Coamig: de olho no planejamento forrageiro para alavancar a produção leiteira em pequenas e médias propriedades

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Segunda-feira, 26 de abril de 2021

Coamig: de olho no planejamento forrageiro para alavancar a produção leiteira em pequenas e médias propriedades

A atividade leiteira, assim como todos os setores agropecuários, tem se adequado as ferramentas técnicas para o aprimoramento da produção. O planejamento forrageiro tem sido aplicado em médias e grandes propriedades com a finalidade de aumentar a produtividade por animal e por área. No entanto, também faz grande diferença em pequenas propriedades, onde a pouca disponibilidade de área é um fator limitante da produção.

A finalidade do planejamento forrageiro é equilibrar a oferta de alimento com a demanda dos animais. Mas essa relação, que parece ser simples de equilibrar, depende de uma série de variáveis que podem, ou não, ser administradas, considerando que nas duas pontas dessa balança estão serem vivos diretamente influenciados pela sua biologia e fatores externos. Por isso, esse planejamento pode ser complexo e exigir habilidade do produtor para executar ações e desempenhar os ajustes necessários.

Para entendermos a complexidade do sistema, é prudente falar do que é necessário para iniciar um planejamento forrageiro. Primeiramente, o produtor deve dispor das informações da sua propriedade como: área total, área destinada ao cultivo de pasto e para a produção de silagem de milho, topografia do terreno, pedregosidade e fertilidade do solo. A área precisa ser dividida em talhões amostrados individualmente para conhecimento da fertilidade, por meio da análise química do solo.

Na sequência, é preciso conhecer as espécies forrageiras presentes na propriedade: as informações das espécies perenes e anuais trabalhadas no verão e no inverno permitem a construção do histórico de cultivo e de manejo realizados ao longo do tempo. Informações dos animais também são importantes no sentido de compreender a estrutura do rebanho, as raças, as categorias, o peso de cada categoria animal e dados de reprodução, fatores que alteram o consumo dos animais.

Pensando nesses fatores, é notório que o planejamento forrageiro não se trata de uma receita para o produtor seguir à risca. Esse plano é altamente dinâmico e muda constantemente, necessitando de capacidade de gerenciamento pelas mudanças que podem ocorrer no projeto, visto que os animais mudam de fase no seu ciclo de vida e as intempéries climáticas interferem na disponibilidade da forragem.

A pergunta é a seguinte: como fazer o planejamento forrageiro da propriedade, de modo atender a demanda dos animais, de acordo com a disponibilidade de forragem existente? A recomendação da Coamig é que o produtor passe, num primeiro momento, a coletar suas próprias informações e organizá-las. Essa coleta de dados leva tempo, mas é preciso levar em conta que essas informações são o ponto de partida para o técnico tornar o planejamento forrageiro possível dentro da propriedade. O segundo passo recomendado é trabalhar disciplinadamente com a altura de entrada e de saída dos animais do pasto para garantir a sustentabilidade da pastagem, junto ao piqueteamento das áreas, conhecer melhor a fertilidade da sua área por meio da análise de solo e passar a utilizar dessa ferramenta anualmente para atender às necessidades do solo. Trabalhando nesse sistema, a lotação deixa de ser o maior entrave da produção, até que com o passar do tempo, e conforme a quantidade de informações disponíveis, seja possível valer-se da taxa de lotação como parâmetro decisivo dentro do planejamento forrageiro.

Sabidamente, com os altos custos de produção, a produção de leite a pasto é a alternativa mais viável para os produtores, o fornecimento de forragens conservadas (feno, pré-secado, silagem de milho) e concentrados deveriam ser utilizados como complemento da alimentação. Apesar das pastagens anuais auxiliarem na redução de custos, a Coamig entende que a utilização das pastagens perenes com sobressemeadura de pastagens de inverno, é ainda mais viável comparado ao replantio anual.  

Pastagens perenes: parceria com a Golden Tree

 Pensando nos benefícios das pastagens perenes, a Coamig recentemente estabeleceu parceria com o viveiro de mudas da Golden Tree para fornecer aos cooperados alternativas forrageiras de maneira facilitada. As duas principais espécies trabalhadas são o capim-elefante anão cv. BRS Kurumi (Pennisetum purpureum Schum) e a missioneira gigante cv, CSC 315 (Axonnopus catharinensia Valls), que estão sendo difundidas entre as regiões de atuação da cooperativa, além das variedades de Tifton 85 (Cynodon spp. cv.) e Jiggs (Cynodon dactylon). Preocupada com a origem dos materiais, a cooperativa orienta que os produtores preconizem, sempre que possível, as mudas certificadas para evitar a introdução de pragas e doenças.

 A cultivar Kumuri é uma pastagem melhorada e exigente em fertilidade. Necessita de revolvimento de solo para melhor desenvolvimento das mudas e formação do sistema radicular. A propagação é por mudas, produzidas a partir das estacas, podendo atingir 20% de proteína bruta. Com internódios mais curtos que o capim-elefante comum, a altura facilita o manejo e possibilita maior perfilhamento.

Já a cultivar SCS 315 Catarina Gigante apresenta peculiaridades em sua implantação, sendo necessário adotar práticas como dessecação e o não revolvimento das espécies presentes na área, para não favorecer o surgimento de plantas daninhas. Parcelamento de calcário e inverno antecedente com o plantio de azevém são indicados como preparo para o estabelecimento do material perene. O maior destaque é pela alta adaptação à condição de sombreamento.

Unicentro também é parceira da Coamig na transferência de conhecimento

Além da parceria com o viveiro de mudas, a Coamig tem desempenhado ações junto ao Laboratório de Ciências Florestais e Forrageiras da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), coordenado pelo professor doutor Sebastião Brasil Campos Lustosa, que desempenha atividades de pesquisa de espécies forrageiras para geração de informação sobre técnicas de implantação e manejo adaptadas às condições de clima e solo da região de Guarapuava.

Quem auxilia a Coamig na difusão de tecnologias é a especialista Talyta M. Z. G. Sens, doutoranda em produção vegetal com ênfase em forrageiras.

Segundo Talyta, para ambas as espécies (Kurumi e Missioneira Gigante) é primordial considerar a análise química do solo, seguida da correção e atender a necessidade de nutrientes de cada uma delas. “É preciso tratar essas pastagens como se trata uma cultura convencional, principalmente a necessidade de nitrogênio de 200 kg ha-1 ano-1 para que possam se manter produtivas. Também atentar para a altura de entrada (80 cm para Kurumi e 30 cm para missioneira gigante) e de saída (35 cm e 15 cm, respectivamente)”, reforça.

Talyta enxerga as ações conjuntas com a Coamig como algo benéfico para o produtor. “O objetivo da universidade é formar pessoas para ajudar pessoas. É gratificante ver a cooperativa valorizando nosso trabalho, a pesquisa, e nos dando oportunidade de passar isso para o produtor. Demonstra a preocupação em passar aos seus cooperados informação séria e de credibilidade”.

Nelson Neumann e a esposa Renilda Neumann são cooperados da Coamig há anos e utilizam as duas espécies citadas anteriormente (Kumuri e Catarina Gigante). Segundo os produtores, desde a implantação, a propriedade passou a ter aumento na produtividade nos 8,47 hectares dedicados à produção de leite. Além da assistência da cooperativa, os produtores são assistidos pelo Laboratório de Ciências Florestais e Forrageiras da Unicentro.

Os produtores pretendem aumentar a área de Kurumi por ser um pasto de alta qualidade e com retorno eficiente no leite. Segundo Renilda, é um pasto onde se coloca os animais e logo eles estão saciados. “Já com a missioneira gigante, nossa produção de leite tem batido recorde, mesmo quando é fornecido azevém. Quando elas são colocadas no pasto, aumenta pelo menos 0,5 litros de leite. Quem plantar esses materiais, não vai se arrepender”.

Os produtores destacam a importância da assistência técnica na propriedade e de executar as recomendações para um resultado satisfatório. A assistência técnica na visão deles é sinal de esperança e incentivo para continuar e melhorar a atividade.

A Coamig segue engajada em possibilitar aos produtores alternativas para a melhoria do processo produtivo, considerando as estratégias possíveis de implantação e manejo das áreas dos cooperados. Dessa forma, o departamento técnico continua a estabelecer ações que auxiliem os produtores no fornecimento contínuo de oferta de alimento em quantidade e qualidade, ao longo do ano.

 

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