Centro-sul do PR registra queda na safra de milho, soja e feijão

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Segunda-feira, 26 de abril de 2021

Centro-sul do PR registra queda na safra de milho, soja e feijão

No momento em que a safra de verão 2020/2021 chega ao final, que balanço se poderia esperar do período que, em Guarapuava e região, pendeu entre a estiagem e o excesso de chuva?A REVISTA DO PRODUTOR RURAL traz nesta edição um resumo dos números que vêm do campo, em nível local, estadual e nacional. Apesar do quadro climático, que levou vários agricultores a verem, em alguns momentos, suas lavouras inundadas de água ou de pragas como a cigarrinha, as estimativas e levantamentos da SEAB (dia 22 de março), para o Paraná, e da CONAB (8 de abril), para todo o país, indicam situações diferentes, mais ou menos favoráveis, de acordo com o local e a cultura.

Em Guarapuava e seu entorno, assim como no Paraná, a estimativa é de colheitas menores de milho, soja e feijão. No entanto, no conjunto das lavouras de grãos, o estado tem previsão de colher 42 milhões de t, ultrapassando 2019/2020 (40,90 milhões de t) e 2018/2019 (36,02 milhões de t). No cenário nacional, enquanto soja e milho de novo brilham como destaques, o feijão tem projeção de pouca variação na produção. E somando aquelas e outras culturas de grãos, a perspectiva é a de que o Brasil deva ter mais uma super safra em 2020/2021: 273,8 milhões de t, ou 16,8 milhões de t maior do que em 2019/2020.

MILHO 1ª SAFRA –No âmbito do escritório regional da SEAB em Guarapuava (10 municípios do centro-sul do Paraná), os números indicavam para o milho umvolume menor do que há um ano: de 608,6 mil t em 2019/2020 para 532,9 mil t agora. Se o aumento da área foi de 53 mil para 54,8 mil hectares, a SEAB estima uma redução significativa de produtividade, de 11,4 mil kg/hectare para 9,7 mil kg/hectare.

No contexto estadual, o milho de 1ª safra também registrou expansão de área, de 355,8 mil hectares para 362,6 mil hectares. Porém,igualmente com previsão de menor desempenho: de 10 mil kg/hectare para 8,4 mil kg/hectare. Com isso, a expectativa é de que a produção paranaensese reduza de 3,56 milhões de t na safra passada para 3,07 milhões de t neste período. Já numa visão abrangendo todo o Brasil, a CONAB aponta para uma 1ª safra de milho de 24,5 milhões de t.

MILHO 2ª SAFRA – Se na 1ª safra de milho a colheita foi menor no Paraná, na comparação com o mesmo período do ciclo anterior, a SEAB está estimando para a 2ª safra 2020/2021 um crescimento: a área sobe de 2,31 mil hectares para 2,38 mil hectares. A produtividade, de 5,1 mil kg/hectare, tem projeção de 5,6 mil kg/hectare. Com isso, o volume previsto é se eleva de 11,8 milhões de t de 2019/2020 para 13,3 milhões de t neste ano.

Em nível nacional, a 2ª safra do milho, para a CONAB, tem estimativa de um volume expressivo, de nada menos do que 82,6 milhões de t, ultrapassando os 75 milhões de t do ciclo anterior. A companhia ressalta que, com as três safras, o cereal deve ter uma produção recorde de 108,9 milhões de t.

SOJA – A produção de soja em Guarapuava e região tem estimativa de estabilidadena comparação 2019/2020 com 2020/2021: os 287,3 mil hectares se expandiram para 288,7 mil. A safra deve se manter relativamente estável, passando de 1,16 milhão de t para 1,08 milhão, com produtividade oscilando de 4,0 mil kg/hectare para 3,76 mil kg/hectare.

Com esse resultado, o centro-sul paranaense acompanha a tendência do estado. Em todo o Paraná, a área da cultura variou de 5,47 milhões para 5,58 milhões de hectares, produtividade de 3,79 kg/hectare para 3,59 kg/hectare e produção de 20,7 para 20,08 milhões de t. Na produção nacional, a CONAB estima que a soja tenha um crescimento em relação ao ciclo passado, saindo de uma área de 36,9 para 38,4 milhões de hectares e alcançando 135,5 milhões de t, superando a colheita anterior, que gerou 124,8 milhões de t.

FEIJÃO 1ª safra – Se em 2020/2021, em Guarapuava e região, o produtor de soja se preocupou com o mofo branco e o de milho com a cigarrinha, entre os que cultivam o feijão houve quem tenha visto na 1ª safra a lavoura sofrer – e muito – com a chuva da segunda metade de janeiro (conforme mostrou a primeira edição da REVISTA DO PRODUTOR RURAL de 2021). Segundo a SEAB, o período começou com outro fator, além do tempo, apontando para uma possível redução de produção: a área plantada, de 16,2 mil hectares (do mesmo período do ano passado) se reduziu para 14,6 mil hectares. Mas a produtividade também caiu, de 2,1 mil kg/hectare para 1,7 mil kg/hectare.Assim, o volume final passou de 34,3 mil t para 26 mil, numa retração em torno de 8,3 mil t.

No Paraná, a Secretaria de Agricultura mostra que a área se manteve relativamente estável, passando de 152,3 mil hectares para 151,0 mil hectares. Porém a produção deve cair, de 316,2 mil t em 2019/2020, para 255,3 mil t agora, por conta de uma retração no desempenho, de 2,07 mil kg/hectare para 1,69 mil kg/hectare.

FEIJÃO 2ª e 3ª safras – Enquanto a produção sofreu queda na 1ª safra em Guarapuava e região, para a 2ª safra a projeção da SEAB é de expansão. O plantio aumenta de 30,8 mil hectares para 35,8 mil hectares. O desempenho subiria de 1,19 mil kg/hectare para 1,9 mil kg/hectare, gerando um volume final que, se confirmado, significaria um grande crescimento: de 36,6 mil t em 2019/2020 para 68 mil de t neste ano.

Também para todo o Paraná, a expectativa é de uma 2ª safra maior do que a passada. No comparativo entre 2019/2020 e 2020/2021: o plantio sobe de 219,3 mil hectares para 251,2 mil hectares, com expectativa de que a produtividade suba 1,2 mil kg/hectare para 1,9 mil kg/hectare, resultando numa elevação de 268,2 mil t para 491,2 mil t (para a 3ª safra, até o momento do levantamento ainda não havia projeções).

No Brasil, a CONAB vê que a 1ª safra de feijão (cores, preto e caupi) fica praticamente estável, variando de 1,1 milhão de t para 1,01 milhão de t. A companhia também estima, em nível nacional, uma expansão para a 2ª safra frente a igual momento do ciclo anterior: área sobe ligeiramente, de 1,42 milhão de hectares para 1,45 milhão de hectares, com projeção de desempenho se elevando de 874 para 993 kg/hectare e resultado final subindo de 1,2 milhão de t para 1,4 milhão de t. Os mesmos dados destacam que, considerando-se as três safras anuais, a cultura tem estimativa de crescimento de 2%, totalizando 3,28 milhões de t. 2019/2020 produziu 3,22 milhões de t. No momento do levantamento (8 de abril), a 2ª safra 2020/2021 estava em andamento, sendo que a 3ª inicia a semeadura a partir da segunda quinzena de abril.

Arroz –Também nos cálculos da CONAB, a safra brasileira de arroz tem estimativa de pequenas variações na área, com 1,6 milhão de hectares (+1,4%); na produtividade, com 6,5 mil kg por hectare (-2,1%); e no volume, com 11,0 milhões de t (-0,8%). Em 2019/2020, a colheita resultou em 11,1 milhões de t.

(Da Redação, com informações da SEAB e CONAB)

Produtor avalia safra de verão

Em Guarapuava, o produtor Cláudio Marques Azevedo conversou com a REVISTA DO PRODUTOR RURAL no último dia 5 de abril, quando contou como viu a safra 2020/2021 em suas lavouras de verão. O agricultor avaliou que, num período em que o tempo variou entre estiagem e chuva demais, a produtividade por hectare ficou abaixo do esperado, mas a cotação dos produtos ajudou: “Tivemos uma produtividade menor, tanto no milho quanto na soja. Acredito que tenha sido devido à seca inicial e depois aquele excesso de chuva em janeiro. E no milho, pelo enfezamento causado pela cigarrinha. Mas o que realmente recompensa são os valores das sacas de soja e de milho. Tive cultura de feijão também. Não foi uma grande produtividade, mas teve qualidade de grão, que também teve um bom preço. Podemos dizer que, em tudo o que poderia acontecer de ruim, tivemos uma safra 2020/2021 até boa, salva pelos preços, mas as produtividades com certeza inferiores às do ano passado”.

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