Quarta-feira, 10 de outubro de 2018
Com a crescente demanda de alimentos e a descoberta de novas tecnologias, a produção de proteína animal tem ganhado cada vez mais atenção. A cada ano, os avanços genéticos têm proporcionado animais com maior competência na conversão alimentar (CA) e ganho de peso diário (GPD). Maximizar a eficiência alimentar, alcançar uma taxa de crescimento consistente, controlar e prevenir doenças são desafios comuns que podem ser difíceis de superar dentro do modelo padrão de produção animal. Portanto, para obter um resultado eficiente é preciso investir na saúde intestinal destes animais superprodutores.
A microbiota do intestino de um animal varia de acordo com as diferentes regiões do trato gastrointestinal. Não é estática mas dinâmica e sua variação é afetada também pela idade do animal, pela dieta, genótipo, sexo entre outros. Os Bacteroidetes e Firmicutes compoem aproximadamente 90% das bactérias benéficas de um monogástrico e estas por sua vez representam 97% de toda a microbiota. Aproximadamente 3% são representados por bactérias patogênicas. Os desafios das modernas práticas de produção podem restringir a diversidade da microbiota gastrointestinal, ou seja, pode em alguns casos resultar num desequilíbrio prejudicial e levar ao desenvolvimento de um ciclo vicioso de colonização e recolonização de patógenos.
A saúde intestinal e seu manejo são áreas complexas, coordenadas por vários fatores, incluindo nutrição, microbiologia, imunologia e fisiologia. O intestino é um órgão fundamental para o bom funcionamento do organismo pois, além de seu papel no sistema digestório e absorção de nutrientes também auxilia na imunidade e protege contra patógenos. Manter o equilíbrio da microbiota é importante para a saúde e qualquer alteração e desequilíbrio, como a disbiose intestinal que pode gerar consequências ruins para o organismo e resultar no maior risco de patologias.
Quando a saúde gastrointestinal é comprometida, a digestão e a absorção de nutrientes são afetadas, a conversão alimentar é reduzida e a suscetibilidade à doença é aumentada, resultando em um impacto econômico negativo. A diversidade do microbioma desempenha um papel crítico na saúde intestinal com microrganismos benéficos formando uma barreira protetora ao longo do intestino que impede o crescimento de bactérias como a Salmonella spp, Escherichia coli, entre outras.
A ingestão de ingredientes deteriorados, ração contaminada com patógenos ou o uso excessivo de antibióticos pode levar a disbiose intestinal, ou apenas disbiose, é um desequilíbrio entre as bactérias benéficas e patogênicas do intestino, que causa diversas alterações inflamatórias. A disbiose é resultado da absorção inadequada de nutrientes e causa aumento na produção de anticorpos pelo sistema imunológico. Desta forma, ocorre um quadro de inflamação no organismo, ocasionando diversos sintomas que prejudicam a saúde.
Óleos e gorduras são ingredientes muito utilizados como fonte concentrada de energia nas rações, isso permite a formulação de dietas de alta eficácia para animais em produção. A indústria de aves e suínos tem utilizado em larga escala subprodutos de abatedouros adicionados às rações, como óleos e farinhas de vísceras, que tem como principal vantagem o baixo custo e o alto conteúdo energético. A oxidação dos óleos e gorduras ou oxidação lipídica dos alimentos, além de comprometer as características sensoriais como o aroma, sabor, cor, e textura, produzem substâncias de comprovado efeito tóxico. A ingestão de produtos primários da deterioração oxidativa de ácidos graxos promove irritação da mucosa intestinal, diarreia, degeneração hepática e até a morte das células. A oxidação lipídica traz prejuízos nutricionais devido à perda parcial de vitaminas lipossolúveis como a vitamina E, A, K, entre outras. A vitamina E combina uma série de ativos chamados tocoferóis dos quais o α-tocoferol é o mais ativo biologicamente.
Os antioxidantes, segundo a United State Food and Drug Administration (U.S.F.D.A.), são definidos como substâncias empregadas para preservar alimentos e por retardar deteriorização, rancidez ou descoloração devido a oxidação, além de atuarem como inibidores de radicais livres, interferindo no mecanismo de autoxidação de lipídeos. O uso de antioxidantes na ração impede a oxidação dos óleos e vitaminas, garante a ingestão de um alimento seguro, auxilia na manutenção da saúde intestinal e consequentemente, garante que o animal explore todo o seu potencial.
A utilização de blends de antioxidantes e quelantes, que tenham efeito sinérgico, podem aumentar o poder antioxidante na ração, garantindo a ingestão de um alimento mais seguro. Blends que contenham agentes quelantes, como o ácido cítrico e seus sais e o EDTA, ajudam a retardar o processo de oxidação.
Para que os antioxidantes possam ser utilizados na alimentação animal, devem seguir as seguintes qualificações:
• Devem ser eficazes na conservação de gordura de origem animal e vegetal, vitaminas e outros alimentos que estão sujeitos à deterioração oxidativa;
• Não devem ser tóxicos ao homem e aos animais;
• Devem ser eficazes em baixas concentrações e economicamente viável;
• Devem ser seguro como aditivo alimentar;
• Devem ser resistentes à diferentes temperaturas (estabilidade nas condições de processo e armazenamento);
• Não devem alterar sabor, cor e aroma do alimento;
O antioxidante tem uma função eficaz na saúde intestinal dos animais. Saiba mais em www.camlinfs.com
Artigo escrito pelo gerente de Nutrição Animal da CFS na América do Sul, Marcone Silva