Quarta-feira, 01 de novembro de 2017
O Sindicato Rural de Guarapuava sediou a quarta edição do evento "Caminhos da Soja" no dia 29 de agosto, promovido pela Aprosoja Paraná, com o apoio da Aprosoja Brasil e patrocínio da Syngenta.
Mais de 200 pessoas assistiram às palestras sobre clima, doenças da soja, manejo consciente, política e economia brasileira. A apresentação do evento foi realizada pelo jornalista João Batista Olivi.
O presidente da Aprosoja (PR), José Sismeiro, comentou que neste ano o evento teve um foco diferente. “Não estamos discutindo apenas a parte técnica, pois o que também está nos preocupando é o cenário político que estamos vivendo no Brasil, que afeta diretamente o campo”. Ele complementou que o 'Caminhos da Soja' buscou conscientizar o produtor para que, diante da proximidade das eleições, procurem eleger representantes políticos que ajudem a melhorar a situação do agronegócio. “É necessário buscar pessoas, seja em âmbito nacional, estadual ou municipal, que possam defender a nossa classe. Precisamos de políticos que resolvam, da melhor maneira possível, os problemas de tributação, defensivos, questões trabalhistas. Precisamos de políticos que nos entendam”, ressaltou.
Atualmente, a Aprosoja está presente em 15 estados brasileiros e segundo, Sismeiro, a intenção da associação é “fazer uma politica agrícola que beneficie os produtores de soja e não uma politica que penalize o produtor. Por isso, estamos juntos com a Aprosoja Brasil, enfrentando muitos problemas e tentando resolver da melhor maneira. Um exemplo é o Funrural, onde estamos frequentemente em Brasília conversando com os políticos para tentar uma solução”.
Confira o que foi discutido sobre as questões técnicas ligadas a produção de soja:
Doenças da Soja e Manejo de Resistência
Lucas Navarini – professor e fitopatologista
“Busco separar as doenças pelo tipo de interação que elas têm com a planta, como doenças de solo, incluindo o mofo branco nesse grupo, doenças de muito difícil controle, inclusive o mofo branco foi muito expressivo aqui na região durante a safra passada; as manchas, que são um tipo de patógeno que sobrevivem no resto da cultura. Estamos plantando soja no mesmo lugar sempre, então, invariavelmente vamos ter esse tipo de doença; e, claro, a ferrugem, que é um dos maiores desafios fitossanitários do Brasil, não só pela dificuldade de manejar, pois é uma doença muito agressiva, muito rápida e produz muito dano, mas também pelo avanço que ela tem apresentado na resistência com os fungicidas. Quase 90% do controle da ferrugem no Brasil é com controle químico e a medida que usamos um novo mecanismo de ação, a doença vem apresentando resistência, não sendo efetivamente controlada e nos trazendo grandes dificuldades. O que sabemos é que o controle da ferrugem nesta próxima safra depende das misturas. Hoje, não tem mais como ter segurança de controle usando um produto isolado. É necessário misturar e ter um bom aditivo em quase todas as aplicações do ciclo da soja. É uma notícia que não é muito fácil de ser aceita pelos produtores, porque aumenta o custo, num cenário de um preço difícil de soja para os próximos dois anos. Mas se o produtor economizar no fungicida, o risco vai ser muito grande da ferrugem roubar grade parte da rentabilidade dele”.
Clima
Expedito Rebello - INMET Brasília
“Estamos com as águas mais frias do Pacífico Equatorial, isso quer dizer que vamos ter uma irregularidade muito grande nas chuvas, principalmente na região sul do Brasil. A expectativa é que tenhamos um início de plantio muito difícil, principalmente no Paraná, pois as chuvas serão abaixo da média. Essa situação começa a partir do meio de outubro. As chuvas só irão regularizar na região sul nos meses de novembro, dezembro e janeiro. Então, o agricultor deve ter muito cuidado no planejamento de curto, médio e longo prazo. E ficar atento com as previsões meteorológicas, principalmente de curto prazo”.
Programa Manejo Consciente
Adilson Silvestre Minikowski – Coord. Marketing Campo Syngenta
“O Manejo Consciente é um programa que a Syngenta criou em 2016, em parceria com instituições de ensino e a Embrapa, que buscam algumas práticas agrícolas visando um melhor controle nas doenças da soja. Algumas dessas práticas são: o uso correto dos defensivos agrícolas; as aplicações devem ser preventivas; utilizar os produtos sempre da maneira correta, seguindo as indicações de bula; o intervalo entre as aplicações devem ser de, no máximo, 14 dias; utilizar outros meios que podem ajudar no controle das doenças, não só os produtos, mas, por exemplo, variedades que sejam resistentes; e a tecnologia da aplicação, que é muito importante. Hoje, o produtor utiliza produtos com custos elevados, e se ele não usar corretamente, com um equipamento adequado, ele pode não obter sucesso nas aplicações e assim, não vai ter o controle dessas doenças. O Manejo Consciente aborda também um problema que está sendo constante, que é a possível resistência da ferrugem asiática aos ativos químicos resistentes no Brasil. Hoje temos só quatro grupos de produtos químicos que controlam a ferrugem e precisamos conservá-los, utilizando-os corretamente. Com isso, vamos ter mais sucesso no controle, o que significa maior produtividade”.