Seminário discute o sistema silvipastoril com espécies nativas

Site de notícias vinculado ao Sindicato Rural de Guarapuava

Quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Seminário discute o sistema silvipastoril com espécies nativas

Sustentabilidade nos sistemas de produção tem tido cada vez mais destaque. Isso porque integrar o sistema de produção pecuário e agrícola a florestas pode trazer vários benefícios ao meio-ambiente e ao produtor rural.

Neste contexto, Emater, Unicentro e Sindicato Rural de Guarapuava promoveram no dia 20 de novembro, o Seminário de Sistema Silvipastoril com Espécies Nativas. A programação envolveu palestras, visita técnica e tarde de campo. Mais de 200 pessoas participaram do seminário. “Temos muitas áreas ociosas e com florestas nativas. Estima-se que na região centro-sul do Paraná exista mais de 500 mil hectares nestas condições, que estão sendo subutilizados. Portanto, a primeira edição desse seminário teve como foco apresentar possíveis alternativas de produção agropecuária nesses ambientes”, ressaltou o médico veterinário da Emater, Celso Fernando Doliveira.

Preservação do meio ambiente aliada à produção eficiente deve ser o foco, segundo Doliveira. “É uma discussão bastante extensa, que vai exigir muito trabalho, pesquisa e estudo para que possamos mostrar a sustentabilidade que o sistema integrado silvipastoril traz em três dimensões: ambiental, econômica e social. Queremos que este evento seja um despertar para o aproveitamento destas áreas”.

Confira o resumo do evento:

Melhoria de pastagens em sistemas agroflorestais

Pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) - Ana Lúcia Hanisch

“Muitos produtores já usam essas áreas com remanescentes, geralmente, uma mistura de extração animal com erva-mate. Em Santa Catarina, a gente chama esse sistema de caíva, aqui no Paraná tem o sistema faxinal que é mais ou menos isso. Ao longo do tempo, trabalhamos com pastagens nas propriedades e vimos que essas áreas tinham potencial para melhorar a produção. Iniciamos em 2006 uma pesquisa nesses ambientes, para conhecer um pouco mais esse sistema. Começamos a trabalhar com algumas pastagens para verificar se elas poderiam produzir melhor nessa área, porque ela tem sombra, são áreas que são remanescentes florestais, com solos que nunca tiverem adubação. Trabalhamos estas questões, o manejo do pasto e introduzimos algumas espécies. E entre as espécies, a Missioneira Gigante se destacou. É uma gramínea, produzida pela Epagri. Essa foi a pastagem que mais se adaptou ao sombreamento e apresenta uma capacidade de aumentar a produção animal em até seis vezes, se implantada com um manejo bem feito”.

 

Experiências de Sistemas de Integração de Agrossilvipastoril no Estado do Paraná

Chefe Regional da Emater - Anísio Menarim Filho

 

“No Noroeste do Estado, há 40 anos o sistema silvipastoril vem sendo desenvolvido com a assistência da Emater e Seab. Lá trabalhamos com exóticas, principalmente o eucalipto consorciado com as gramíneas utilizadas para alimentação. A gente vem encontrando na região muitas vantagens nesse sistema, desde a conservação de solo, porque nosso solo é bastante suscetível à erosão; melhoria na fertilidade; ambiência para os animais, porque nosso clima é muito quente, então as árvores proporcionam uma temperatura mais amena e isso influencia na reprodutividade e produção dos animais. E agora está em foco a questão de sequestro de carbono. As nossas pastagens conseguem equilibrar o sequestro e a emissão de carbono, porque as árvores neutralizam o que as pastagens e os animais emitem. E isso, segundo a Embrapa, vai dar direito a essas propriedades a um selo de Carbono Neutro, que poderá ser uma exigência dos principais compradores de carne e leite do Brasil. Aqui na região de Guarapuava temos uma outra realidade, com sistemas agroflorestais naturais, onde predomina o pinheiro, a araucária e a erva-mate. A ideia é usar o que temos lá no Noroeste como experiência de implantação e condução desses sistemas aqui nesses sistemas naturais”.

Visita na propriedade de Nelson Neumann (Turvo)

A tarde de campo aconteceu em uma propriedade na localidade de Faxinal dos Neumann, munícipio de Turvo. Uma propriedade de 13 hectares com produção de leite no sistema silvipastoril, onde desde 2015, o professor Sebastião Brasil, do departamento de Agronomia da Unicentro, vem desenvolvendo pesquisas com o intuito de melhorar a produtividade leiteira da propriedade coordenada pelo casal Nelson José Neumann e Romilda Neumann. “A proposta naquela propriedade é uma tese de doutorado e terá uma linha de pesquisa para os próximos 15 anos. Haverá um redesenho da propriedade dentro de suas características de capacidade de uso, o entendimento de suas relações entre a floresta e a parte herbácea constituída por pastagens, a capacidade de suporte destas pastagens que a gente não conhece muito bem e suas variantes, principalmente no incremento de carbono, de fertilidade e de manutenção também da floresta”. Brasil detalha que em 2018 começaram a ser implantadas as forrageiras Missioneira Gigante e Aruana e com isso, já houve aumento de produtividade.

Neumann, proprietário da área, afirma que desde que comprou a propriedade e iniciou a produção de leite, sempre teve a intenção de produzir e preservar. “Agora com a assistência que estamos recebendo do professor, juntamente com os alunos, adubando o solo e implantando as pastagens, vemos que é possível produzir de uma maneira ainda melhor”. Além de leite, o casal também produz erva-mate.

Na propriedade, durante à tarde de campo, quatro estações organizadas pela Emater e Unicentro apresentaram pequenas palestras e buscaram complementar as discussões em torno da produção no sistema silvipastoril. “Nas estações, discutimos a produção de erva-mate nessas regiões de faxinais e caívas. Também a implantação de forrageiras através de mudas, que são mais adaptadas à nossa região; a viabilidade econômica da implantação da Missioneira Gigante com aumento de renda e redução de custos. Também foi falado sobre o CAR, de como ele pode servir como uma ferramenta de planejamento das áreas de uma propriedade. E ainda sobre o desenvolvimento florestal e oportunidades de exploração na floresta ombrófila mista”, finalizou Celso Doliveira. 

 

Comentários

Todos os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Você pode denunciar algo que viole os termos de uso.