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Segunda-feira, 25 de março de 2019

Dia de Campo de Verão Agrária dissemina informações sobre soja, milho e feijão

O Dia de Campo de Verão, realizado anualmente pela Cooperativa Agrária e Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA), aconteceu nos dias 27 e 28 de fevereiro, no distrito de Entre Rios (Guarapuava-PR). Nesta edição, 31 empresas participaram do evento. Além das visitas nos estandes, a programação ofereceu duas palestras principais sobre a valorização da agricultura e perspectiva de mercado da soja e do milho, além das estações da FAPA.

O secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara participou da abertura do evento. Ortigara elogiou a iniciativa da Agrária por mais um ano. “Eu sempre digo que o Dia de Campo é uma estratégia inteligente e adequada nos tempos presentes. Ao invés do produtor procurar sozinho as empresas para obter informações sobre avanços de suas pesquisas e suas soluções para o agro, as empresas vêm a um local único, se reúnem, sob a liderança de uma grande cooperativa - uma das maiores do Brasil, com um braço de pesquisa forte, que é a FAPA. Para o produtor, isso é fantástico, porque é um evento gratuito e uma oportunidade de conversar com os profissionais, não apenas visando o comércio dos produtos, mas principalmente informações técnicas de qualidade. É um investimento valioso para o agronegócio”.

O presidente da Cooperativa Agrária, Jorge Karl avaliou que a presença do público no Dia de Campo de Verão é sempre de qualidade. “O comparecimento de público é muito bom porque são pessoas bastante técnicas, ou seja, produtores rurais e profissionais envolvidos com o meio. E esse é o público que queremos atingir”.

Para Karl, o diferencial dos eventos da Agrária são as estações da FAPA. “É claro que valorizamos as empresas parceiras, porque sempre apresentam novidades técnicas interessantes para o produtor rural. Mas as palestras da FAPA trazem pesquisas com temas atuais e muito interessantes. A gente percebe que a agricultura evoluiu muito. Ano a ano tem aparecido novidades e desafios, mas também incrementos de produtividade e rentabilidade. Isso a gente percebe muito fácil visualizando os históricos de produtividade, principalmente de soja. E isso é consequência direta da pesquisa. E a pesquisa da Fapa é muito focada e aplicada. Ela tem justamente essa missão de apresentar resultados reais a nível de lavoura e isso tem se traduzido em rentabilidade e produtividade para o produtor”.

Palestras convidados (tenda principal)

No primeiro dia do evento, “Valorização da Agricultura”, foi o tema da palestra de Luís I. Prochnow, da LP Consultoria. Confira a mensagem que o consultor deixou aos produtores rurais:

“Nós entendemos que o Brasil tem vocação para muita coisa, mas em especial para a agricultura. Mas isso não está em consonância com as atividades e prioridades do país em termos políticos. Há a necessidade de se entender que esse é um país que tem uma vocação para a agropecuária, então é necessário planejamento para fortalecer mais ainda essa atividade. Precisamos de revisões nas questões logísticas, políticas, de planejamento, valorização do homem do campo, rever alguns mitos e inverdades que são ditas em relação ao agricultor e à agricultura. É preciso defender mais a atividade no país. Existe uma imagem muito equivocada do meio urbano em relação à agricultura. Eles recebem uma imagem muito deturpada por meio da mídia ou por meio de personalidades e artistas, que não tem relação com o setor. Costumo dizer como é interessante nos grandes centros urbanos, as pessoas almoçarem ou jantarem comendo arroz, feijão, salada e bife, mas emitindo opiniões equivocadas sobre a agricultura, seja por questões econômicas ou ambientais. Acho que precisamos de um programa de educação efetivo no país a respeito dos benefícios da atividade. Precisamos acabar com as informações equivocadas que o meio urbano tem a respeito do agronegócio”.

No segundo dia de programação, Étore Barone, da  FCStone, falou sobre "Fundamentos e expectativas de preços de soja e milho". Confira o resumo da palestra:

 

“Apresentamos um panorama dos preços para os produtores rurais, nos Estados Unidos e no Brasil. Do lado da produção, temos um mercado bastante ofertado. Safras grandes, nos Estados Unidos e no Brasil. Do lado da demanda, temos China um pouco retraída, país que é o principal comprador de soja do mundo. O comprador está retraído, tranqüilo com este nível de estoque. Isso faz com que o mercado vá ‘andando de lado’, sem grandes variações de preços. Mesmo assim, a gente projeta um nível de preço no mercado interno brasileiro um pouco melhor, em função da quebra que tivemos no Paraná. Comprador e vendedor vão ter que se entender. A indústria vai ter que vir para o mercado, para comprar, o exportador vai ter que vir para o mercado, para exportar. E o produtor, com este nível de preços, não vende soja. A gente vê um cenário de preço de soja um pouco melhor para os próximos 60, 90 dias, subindo um pouquinho mais além dos níveis atuais. Na palestra sobre milho, apresentamos o cenário como um todo. Esses níveis atuais de preço são níveis altos e bons. Nossa recomendação é ir vendendo nesses níveis. Até porque, à medida em que a gente tem a oferta da safrinha entrando a partir de maio, naturalmente temos uma oferta bastante grande, o que faz com que a pressão de preço possa cair um pouco. Então, a recomendação é: segura um pouco a soja, vamos ter preços de soja um pouco melhores dos níveis atuais. No milho, vai vendendo e colhendo, aproveitando os níveis de preço atuais”. 

Estações da FAPA

A FAPA divulgou suas pesquisas sobre as culturas de verão em cinco estações. Confira o resumo de cada:

 

Escolha do híbrido de milho: o que devemos considerar?

Celso Wobeto (FAPA)

“A produtividade sempre é o primeiro ponto que deve ser observado. E o produtor observa. Mas a partir do momento em que ele consegue achar este híbrido, deve começar a olhar o que mais agrega valor, pensando na rentabilidade. Depois, tem outros fatores: escolher um material que tenha boa tolerância a acamamento e quebramento. E um fator que é bastante ligado ao manejo, mas também tem o fator genético embutido, é o peso de mil grãos. Alguns híbridos têm como característica um peso de mil grãos elevado e isso tem dado uma resposta à produtividade. Então, o produtor também deve observar isso, já pensando num ajuste fino da propriedade. Deve fazer um planejamento por talhão, desde a pré-cultura, adubação, população de plantas. E colocar o híbrido certo no lugar e na hora certa. Muitas vezes, o produtor espera uma produtividade de um material, mas não faz o manejo adequado. Só escolher o híbrido não é o suficiente”.

 

Manejo de pragas e doenças em soja

Heraldo Rosa Feksa, Cristiane Gardiano e Alfred Stoetzer (FAPA)

 

Heraldo R. Feksa – “Levando em consideração a dinâmica de doenças, o importante é realmente proteger a área foliar do ataque de doenças. Desde a fase vegetativa até o final do ciclo. A fase mais importante é a vegetativa. É onde investimos o maior recurso financeiro. A fase reprodutiva é uma fase de manutenção do que foi feito na vegetativa. Para que se consiga fazer isso, tem que se trabalhar com uma boa vazão, que tenha uma boa cobertura. Hoje, pensamos numa vazão de 150 a 200 litros por hectare, justamente para aproveitar melhor essa cobertura. O importante é que o produtor consiga escolher um bom produto e fazer uma boa cobertura”.

 

Alfred Stoetzer – “Este ano  aconteceu em algumas lavouras uma desfolha precoce do baixeiro da planta por doenças. Mais importante do que nunca é olhar também para esse manejo conjunto entre doenças e pragas, para a gente tentar evitar nesta fase final da soja uma maior desfolha. Ou evitar que aumente. Sabemos hoje que a folha é um aparato fotosintético, responsável por fazer fotossíntese e no final das contas é ela que vai ser responsável por encher o grão. Então, temos que preservar a folha. Se houver desfolha, vai diminuir essa taxa fotossintética e vai haver menos produtividade”.

 

Inovação aplicada à plantabilidade

Paulo Alba (FAPA) e Paulo Arbex (UNESP)

Paulo Alba – “A gente busca que o produtor tenha um olhar diferente, para fazer o mesmo trabalho focando na qualidade. Que ele não tenha que mudar seu equipamento, mas sim maximizar a eficiência, com regulagens, com adequações que podem ser realizadas para aumentar a eficiência do plantio. Uma melhor distribuição de fertilizante e semente. Inovação não é trocar por um equipamento novo e sim fazer de uma forma mais eficiente a mesma operação que ele faz hoje. Existe um retorno financeiro quando você agrega qualidade à sua operação”.

Paulo Arbex – “Mostro com resultado de pesquisa que a velocidade de plantio excessiva é o principal defeito. Todo produtor quer o rendimento operacional. Ele quer uma semeadora que plante numa maior velocidade. Porém, existe limite. A gente deve respeitar esses limites. A 12 km por hora, não em como fazer um corte da palha perfeito, abertura do sulco perfeita e fechamento do sulco. Fechar o sulco e colocar de volta a palha é importantíssimo".  

Maximização do rendimento de grãos em cultivares de soja pelo ajuste fitotécnico e fertilidade do solo

Sandra Mara Vieira Fontora e Vitor Spader (FAPA)

Vitor Spader– FAPA

 “Todo produtor procura uma variedade para aumentar produtividade. E sabemos que o caminho, muitas vezes, não é esse. Nós temos muitas cultivares com altíssimo potencial genético, mas o produtor, muitas vezes, não dá a condição necessária para que ela expresse seu potencial no campo. A ideia da nossa estação foi justamente mostrar que os ajustes finos de manejo, desde a parte de nutrição, fertilidade, até o posicionamento das cultivares em relação à época, sanidade, enfim uma série de fatores, vão contribuir, de fato, para ele mudar de patamar de rendimento. Muitas vezes, isso é possível acontecer sem alterar a cultivar. O produtor pode utilizar uma variedade que já tem um certo tempo no mercado, com o custo da semente menor e um potencial genético muito similar aos materiais novos, lançados todos os anos. A diferença de custo entre essas variedades é muito grande e o produtor sempre quer o material mais novo, esquecendo de fazer aquele ajuste necessário para explorar o melhor potencial”.

Manejo da cultura do feijoeiro

Eduardo Stefani Pagliosa (FAPA), Noemir Antoniazzi (FAPA) e Marcos Aurélio Marangon (EMBRAPA)

Noemir Antoniazzi – FAPA                  

 “A cultura do feijão tem seus altos e baixos. Esse ano está em alta. Independentemente do mercado, procuramos mostrar que é preciso ter produção assegurada do feijão. No momento em que passamos por remunerações mais baixas, preços ruins do feijão, o produtor que tem regularidade de produção consegue ter rentabilidade. O foco da estação foi repassar para o produtor que ele procure sempre ter uma produtividade boa, para que tenha rentabilidade, mesmo em anos ruins. Ele precisa pensar na semente de qualidade, fazer o plantio na época ideal, obter a cultivar ideal para aquele sistema de cultivo e plantar todo ano. Tudo isso ajuda a viabilizar a cultura do feijão. Planejamento de lavoura colabora muito para que os resultados sejam os melhores. E hoje se consegue tranquilamente 3.000 kg/ha de feijão. Acima disso, depende do estabelecimento de manejos mais ousados, que passam por um complexo de ações que corroboram para um rendimento mais alto”.

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