Quinta-feira, 05 de abril de 2018
Com uma previsão de ampliação de 8% na área de trigo no Paraná, a safra 2017/2018 inicia com perspectivas mais positivas. O estado, que é o maior produtor de trigo do Brasil, já comercializou 94% da safra 2017 e deve semear, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, 1,048 milhão de hectares do cereal neste inverno. A estimativa é de uma produção de 3,314 milhões de toneladas, o que representa quase 50% de aumento em relação ao ano passado. A produtividade média deve subir 37%, chegando a 3.163 quilos por hectare.
Inserido neste cenário para a safra de trigo, aconteceu na última quarta-feira (4), em Campo Mourão, no Paraná, a 7ª edição do Seminário Técnico de Trigo. O evento, que reuniu cerca de 300 pessoas, entre produtores de sementes, multiplicadores, cerealistas, técnicos, moinhos e triticultores dos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Paraguai, trouxe especialistas para falar sobre diversos temas como o resultado do avanço em pesquisas realizadas para combater doenças de difícil controle; qualidade industrial na visão da cadeia produtiva; manejo de plantas daninhas no sistema de produção; a construção do perfil do solo e os impactos positivos que a produção do trigo pode trazer para o estado do Paraná. O seminário, promovido pela Biotrigo Genética, aconteceu na Associação dos Engenheiros Agrônomos da cidade.
Combate a doenças de difícil controle
Ensaios de campo instalados em quase 50 locais do Brasil ampliaram nos últimos anos a eficiência na seleção de cultivares do programa de melhoramento da Biotrigo e, especialmente, o desenvolvimento de cultivares com maior nível de resistência às principais doenças de trigo. Em sua palestra, o fitopatologista da Biotrigo, Paulo Kuhnem, apresentou o tema trazendo o status da pesquisa, especialmente no que se refere a bacteriose, Brusone, Giberela e vírus do mosaico. “Nós já fazíamos um excelente trabalho de seleção no campo e com isso os nossas cultivares elevaram o nível de resistência genética às principais doenças. Agora, com a implementação de protocolos e ampliação de experimentos em condições com maior pressão de doença, conseguimos suportar os dados de campo e fazer uma seleção mais rápida e eficiente”, ressalta. Atualmente a Biotrigo trabalha com 11 protocolos de ensaios em condições controladas para 8 doenças em seu programa de melhoramento genético de trigo.
Os trabalhos de pesquisa da Biotrigo, que são realizados em parceria com outras instituições do Brasil, EUA e Bolívia, vêm trazendo grandes resultados para toda a cadeia tritícola. Nas últimas duas safras, por exemplo, não houveram danos significativos de Brusone no Paraná. Os esforços para combater a doença na genética da planta são grandes já que, em poucos dias, uma lavoura aparentemente não infectada pode passar a 100% de perda em trigos suscetíveis. Segundo o diretor da Biotrigo, André Cunha Rosa, a resistência das cultivares perante a doença contribuiu para a sanidade das lavouras de trigo. Os produtores vêm utilizando, nos locais que ocorrem mais doenças, cultivares mais resistentes e isso tem dado bastante estabilidade nos últimos anos para as colheitas. Por isso a nossa prioridade no melhoramento tem sido melhorar ainda mais a resistência que já existe”, disse.
Estabilidade e resistência à Brusone
A cultivar lançada para multiplicação em 2019, TBIO Ponteiro, é mais um produto que vem compor o portfólio melhorando a estabilidade de produção. Conforme o Gerente Regional Norte da Biotrigo, Fernando Wagner, o TBIO Ponteiro é oriundo do cruzamento entre as cultivares Fuste (irmã de TBIO Sinuelo) cultivada em uma área importante na Argentina e TBIO Mestre. “A nova cultivar combina excelente vigor, ótima qualidade, características agrônomas de elevado rendimento e sanidade. É um trigo que vem para abrir a semeadura. Assim, aproveitamos o ciclo mais longo da cultivar para obter maior estabilidade da produção, sem atrasar em nada o plantio da soja”, explica. O TBIO Ponteiro aumenta a possibilidade de um escape à geada, traz maior segurança nas primeiras semeaduras para Brusone além de entregar um completo pacote fitossanitário para outras doenças de espiga e folha. É um trigo com vocação para a panificação o qual vem para atender 60% do mercado que trabalha neste segmento.
Preparação do solo para fortalecer o sistema produtivo
O professor de física e manejo do solo, Dr. Vilson Antonio Klein, falou sobre a importância do preparo do solo para o desenvolvimento das culturas e os problemas causados pela compactação. “Para que o triticultor tenha maiores produtividades é necessária uma preparação do solo antes da semeadura. É recomendado no mínimo uma camada de solo com até 20 cm sem limitações físicas, nem químicas ao desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Essas limitações, que são comuns nas áreas agrícolas, reduzem o acesso a água e nutrientes pelas plantas, deixando-as mais suscetíveis ao déficit hídrico, e a doenças, como o mosaico, no caso do trigo. Tais limitações prejudicam o desenvolvimento da planta e o seu rendimento”, disse. Uma das alternativas apontadas pelo especialista foi utilização de técnicas de descompactação mecânica aliada a incorporação de corretivos, como calcário, quando necessário.
Combate à pirataria
A Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem) também apresentou durante o evento a campanha "Tenha uma atitude legal: use sementes certificadas". Segundo o diretor executivo da Apasem, Clenio Debastiani, o objetivo é promover as sementes produzidas com qualidade, combater a comercialização das sementes piratas e, consequentemente, reduzir o prejuízo causado à economia agrícola além de retroalimentar a pesquisa em sementes, responsável por grande parte do avanço nas produtividades agrícolas.
Há dez anos contribuindo com o melhoramento genético
O Seminário Técnico de Trigo também celebrou o aniversário de 10 anos da Biotrigo Genética, completados no último dia 1º de abril. Como marco dessa história, a empresa chega à liderança do melhoramento genético do trigo na América Latina, com o portfólio de cultivares de trigo semeado em diversos estados do território brasileiro, em países do Mercosul (Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia) e, na América do Norte. Durante o evento foi realizada uma homenagem especial para os diretores e fundadores da empresa, André Cunha Rosa e Ottoni Rosa Filho. A Biotrigo está localizada em Passo Fundo/RS e possui uma filial, em Campo Mourão. Atualmente é líder na América Latina e no Brasil com aproximadamente 72% do market share brasileiro.
O Seminário Técnico de Trigo é uma realização da Biotrigo Genética, com apoio da Sementes Butiá e Bayer CropScience.
(Foto/Biotrigo - Divulgação)