Wintershow 2019 teve como foco a inovação no agronegócio

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Segunda-feira, 04 de novembro de 2019

Wintershow 2019 teve como foco a inovação no agronegócio

Inovação foi a palavra chave do Wintershow 2019. A 16ª edição da feira voltada para cereais de inverno, realizada entre os dias 15 e 17 de outubro, buscou debater a produção e o  manejo destas culturas pelo prisma das transformações que o mundo vem passando, por meio das tecnologias também no campo.

Organizado pela Cooperativa Agrária e Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA), o evento recebeu neste ano recorde de público - aproximadamente 5 mil pessoas e 89 expositores. “Esta edição foi um sucesso. Buscamos inovar nos temas, principalmente debater o que está acontecendo com os negócios no mundo e o agronegócio inserido nesse contexto. Mostramos essa transformação, da parte técnica, agrícola, novas cultivares que foram lançadas, novos equipamentos do agro, aplicativos, novas formas de gestão. O cooperado e o produtor em geral tem sentido esta mudança e precisa estar inserido nesta realidade. Por isso, tivemos um bom feedback deste novo formato do Wintershow ”, avaliou o coordenador da FAPA, Marcio Mourão.

Campanha Plante Trigo!

A programação inicial do Wintershow foi o Painel – Trigo: sua importância e seus desafios, coordenado pelo pesquisador da FAPA, engenheiro agrônomo Juliano Almeida, também contou com a presença do pesquisador em economia rural da Fundação ABC, Claudio Kapp Junior e da analista da Embrapa Trigo, Vladirene Macedo Vieira.

O painel foi uma das ações da Campanha Plante Trigo, idealizada pela Cooperativa Agrária e FAPA para buscar aumentar a área de plantio de trigo na região. “A nova geração de produtores rurais é muito focada em rentabilidade do cultivo. Temos observado, nos últimos anos que a área de trigo tem diminuído, por diversos fatores, dentre eles, o aumento do custo da produção e o preço do trigo pago ao produtor”, ressalta Almeida.

Entretanto, o pesquisador explica que a cultura do trigo pode sim trazer rentabilidade a longo prazo para o produtor rural. “Ele traz uma contribuição muito importante para o aumento de produtividade de todos os outros cereais e também da soja. Outro fator grande é a diluição de custos. Quem faz a rotação de cultura com o trigo, tem menor custo de produção, porque ele vai diluir toda a utilização de insumos e também a mão-de-obra”.

Outro ponto que Almeida destaca é a contribuição que o trigo pode ter na economia da região.  “A Cooperativa Agrária tem seu moinho próprio. Hoje, o que é produzido em nível de Agrária não sustenta nem a metade do que nosso ele precisa. Estamos comprando trigo no Rio Grande do Sul, Argentina, Paraguai e parte do Paraná. Gostaríamos que esse trigo fosse originado da nossa região, pois no lugar de estarmos gerando renda, riqueza e trabalho lá na Argentina, poderíamos estar gerando tudo isso na nossa região”.

A recomendação da cooperativa é que os cooperados destinem no mínimo 25% da sua propriedade para o cultivo do trigo.  “Potencial e área existem. Recomendamos que ao invés de plantarem aveia preta, cobertura ou deixar o solo em pousio, plantem trigo”.

Inovação é feita por pessoas

Arthur Igreja e Allan Costa, sócios da AAA Inovação, multiplataforma focada em disrupção em negócios, carreiras e economia transformadora foram palestrantes no Wintershow.

Ambos buscaram debater como a inovação vem transformando o mundo e como as tecnologias têm afetado as pessoas e os negócios, em especial, o agronegócio.

Para Igreja, o produtor rural deve se inserir nessa nova realidade com consciência. “A tecnologia está avançando em uma velocidade incrível e muitas vezes o produtor já tem uma máquina ou equipamento com uma tecnologia incrível, mas ainda não faz pleno uso daquilo. Não adianta no ano seguinte comprar mais tecnologia se ele não está usando. De um lado, é preciso estar muito antenado com tudo que está acontecendo, mas é necessário filtrar o que é importante para ele. Tem muito exagero e muita coisa nova, mas que não serve para ele”.

Costa citou que as pessoas devem ser menos ansiosas em relação às novas tecnologias e o ideal é esperar a maturidade delas. “Se a gente analisar como a tecnologia se comporta, quando algo chega é muito caro e temos que tomar cuidado para não cair no modismo. Há dez anos, muitas coisas que vemos hoje já existiam, mas quem adquiriu naquela época, não obteve bons resultados. A gente tem que esperar a maturidade acontecer para, além de baixar o custo, ela ser aperfeiçoada”.

Sobre o agronegócio, Costa citou que o caminho para se produzir mais em menos área é a agricultura de precisão, ou seja, baseada em dados. Ele também frisou que o agronegócio é hoje o grande celeiro de oportunidades. “Um dos exemplos que posso citar é que Bill Gates, fundador da Microsoft, está financiando um aplicativo que ajuda a produzir carne limpa, ou seja, um dos caras mais ricos do mundo e um grande nome da tecnologia, está enxergando o agronegócio e disposto a financiar evolução nesta área. E quando isso acontece, democratiza a tecnologia, porque significa preço baixo e com isso, possibilidade de chegar em qualquer propriedade, em qualquer lugar do mundo”.

Ao final de sua palestra, Costa deixou uma mensagem aos produtores rurais e empreendedores sobre a inovação: “Muitas das coisas que acontecem com a gente são inevitáveis. Um asteroide caindo é inevitável, a crise é inevitável, mas o que eu faço diante disso é que me define. A partir de hoje, se falarem sobre inovação, lembre-se: inovação é sobre pessoas. São as pessoas que possuem ideias inovadoras, são as pessoas que utilizam a tecnologia para gerar inovação. É o nosso modelo mental que determina como vamos usar tudo isso que está ao nosso alcance para gerar inovação. Nem máquina, nem robô substituem pessoas. O que eles substituem é a atividade repetitiva. Você acha que o ser humano surgiu para pressionar botão ou apertar parafuso? O ser humano tem capacidade para muito mais. Atividades que dependam da nossa capacidade de discernimento, que dependam da nossa criatividade, sensibilidade, jamais serão substituídas por robôs. Quem faz a inovação não é a tecnologia, são as pessoas”.

Ecossistema de inovação de Guarapuava

Duas fotos: geral – sem legenda

Agenor Felipe Krysa e o consultor Marcos Vinício Ambrósio

Outra novidade do Wintershow 2019 foi o Ecossistema de inovação Guarapuava, coordenado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Durante os três dias, seis startups e uma comunidade de startups estiveram presentes, apresentando os serviços e produtos inovadores que elas ofertam ou possuem projeto para ofertar. “O primeiro objetivo da participação do Ecossistema de Inovação de Guarapuava  foi a integração. Queremos estar próximos do setor de agronegócio, enquanto instituições de ensino, Sebrae, Fórum de Ciência e Tecnologia, Prefeitura, entendendo esse movimento que está acontecendo aqui. E também proporcionando a comunidade de startups local ter acesso às soluções do agronegócio, a tecnologia que vem sendo desenvolvida. Que esse futuros empresários possam conhecer também esse mecanismo e com isso se inspirar para desenvolver tecnologia e solução de alto impacto para o agronegócio”, explicou o gestor da linha estratégica de empreendedorismo e gestão do Sebrae PR, Agenor Felipe Krysa.

Soluções na área de prototipagem 3D, na área de desenvolvimento e design de produtos para o agronegócio, aplicação de inteligência artificial na área de gestão do agronegócio e  soluções para gestão contábil, monitoramento de produção foram alguns dos serviços apresentados pelas startups.

Nova cultivar de cevada da FAPA: a Imperatriz

A FAPA lançou uma nova cultivar de cevada durante o Wintershow 2019: a Imperatriz. A cultivar foi exclusivamente desenvolvida pela fundação de pesquisa, processo que levou 10 anos.  O coordenador do projeto, pesquisador e agrônomo Noemir Antoniazzi detalha o processo. “Tudo foi feito na FAPA: cruzamento, avaliações de linhagem, da parte agronômica, da cevada e da qualidade do malte”.

Antoniazzi destaca que a Imperatriz é uma variedade focada principalmente em sanidade. “É um material bem mais sadio, se comparado com o que temos hoje plantado na área de atuação da cooperativa. Ela tem um apelo para a diminuição de aplicação de fungicidas - estamos falando de duas aplicações a menos se comparada a outras cultivares plantadas na região. Ela também é bastante tolerante ao acamamento, uma prática que precisamos interferir mecanicamente com produtos, para evitar, porque com isso se perde em qualidade e produtividade”.

A Imperatriz já está sendo plantada na região para produção de sementes. “São 240 hectares plantados, que vão resultar no próximo ano numa área de aproximadamente 4 a 5 mil hectares. Em 2020 já teremos semente para produção industrial e em escala comercial, não restrita a produção de sementes”, revela Antoniazzi.  

Open Innovation

Casando com o principal tema desta edição, grandes empresas do meio agrícola tiveram a oportunidade de expor ao público em um circuito de apresentações, as principais novidades tecnológicas do meio agrícola no último dia de Wintershow. Equipamentos, dicas, soluções e softwares foram expostos pela Syngenta, Sicredi, Bosch, Basf, Bayer, Windtec, Hipercubes, Arpac e Cidade dos Lagos.

 

Estações FAPA: atualizando produtores com as mais recentes pesquisas para a região

As tradicionais estações com palestras simultâneas coordenadas pelos pesquisadores da FAPA integraram a programação do evento no primeiro e segundo dia. Confira um resumo do que foi apresentado:

Estação Cevada

Noemir Antoniazzi e Eduardo Stefani Pagliosa – FAPA

“Tratamos sobre as técnicas de manejo de cultivo da cevada, visando a produção para qualidade de malte. Não queremos plantar cevada para colher forrageira, queremos dar todo apoio tecnológico e da genética para produzir cevada cervejeira. Este é o apelo que nós temos aqui”.

Estação Trigo

Juliano Luiz de Almeida – FAPA

“Na estação do trigo comparamos a monocultura cevada-soja durante 19 anos de cultivo com os sistemas de rotação. Observamos que nos primeiros seis anos, quando comparamos os diferentes sistemas de rotação, a monocultura vai relativamente bem. Entretanto, a partir do sexto ano de cultivo, a monocultura começa a decrescer bastante, principalmente pelas questões de doenças radiculares, aumento de plantas daninhas e menor produtividade. Enquanto que na rotação de culturas, a partir do sexto, sétimo ano, começa a ter uma crescente em termos de produtividade de todos os cultivos e, principalmente, da margem bruta. Porque temos uma cultura ajudando a outra. Uma cultura reciclando nutrientes para a próxima cultura e a outra cultura colocando palha dentro do sistema”.

Estação fertilidade do solo e herbiologia

Sandra Mara Vieira Fontoura, Vitor Spader e Everton Ivan Makuch – FAPA

“Falamos do efeito do gesso na produtividade de culturas no plantio direto. Procuramos fazer uma abordagem bem local, expandindo para a região centro-sul e depois fizemos todo um trabalho de levantamento de dados do uso de gesso em todo o Brasil. Estamos com informações bem consistentes e até o final do ano finalizamos com uma recomendação de gesso para os nossos produtores estarem usando aqui na região centro-sul”.

Estação Entomologia e Fitopatologia

Dauri José Tessmann (UEM), Alfred Stoetzer, Heraldo Rosa Feksa e Cristiane Gonçalves

“A estação abordou as questões climáticas que aconteceram em 2018/2019, focando evolução de doenças, bem como seu manejo de forma apropriada, assertiva, para que o produtor tenha uma boa produtividade e um desembolso menor, buscando também qualidade. A entomologia falou sobre o controle de pragas e quais os melhores momentos para fazer um bom controle e evitar perdas”.

52 anos do Sindicato Rural de Guarapuava

O Sindicato Rural de Guarapuava além de ser patrocinador, esteve presente com estande por mais um ano no Wintershow, juntamente com o Sistema Faep/Senar. Além de ser um espaço de confraternização para os produtores rurais, foi um local também de informação sobre os serviços que o sindicato presta, cursos do Senar e sobre a Revista do Produtor Rural do Paraná.

No dia 17, diretores, sócios e parceiros da entidade comemoraram os 52 de existência da entidade (dia 18 de outubro).

 

 

 

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