Juntos para fortalecer a integração lavoura-pecuária

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Sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Juntos para fortalecer a integração lavoura-pecuária

A integração lavoura-pecuária realizada em Guarapuava e região esteve mais uma vez na pauta de uma visita técnica de produtores rurais: no dia 4 de julho, agropecuaristas do noroeste do Rio Grande do Sul – todos participantes do Programa Juntos para Competir (parceria entre SEBRAE-RS, SENAR-RS e FARSUL) – realizaram na cidade uma das etapas de um giro que, no Paraná, incluiu também Pato Branco, Cascavel e Campo Mourão.

Com foco em sistemas de produção integrada de grãos e bovinos de corte (ILP) e no trabalho das cooperativas de carne, a programação dos visitantes teve início por volta das 10h da manhã, no anfiteatro do Sindicato Rural. No local, a diretora técnica da Cooperaliança, médica veterinária Marina Azevedo, recebeu os produtores e explicou o surgimento da cooperativa (2007), a atual área de abrangência, que inclui todas as regiões do Estado, e projetos como o do frigorífico, em construção. Ela detalhou os padrões de qualidade da produção, que levaram a cooperativa a se tornar uma das referências em seu segmento.

À tarde, o sindicato rural apoiou a organização local da visitação do grupo ao sistema de ILP praticado na propriedade do presidente da entidade, o agrônomo e agropecuarista Rodolpho Luiz Werneck Botelho. Na fazenda, situada no vizinho município de Candói, ele recepcionou os produtores gaúchos, explicou que a integração é realizada com soja, milho, trigo, eucalipto e bovinos de corte e conduziu um giro pelo campo.  

A REVISTA DO PRODUTOR RURAL acompanhou a visita e conversou com coordenadora do grupo, a Gerente Regional Noroeste do SEBRAE-RS, Eloísa Muxfeldt Arns. Ela observou que o Juntos para Competir é uma iniciativa que, no meio rural, visa promover o desenvolvimento de várias cadeias produtivas, como a da integração lavoura-pecuária: “Nós viemos trabalhando desde 2015 com produtores que têm as atividades de produção de grãos e pecuária de corte. A gente estimula a integração desses sistemas. Para nós é muito importante essa interação entre estados, municípios”.

Para isso, assinalou, a iniciativa proporciona aos participantes uma visão dos aspectos técnico e de gerenciamento: “Durante o andamento desse projeto, que dura quatro anos, a gente trabalha não só os conceitos tecnológicos, como os de gestão, de sustentabilidade ambiental, de gestão de pessoas. Tudo o que diz respeito a uma empresa rural para que ela realmente tenha rentabilidade e sucesso na sua atividade”.

Agricultura e pecuária interligadas, completou, se potencializam: “Os produtores percebem que a soma das duas atividades é maior quando elas são integradas, do que a soma quando as duas são independentes”. Segundo especificou, no Rio Grande do Sul, o Juntos para Competir, em sua vertente de ILP, vem registrando interesse: “Nesse grupo, hoje aqui, são 50 propriedades. Mas temos outro projeto em andamento, que iniciou esse ano com 80. Ano passado, encerramos um de 100”.

Entre os visitantes, participaram também algumas lideranças, como o recém-eleito presidente do Sindicato Rural de Catuípe, Amaurel Augusto Sonego. Praticando ILP com bovinos de corte, soja, substituindo o milho por pastagem de verão e recorrendo a aveia e azevém para o pasto de inverno em sua propriedade, ele elogiou a visita e disse ter visto semelhanças: “Muito interessante. Viemos aqui em busca de também trocar alguma experiência. É muito parecido. Desde a questão climática. As geadas que acontecem aqui, acontecem lá também”.

À frente do sindicato rural em Pejuçara, Valocir Antônio Gianluppi, sublinhou que o conhecimento é insumo para todas as atividades, como a própria ILP, modalidade que ele e a família iniciaram há 10 anos: “Qualquer negócio hoje precisa de muitas informações para a tomada de decisões. Aqui tem bastante opções de escolha, para ver qual é o melhor projeto que se enquadra na propriedade da gente”.

Produtor rural voltado à integração do mesmo município gaúcho, Christian Kieling contou que em sua família a bovinocultura já é uma tradição de cerca de 50 anos, iniciada com seu avô. Pertencente às gerações mais jovens, ele hoje conduz um sistema de ILP com soja, milho e trigo, e enaltece a troca de experiências: “É bom ver outros sistemas, porque como estão um pouco mais avançados, já começamos a abrir o olho para o que é que está sendo feito, o que está funcionando, o que pode ser aplicado para a gente”. Kieling disse achar necessário que o produtor, quando possível, reserve tempo para conhecer outras regiões: “Sempre é bom você sair da sua propriedade e ver outras realidades. Senão, acaba ficando dentro do seu mundo, dos mesmos problemas”.

Ao final da visita, em entrevista, o presidente do Sindicato Rural de Guarapuava comentou que a ILP é viável, desde que praticada de forma técnica: “Isso tem demonstrado ganho para o produtor rural, para o sistema, a natureza, mas principalmente resultados econômicos favoráveis”.

Assim como afirmou diante dos visitantes, Botelho defendeu que o pecuarista, a exemplo dos produtores de grãos, se abra cada vez mais para a inovação: “Um dos principais paradigmas que acho que tem que ser desmistificado é essa questão de que pecuária com agricultura não combina. Tem sido demonstrado por várias instituições de pesquisa, quer seja Embrapa, IAPAR e universidades, que a união harmônica entre os dois sistemas produtivos agrega resultados econômicos e biológicos para os dois setores. O que se precisa é de informação e conhecimento”. E conhecimento, frisou, abrange um sistema de gerenciamento empresarial da fazenda. Botelho, que desenvolve ele mesmo a integração lavoura-pecuária com agrônomos e consultores, preconizou que, em especial na ILP, o agropecuarista ouça os profissionais de várias áreas ligadas à produção: “As margens de lucro têm se estreitado. O produtor precisa fazer uma gestão cada vez melhor do seu negócio. Além da capacitação, a assessoria técnica, a consultoria são importantes. Ninguém sabe tudo. Precisamos trocar informação para ter um negócio mais próspero a médio e longo prazo”.

Após a passagem por Guarapuava e região, os produtores gaúchos prosseguiram sua viagem técnica em Santa Catarina.

 

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