Evento discute cadeia produtiva do feijão

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Terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Evento discute cadeia produtiva do feijão

A Sementes Aliança promoveu no dia 20 de novembro, um encontro com objetivo de reunir todos os elos da cadeia produtiva do feijão para discutir desde o plantio até o mercado. Foram ministradas três palestras com representantes do Instituto Brasileiro de Feijão (IBRAFE) e do Instituto Agronômico de Campinas. “De uma forma simples e informal, conseguimos alavancar e gerar um debate sobre a produção do feijão na região”, disse o operador regional da Sementes Aliança e proprietário da Agro 14, André Régis Adams.

Confira o resumo:

Melhoramento genético do feijão

Sergio Carbonell – Pesquisador Instituto Agronômico de Campinas (IAC)

“Em 1970 foi lançado o feijão tipo carioquinha e ele foi muito bem aceito devido as suas características agronômicas - com produtividade de pelo menos 30% a mais dos cultivados no mercado - e sabor agradável. Este tipo de feijão modificou até mesmo a forma do brasileiro comprar o feijão, pois antes era adquirido em feiras à granel e passou a ser comprado nos mercados, devido à revolução das indústrias começarem a processar o feijão e vender empacotado. Mas o melhoramento genético não parou aí, introduzindo genes de resistência, dando maior qualidade ao grão, produzindo um feijão mais sustentável, com menos defensivos agrícolas. Reduzimos o tempo de cozimento, que antes era de até uma hora e meia, para 30 minutos. Tivemos também outros ganhos: aumento de proteína, produtividade, de estabilidade e de produção. Com isso, ele passou de ser um produto de subsistência do pequeno agricultor para se tornar um grande negócio para produtores. Para atender todo o mercado disponível para o feijão, precisamos ter novas cultivares. Além do carioca, estamos produzindo o rosa, rajado, branco e vermelho”. 

Mercado do Feijão

Marcelo Luders – Presidente do Instituto Brasileiro de Feijão (IBRAFE)

“A boa novidade é que temos agora os contratos de feijão. Então, o produtor pode plantar já com o contrato firmado. Em algumas circunstâncias, também já existe um contrato com os empacotadores do mercado interno, que dá uma maior segurança ao produtor. Isso no feijão vermelho e em breve, no feijão preto. Queremos mudar a realidade do mercado do feijão. No caso do feijão preto, importamos da Argentina mais de 90 mil toneladas todo ano e temos a possibilidade de produzir aqui para evitar que tenhamos essa quantidade de importação e também para que comecemos a exportar. O México foi um dos países que abriu o mercado para o Brasil e é um grande consumidor de feijão preto. Todo ano eles importam dos Estados Unidos. No caso da  diversificação de variedades - inclusive Guarapuava já vem fazendo isso -  os produtores estão começando a testar novas variedades, como o rajado e o vermelho. Não tenho dúvida que o caminho é esse para atender o mercado brasileiro, que inclusive tem uma nova tendência: 30 milhões de vegetarianos e veganos no Brasil e crescendo a uma taxa de 15 a 20% por ano, que consomem outros tipos de proteína, sem ser da carne e o feijão entra nesta dieta. Além disso, os dois maiores mercados do mundo estão abertos para o Brasil: a China e a Índia. Então a perspectiva é ótima, ainda mais aqui na região de Guarapuava, que tem boa tecnologia e produtores experientes”.  

Manejo do feijão

Alisson Chioratto – Pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC)

“Hoje há pacotes tecnológicos na cultura do feijoeiro em função das diferenças das cultivares que são desenvolvidas atualmente no mercado nacional, referente a feijões de ciclo precoce, semi-precoce e tardio. Cada cultivar tem o seu atributo diferenciado e não se pode utilizar o mesmo manejo para todas, visando obter a máxima produtividade e qualidade. Os principais atributos são adubação mineral da cultura, principalmente voltado ao nitrogênio, que é muito importante para o desenvolvimento do feijão, principalmente para os de ciclo precoce - o ideal é de 100 até 130 pontos de N. A adubação foliar também é importante, porque ela vem para melhorar a fisiologia da planta e não como atributo nutricional. O manganês, magnésio e boro (via solo) são elementos muito importantes. A densidade de semeadura é essencial também. Aqui no Paraná, a densidade é muito alta, geralmente, de 12 a 14 plantas. Nós sugerimos até oito plantas finais para plantas com hábitos de crescimento tipo 2 e 3 e do tipo 1 trabalhar com no máximo até 13 plantas finais. Os feijões de ciclo precoce podem trabalhar um pouco mais e para feijões de hábitos indeterminados sugerimos até 10 plantas”.

 

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