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Quarta-feira, 08 de março de 2023

Pesquisas e tecnologias em soja, milho e feijão

Pesquisas e tecnologias em culturas tradicionais de verão da região de Guarapuava, como soja, milho e feijão, foram divulgadas nos dias 15 e 16 de fevereiro, no Dia de Campo de Verão da Cooperativa Agrária, realizado na Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA).

O evento contou com 50 empresas e entidades, apresentando soluções para o agronegócio. Para completar a programação, foram realizadas palestras simultâneas com os pesquisadores da FAPA e mais três palestras principais com convidados, sobre os temas de aplicação de defensivos, clima e mercados agrícolas.

“O Dia de Campo de Verão da Agrária é muito importante, porque temos praticamente 100% de cobertura das áreas de cultivo nessa época do ano, principalmente com soja, milho e feijão. A relevância é tanto econômica, como estratégica para os cooperados e para a Cooperativa. É o auge da comunicação e difusão de novas tecnologias e estratégias de manejo”, observa Viviane Schüssler, Gerente Agrícola e Social da Agrária.

O Dia de Campo 2023 contou com o patrocínio ouro da FMC, Nortox, Oro Agri e Pioneer, patrocínio prata da Adama, Ascenza, Biotrop, Cresol, Ihara, Inquima e Sumitomo Chemical e patrocínio bronze da Master, Solferti e Sicredi. 

 

Programação técnica tratou de temas relevantes para o produtor rural planejar as próximas safras. Confira um resumo das principais palestras:

Tecnologia de aplicação de defensivos

Carlos Alberto Tadei

“Quando o produtor pensar na pulverização agrícola, primeiramente precisa observar a qualidade da água que tem na propriedade. Se ele pega a água de um lago, caixa de água, ou de um rio, precisa observar se tem uma boa qualidade, se não tem lodo, argila ou areia, por exemplo. Como segundo passo, ele precisa analisar como está o pulverizador. Não importa se seja um costal ou autopropelido, com alta tecnologia ou não. A máquina pode estar usada, mas deve estar funcionando como se fosse um carro novo. Ele precisa observar se está limpa por dentro, assim como todo o circuito, mangueiras, tanque, bomba, tubulação de inox, se houver. Se não tiver bem lavado, hoje existem produtos que o produtor adiciona na água dentro do tanque, deixa por um tempo em agitação e enxágua a máquina inteira. Ele arranca todas as pontas de pulverização, deixa os porta-bicos livres para sair tudo. Faz de conta que está aplicando, escolhendo um lugar seguro, onde ele possa descarregar toda a sujeira do tanque. Com isso, o próximo passo é escolher jogos de pontas para trabalhar, ponta de gota grossa, média ou fina. Para isso, é preciso analisar o tipo do princípio ativo do produto dele. Alguns têm modo de ação sistêmico, outros de contato. Jogos de gota média ou grossa são para modo de ação sistêmico e de contato, a gota fina é melhor. Depois de analisados estes fatores, ele não pode esquecer de forma alguma da condição climática. Muitas vezes, eu sei que o agricultor se aperta porque tem muita área e pouco tempo para fazer aplicação. Mas é preciso respeitar as condições climáticas ideais. Por exemplo, eu vou aplicar um determinado herbicida e ele tem um modo de ação do princípio ativo que é contato. Então, eu não posso usar uma gota grossa para evitar deriva. Vou ter que usar uma gota de média para fina, vou aplicar em um horário de vento? Não pode. Muitas vezes a melhor aplicação é não fazê-la. Espera algumas horas ou aplica no dia seguinte. Com gota grossa, se estiver ventando pouco, tudo bem. Mas sempre é preciso colocar a qualidade da aplicação em primeiro lugar, depois vem o rendimento”.

 

Perspectivas climáticas para 2023

Marco Antonio dos Santos – agrometeorologista da Rural Clima

“A curto prazo, podemos esperar para a região de Guarapuava ou para o sul do Paraná, muitas chuvas. Essa é a tendência. Essas chuvas serão quase que diárias e vão ocorrer até meados de março. Isso pode afetar um pouco o andamento da colheita e do plantio do feijão. O produtor tem que olhar mais de perto estas previsões para ir ao campo. Já o mês de abril, não deve ser tão chuvoso na região. Será um pouco mais seco, com períodos mais alongados entre uma chuva e outra. A partir do final de abril e entre maio e junho, há uma tendência de chuvas ótimas. Como aconteceu no ano passado, onde o outono e inverno foram bons. A grande vantagem em relação ao ano passado será em relação ao frio. A probabilidade de ocorrer geadas precoces neste ano é menor. Não é nula, mas as chances são muito menores. Quando se olha a longo prazo, no segundo semestre de 2023, a tendência é a mesma que aconteceu em 2022: no final de inverno, início de primavera, as chuvas vieram mais cedo, mas não em grandes volumes. É bem provável que seja um ano com outono e inverno úmidos. E até mesmo no início de primavera. Dando assim condições tanto para o plantio do milho lá na frente, quanto para o plantio da soja. E para o trigo, a cultura de inverno marcante, não vejo grandes problemas para o momento da colheita em relação ao clima”.

 

Mercados Agrícolas e Inovação

Allysson Paolinelli

Para encerrar a programação do Dia de Campo de Verão, subiu ao palco um convidado especial: o ex-ministro da agricultura Allysson Paolinelli. Engenheiro-agrônomo, professor, deputado, secretário de Agricultura, Ministro da Agricultura, entre outras funções, Paolinelli tem uma longa história na agricultura e carreira pública no Brasil. Atualmente, ele é presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).

Além de tantos cargos importantes, ele é considerado o grande líder da Revolução Agrícola do Brasil, que ocorreu a partir de 1970, sendo um dos responsáveis pelo país ser autossustentável e grande exportador de alimentos.

Sua fala durante o evento, relembrou alguns passos importantes para o agronegócio nacional, em que esteve diretamente envolvido. Fundador da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), responsável por desenvolver tecnologias agropecuárias importantes, ele citou, por exemplo, o desenvolvimento do Sistema de Integração Lavoura-Pecuária, que tem proporcionado aproveitamento de áreas e bons rendimentos para os produtores. “A Embrapa nos deu essa preciosidade de lavoura-pecuária que está recuperando áreas degradadas a custo zero e as transformando nas mais produtivas áreas. Você coloca lavoura, animal e floresta. Na minha fazenda eu faço isso há 20 anos. Tem anos que eu coloco até 10 animais/hectare. Dá excelente resultados. E ainda tenho o rendimento das lavouras”, comentou.

São tecnologias como essa, segundo Paolinelli, que permitem que, hoje, o Brasil produza mais de 70 milhões de hectares, anualmente.  “Passamos de importadores de alimentos, para exportadores. Só em 2022, foram mais de US$ 154 bilhões exportados do agronegócio. Este é o Brasil que venceu, mas temos muitas lutas pela frente”, ressaltou.

O ex-ministro citou sua preocupação com o sistema político brasileiro e disse que há mais de 40 anos, os governantes têm sido irresponsáveis com o país. “Eles quebraram o Tesouro Nacional com a excessividade de gastos”, lamentou.

Em um discurso direcionado aos jovens, Paolinelli convocou as novas gerações para que ocupem cargos de liderança e lutem contra o sistema, mudando a realidade brasileira. “Acredito em vocês, passem pela universidade, estudem, se preparem. Porque o Brasil precisa muito de vocês”, apelou.

 

Palestras da FAPA

Confira os temas das pesquisas divulgadas pela FAPA, nesta edição do Dia de Campo de Verão:

Estação A
Manejo de cultivares de feijão - Eduardo Pagliosa (FAPA)

Estação B

Heraldo R. Feksa (FAPA)
Interação entre fatores climáticos X complexo de doenças X fungicidas X indutores na cultura da soja

Estação C

Everton Makuch (FAPA)
Soja convencional, importância no sistema de cultivo e lançamento de novas cultivares

Estação D

Alfred Stoetzer e Vitor Spader (FAPA)
Cultura do milho: oportunidades e desafios para altas produtividades

Estação E

Prof. Dr Rone Batista de Oliveira (UENP) e Rodrigo Ferreira (FAPA)
Desafios da tecnologia de aplicação

Estação F

Manejo biológico de doenças - Cristiane Gardiano (FAPA)

Manejo da cultura da batata - Flávia Panizzon Diniz (FAPA)

 

Sindicato Rural participa do Dia de Campo de Verão

O Sindicato Rural de Guarapuava participou do Dia de Campo de Verão com estande com o Sistema FAEP/Senar. O local foi um ponto de confraternização de sócios e parceiros da entidade e informações sobre os serviços e ações da entidade, bem como de todo o Sistema FAEP/Senar.

 

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