BRS 525: soja convencional para as regiões de altitude

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Quarta-feira, 22 de abril de 2020

BRS 525: soja convencional para as regiões de altitude

Fundação Meridional, EMBRAPA Soja, Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA) e Cooperativa Agrária realizaram, dia 4 de março, numa cerimônia durante Dia de Campo de Verão 2020, promovido pela cooperativa no distrito de Entre Rios (Guarapuava-PR), o lançamento da cultivar de soja BRS 525. Especialmente indicada às áreas de altitude, a variedade tem ciclo superprecoce (GM 5.6) e ótima resistência ao acamamento –características técnicas que são consideradas importantes para os produtores de locais como o centro-sul do Paraná, que está a cerca de 1.000m acima do nível do mar e apresenta temperaturas médias mais amenas, ou seja, bem diferente de grande parte das regiões em que se cultiva a soja no Brasil.

Representantes das instituições parceiras e da cooperativa, em seus pronunciamentos, consideraram o lançamento como um importante avanço, destacando que há vários anos se buscava um material com o perfil desta nova cultivar e enalteceram o trabalho em conjunto que realizaram para chegar àquele momento.

O Diretor-Presidente da Fundação Meridional, Josef Pfann Filho recordou que as parcerias entre as instituições, estabelecidas há mais de 20 anos, visaram fortalecer a pesquisa nacional e mencionou as recentes inovações da EMBRAPA, que considera importantes para a soja, como a Tecnologia Block, que confere tolerância aos percevejos, inseto-praga que causa sérios prejuízos aos produtores de regiões mais quentes. “Em contrapartida, também temos a Tecnologia Shield, de resistência à Ferrugem Asiática da Soja, que é uma grande ferramenta para nós, pois temos as culturas de inverno e assim nossa soja sofre uma pressão muito intensa desta doença no final do ciclo”, completou, referindo-se a locais frios como Guarapuava e seu entorno. “Importante salientar que estas tecnologias não têm royalties. Só se paga pelo germoplasma, tanto Block, quanto Shield. Temos um grande portfólio de cultivares, que têm sido disponibilizadas pela Embrapa, com exclusividade, aos produtores de sementes que integram a Fundação Meridional. Portanto, utilizem isso, consultem seus agrônomos, que os senhores poderão tirar grande proveito desta genética diferenciada”, afirmou Pfann Filho.

Também o Chefe-Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Alvadi Balbinot, elogiou as duas décadas de esforços que culminaram no lançamento da BRS 525: “Quero registrar aqui um agradecimento sincero da Embrapa Soja à Fundação Meridional. Essa é uma parceria que já tem uma história muito sólida. Já gerou várias cultivares de soja, de trigo, triticale, que vão ao encontro das necessidades dos agricultores. A gente só está lançando esta cultivar, por conta desta parceria de sucesso”. Balbinot assinalou ainda que os custos de produção da nova cultivar se equiparam aos das variedades geneticamente modificadas: “Acreditamos que isso atenda, em grande parte, à necessidade dos produtores que querem produzir uma cultivar convencional, pois tem o mesmo custo de produção e com potencial de produtividade que não deve nada a nenhuma transgênica”.

Representando, na ocasião, o Secretário de Estado da Agricultura (SEAB), Norberto Ortigara, o Diretor de Extensão Rural da Emater, Nelson Hager, rememorou que lançar uma soja com este perfil para locais de altitude e mais frios, era um antigo anseio da pesquisa: “Me lembro, há mais de 10 anos, que a Fundação Meridional, a Embrapa, em parceria com a Agrária, colocavam isso como objetivo: disponibilizar mais materiais para regiões altas, que não acamem, e acho que isso está se tornando cada vez mais uma realidade, uma opção a mais para os agricultores que estão ali. Parabéns à Agrária, à Embrapa, à Fundação Meridional por esta conquista”. 

Em entrevista, o Presidente da Agrária, Jorge Karl, destacou entre os pontos positivos da BRS 525, o fato de que existem, atualmente, nichos de mercado interessados na soja não OGM: “Esse material convencional, hoje, é procurado. Existe um diferencial para este tipo de produto no mercado. E ele tem praticamente os mesmos potenciais produtivos das demais variedades, o que acaba sendo um diferencial competitivo em termos de custo e também de rendimento. Existem mercados específicos que procuram materiais não transgênicos. Então a BRS 525 atende plenamente a tudo isso”. 

Ao final do lançamento, Josef Pfann Filho procedeu à entrega simbólica de sementes da nova soja a Nelson Hager e Alvadi Balbinot a Jorge Karl. 

Participaram também da cerimônia outras autoridades da SEAB e da EMATER; o vice-presidente da Agrária, Manfred Majowski; o pesquisador Vitor Spader, que conduziu os testes de VCU e os ensaios regionais da FAPA com a nova cultivar de soja; o gerente executivo da Fundação Meridional, Ralf Udo Dengler; ao lado de um grande número de produtores rurais.

 

(BOX BRS 525 – CARACTERÍSTICAS)

BRS 525 - Características e Posicionamento Agronômico

 

De acordo com a Embrapa, a BRS 525 tem maior potencial de produtividade em altitudes acima de 700m. A cultivar é indicada para sucessão trigo-soja, com semeadura desde meados de outubro até início de dezembro. A Embrapa lembra que algumas características agronômicas da cultivar podem apresentar variação com o ano, a região, o nível de fertilidade do solo e a época de semeadura. A empresa recomenda que o produtor consulte sempre um engenheiro agrônomo.

 

Empresa: EMBRAPA Soja

Parcerias: Fundação Meridional, FAPA e Agrária

Genética: Convencional (não-transgênica)

Ciclo: Superprecoce

Grupo de maturidade: 5.6

Tipo de crescimento: Indeterminado.

Resistências: Ao acamamento e às principais doenças da soja, incluindo Podridão Radicular de Phytophthora e Podridão Parda da Haste (Phialophora).

Altitude: Maiores produtividades alcançadas em locais com altitude acima de 700m acima do nível do mar

Hilo: Claro.

Solos: Deve ser semeada em solos de alta fertilidade.

Região edafoclimática de adaptação:

REC 102:

Rio Grande do Sul (Missões, Planalto Médio, Alto Vale do Uruguai Leste/Oeste)

Santa Catarina (Oeste, Meio-Oeste, Nordeste)

Paraná (Sudoeste)

REC 103:

Santa Catarina (Centro-Norte e Serra Geral)

Paraná (Centro-Sul)

São Paulo (Sul).

 

(Fonte: Catálogo de Cultivares 2019/2020 - Embrapa / Fundação Meridional)

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