi fundamental, disse Azevedo. Ele divulgou ainda uma estimativa de público: “Circularam no parque em torno de 4,5 mil a 5 mil pessoas. Tudo isso se deu pelo apoio das empresas que acreditaram e viabilizaram a realização deste evento e dos expositores que acreditaram nessa nova proposta”. 

 

Palestras sobre pecuária (Cooperaliança) – Pavilhão de Eventos

Dia 17 – Bovinocultura de corte – 4º Ciclo de Palestras

E na cria, tem tecnologia? Uso de IAFT para aumento de rentabilidade.

Manoel Sá Filho – Médico veterinário, doutor em reprodução animal.

Gerente de Programas Especiais Corte da Alta Genetics.

“A pecuária hoje vive um momento de necessidade de aumento de produtividade. Mas este aumento de produtividade é muito atrelado a uma gestão financeira ajustada na fazenda. Com isso, o uso de tecnologias de forma racional, bem pontual dentro da fazenda, é importantíssimo”.

Nem só do touro vem o bezerro! A importância da genética da matriz.

Rodrigo Basso Dias – Zootecnista, MBA em Agronegócios.

Gerente Técnico da DeltaGen.

“Se a gente pensar que o material genético vindo do touro é acessível a todo mundo, o que diferencia do ponto de vista genético uma produção maior é de fato a fêmea. Sabendo que um bezerro é produto genético de metade da mãe e de metade do pai, se trabalharmos as fêmeas, vamos conseguir melhorar aquilo que a gente produz”.

O olho do dono é que engorda o gado. E a vaca? Foco no manejo para maior eficiência na cria (E também: Confinamento não faz milagre! Estratégias nutricionais na recria)

Gustavo Rezende Siqueira – Zootecnista, doutor em zootecnia, pesquisador científico na APTA e professor da FCAV-UNESP.

“Hoje temos a oportunidade de ver muitas propriedades, pequenas, médias e grandes que têm uma gestão fantástica. Você não precisa ter o melhor programa. Precisa ter vontade e começar a fazer. É isso que a gente tem que fazer para chegar lá. E aí todas as tecnologias, elas vêm para atender a estes objetivos. E não o contrário”.

Bons ventos para o ciclo pecuário: o que esperar do mercado em 2020? (E também: Não se engane com a ponta do iceberg! Práticas de manejo em confinamento, explorando a máxima eficiência).

Hugo Resende da Cunha – Médico veterinário, gerente técnico nacional de Confinamento da Tortuga DSM.

“As perspectivas são positivas. A gente passou aquela fase mais complicada (da economia nacional). Temos um mercado que está em crescimento, uma valorização de arroba e um ponto extremamente positivo: o mercado futuro já sinaliza a arroba acima de R$ 180 para outubro de 2020”.

Formando um time campeão. Gestão da equipe pecuária.

Lucas Oliveira – Engenheiro agrônomo, gerente técnico nacional de Bovinos de Corte da Tortuga DSM

“Existem quatro passos principais para termos um time campeão: atrair boas pessoas, selecionar – tenho de entrevistar pelo menos três pessoas; não só a pessoa, mas a família –, capacitar, dar oportunidade do colaborador buscar conhecimento, e por último reter os talentos”.

O que os olhos não vêem, mas o bolso sente. O que pode ser medido e acompanhado no dia a dia do trato

Paulo Marcelo Dias – Zooctecnista, mestre em produção animal, CEO e sócio-fundador da GA – Gestão Agropecuária

“É possível medir tudo. É óbvio que tem coisas que não se relacionam com o lucro. Então, por que medir? A gente tem muitas variáveis correlacionadas com um objetivo só. O consumo de matéria seca prediz praticamente mais de 80% de qualquer previsão de custo”.

Dia 18 – Ovinocultura de corte – 7ª Ovinotec

 “O produtor (de ovinos) tem suas habilidades. Cada propriedade tem as suas particularidades. Assim como na bovinocultura existem produtores somente de bezerros e terminadores de bezerros. A produção de cordeiros está partindo para isso. Vejo isso de forma positiva” – Adriane A. Azevedo, vice-pres. da Cooperaliança (Projeto Ovinos).

Nutrição: como fazer o planejamento anual

Cledson Garcia – Zootecnista, professor na Universidade de Marília (SP), responsável técnico pelo setor de Ovinocultura, instrutor do SENAR e colunista do site Farm Point.

“Ovelhas, na fase final de gestação, têm um crescimento fetal da ordem de 70% a 80%, e aí aumenta a exigência nutricional. Temos que ter silagem, ração concentrada para suplementar. No pós-parto, também temos que dar uma continuidade neste manejo, porque a ovelha aumenta a exigência em até 30% a 50% a mais”.

Biotecnologias da reprodução na ovinocultura

Carla Friedrichsen Moya Araújo – Médica veterinária, professora doutora na UNICENTRO, com experiência na área de reprodução animal e clínica médica com ênfase em obstetrícia, ginecologia e andrologia animal e biotecnologia da reprodução animal.

“As biotécnicas da reprodução são algumas técnicas que a gente usa para aumentar fertilidade e a prolificidade destas fêmeas. Principalmente para a espécie ovina, que tem esta estacionalidade marcada. Então, fazemos uso de hormônios e alguns protocolos nutricionais para favorecer esta ciclicidade no todo, para o produtor ter também uma maior rentabilidade”.

Seleção de animais por desempenho

Izaltino Cordeiro dos Santos – Médico veterinário, com experiência

na organização de exposições de ovinos, produção e manejo de cordeiros precoces e pesquisas de análise sensorial do cordeiro.

“Hoje, o momento é de a gente investir nesta qualidade, na seleção por desempenho, seleção de animais que sejam mais produtivos, mais efetivos nesta produção – e produção com qualidade, porque aí nós sustentamos a indústria e garantimos um consumidor com satisfação”.  

Prática de dimensionamento de plantel ovino nas propriedades

Luiz Gonzaga – Zootecnista, professor doutor na UNICENTRO, criador de ovinos de genética, consultor em gestão e produção animal e vegetal e inspetor técnico do Serviço de Registro Genealógico de Ovinos credenciado pela ARCO.

“Informação é tudo. Sem informação, não consigo saber se estou ganhando, se estou perdendo. Quando nós, a convite da Cooperaliança, trouxemos esta palestra, foi mais no sentido de provocar este pensamento nos produtores e nos investidores. É para que o produtor ou o investidor tenha um parâmetro para tomar decisão”.

 

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