Segunda-feira, 29 de janeiro de 2018
Cresce a cada ano a vitrine tecnológica de fruticultura do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) no Show Rural, que acontece em Cascavel no período de 5 a 9 de fevereiro. Organizado pela Coopavel, o Show Rural está em sua 30ª edição. “Estamos reforçando esta unidade em resposta à crescente demanda de produtores de várias regiões do Estado, cada vez mais interessados em alternativas para otimizar o uso da propriedade e aumentar as opções para obtenção de renda”, explica o engenheiro-agrônomo Pedro Martins Auler, que coordena as pesquisas do Iapar na área.
Na seção dedicada aos citros, por exemplo, o produtor pode conhecer praticamente todas as cultivares indicadas para o Paraná. Os pesquisadores também divulgam informações sobre o huanglongbing (HLB), também conhecido como greening, doença que vem causando sérios prejuízos em pomares de frutas cítricas.
Outro destaque é a apresentação de um novo modelo de produção para o maracujá, uma estratégia para cultivo em áreas onde ocorre o vírus do endurecimento dos frutos, doença que já afeta os principais polos de produção de maracujá do Estado.
Maçã e ameixa são outras alternativas que o Iapar mostra na feira. As macieiras Eva e Julieta e as ameixeiras Reubennel, FLA-3 e FLA-8 estão em processo de avaliação na região Oeste. “São materiais de baixa exigência em frio, que podem vir a ser uma opção aos produtores”, acrescenta o pesquisador Clandio Medeiros da Silva. E as atrações na param aí. Para os interessados em produzir uva, o Iapar apresenta resultados de avaliações com a cultivar Isabel e demonstra três técnicas para condução dessas plantas - a espaldeira tradicional, espaldeira duplo descendente e o método da dupla cortina de gênova, ou GDC.
A técnica da espaldeira também é utilizada na exploração da amora-preta, presente no Show Rural com as cultivares Brazos, Comanche e Tupy.
Ainda na seção de fruticultura, o produtor poderá conhecer em detalhes a tecnologia de cultivo do abacaxi.
CAFÉ - O Iapar também dá ênfase à sua mais nova cultivar de café, IPR 106, que é resistente aos nematoides Meloidogyne incognita e Meloidogyne paranaensis. “São duas espécies que praticamente inviabilizam a atividade cafeeira em muitas regiões produtoras do Brasil”, explica o pesquisador e melhorista Gustavo Hiroshi Sera.
A nova cultivar tem plantas de porte médio, boa arquitetura e ramificação abundante. É indicada para regiões adequadas ao plantio de café arábica e onde a temperatura média anual fique entre 20ºC e 23ºC. Pode ser utilizada tanto para formar lavouras em plantios convencionais como no sistema adensado. O potencial produtivo passa de 50 sacas beneficiadas por hectare, segundo Sera.
O café IPR 106 tem ciclo tardio, o que permite fazer combinações com outras cultivares (de ciclo precoce, semiprecoce, médio e semitardio) disponíveis no mercado para viabilizar a colheita em etapas e, dessa forma, reduzir os custos com mão de obra e infraestrutura na propriedade e, ainda, obter maior quantidade de frutos maduros.
O grande percentual de grãos com peneira superior a 16 - característica valorizada pelo mercado, particularmente o segmento de cafés especiais - é outra característica que se destaca na cultivar IPR 106. Na mesa de degustação, tem aroma intenso, bom corpo, sabor adocicado e bom equilíbrio entre acidez e amargor. “É uma bebida que atende todos os requisitos internacionais", acrescenta o pesquisador.
CONSERVAÇÃO DO SOLO - São mostradas em detalhes tecnologias para aprimoramento do plantio direto e a rotação de cultivos com a utilização de adubos verdes e plantas de cobertura, práticas de eficiência comprovada no controle da erosão e na melhoria condição geral dos solos, que possibilitam ganho de produtividade nas lavouras e, consequentemente, no aumento da rentabilidade da propriedade.
A aplicação nas lavouras de dejetos de suínos e de cama de aviário, resíduos abundantes na região Oeste do Paraná, e a apresentação de opções de plantas para cobertura do solo e adubação verde são os destaques.
PURUNÃ - Na pecuária, o destaque é a raça Purunã, desenvolvida pelo Iapar em mais de 30 anos de cruzamentos envolvendo animais Charolês, Aberdeen Angus, Caracu e Canchim. O pesquisador José Luiz Moletta explica que o Purunã agrega os melhores atributos de cada raça formadora. Charolês contribuiu com a velocidade de ganho de peso, grande rendimento de carcaça e elevado porcentual de carnes nobres. Angus deu precocidade, tamanho adulto moderado e temperamento dócil, além de carne macia e com alta qualidade de marmoreio. Caracu e Canchim transmitiram rusticidade, tolerância ao calor e resistência aos parasitas.
As vacas Purunã ainda se destacam pela habilidade materna e boa produção de leite, características herdadas de Caracu e Angus.
MILHO - A cultivar IPR 127, de milho branco, e a variedade IPR 164 são apresentadas em duas épocas de plantio. Os dois materiais foram obtidos por métodos convencionais de melhoramento genético - ou seja, não são transgênicos.
IPR 127 é um híbrido simples, desenvolvido para produtores interessados no mercado de canjica, fubá, amido e farinha. Indicada para cultivo tanto nas duas safras, a cultivar tem ciclo precoce e boa tolerância ao acamamento e ao quebramento. Os grãos são do tipo duro, os preferidos desse segmento, e muito valorizados pelo alto rendimento na indústria.
Já o milho variedade IPR 164 é uma proposta do Iapar para a formação de lavouras com baixo uso de tecnologia ou para plantios de risco, quando as condições climáticas já não permitem aproveitar todo o potencial genético dos híbridos. É um material que se destaca pelas boas características agronômicas e a flexibilidade de semeadura, podendo ser utilizado na primeira e na segunda safra. É moderadamente resistente às principais doenças da cultura, tem boa tolerância ao acamamento e ao quebramento e produz espigas com excelente empalhamento. O baixo custo de sementes é uma vantagem adicional.
FEIJÃO - O Iapar tem reconhecidamente um dos principais programas de melhoramento do feijoeiro no Brasil, e suas cultivares são utilizadas em todas as regiões produtoras do país.No Show Rural, o produtor poderá conhecer opções do grupo comercial carioca, preto e especial. São materiais desenvolvidos para atender as exigências de todos os elos da cadeia produtiva - eficiência agronômica no campo, grãos de bom aspecto para o comércio, bom caldo e alto percentual de grãos inteiros no preparo e alto teor de proteína para o consumidor final.
AGROECOLOGIA - A vitrine tecnológica de agroecologia atende a crescente demanda de informações sobre a produção de alimentos orgânicos. “Estimamos que a unidade recebeu cerca de 65 mil visitantes no último Show Rural”, diz a pesquisadora Simone Grisa.
Ela explica que a área representa uma propriedade agrícola conduzida segundo os princípios e as práticas agroecológicas, que inclui a produção de grãos, frutas, hortaliças, plantas medicinais, sistema agroflorestal e silvipastoril. Também há demonstração de uma estufa de baixo custo, construída com bambu, e uma cisterna de ferrocimento.
O destaque este ano é a apresentação de diversas plantas alimentícias não convencionais, uma máquina adaptada para utilização na agricultura familiar, flores tropicais, hortaliças, cultivares de feijão, arroz, milho e amendoim e, na pecuária, a criação de ovinos.
Pluri-institucional, a unidade de agroecologia é conduzida pela Secretaria de Estado da Agricultura (por meio do Iapar, Emater e Centro Paranaense de Referência em Agroecologia), Embrapa, Coopavel, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Itaipu, Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundetec), Biolabore, Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa) e a empresa Gebana Produtos Orgânicos.
(Fonte e foto: Agência Estadual de Notícias/Governo do Paraná - Divulgação)