Leite: encontro destaca eficiência

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Segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Leite: encontro destaca eficiência

Um evento técnico realizado em Candói deixou aos produtores de leite uma mensagem: mesmo em tempos de preços bons, o mercado atual exige que, da porteira para dentro, a propriedade leiteira dê atenção à eficiência – fazer mais com menos, elevando resultados técnicos (pensando na qualidade do produto final) e de rentabilidade. Realizado pelo Instituto EMATER, Prefeitura Municipal de Candói e COACAN, dentro da programação da XVI Festa Nacional do Charque, o Encontro Municipal de Produtores de Leite, dia 24 de agosto, no Centro Cultural do município, registrou a presença de produtores locais e da região. Na abertura, estiveram presentes e realizaram pronunciamentos autoridades e lideranças, como o vice-prefeito do município, Christian Piccolo, vereadores, e a gerente da regional da EMATER em Guarapuava, Gilca Angélica Leite Ferreira.

Em entrevista, ela lembrou que o encontro daquele dia era parte de uma série, voltada a divulgar conhecimento. “Ontem (23), tivemos um evento em Palmital, com cerca de 100 produtores. Em Candói, por ser um município estrategicamente localizado, perto de outros que também têm bovinocultura de leite como importante fonte de renda, optamos por fazer um encontro microrregional. Temos aqui os municípios de Goioxim, Pinhão, Foz do Jordão e Cantagalo”, elencou.

Gilca observou ainda que a EMATER realiza também o projeto Leite Competitivo Sul. De acordo com a gerente regional, a iniciativa já está em funcionamento há três anos e, no centro-sul do Paraná abrange todos os 12 municípios da regional do instituto em Guarapuava: “A proposta é concentrar alguns esforços em algumas famílias produtoras de leite, para que a gente gere índices e parâmetros técnicos para a irradiação de tecnologia”. Para coordenar a iniciativa nas regiões abrangidas, detalhou Gilca, a instituição tem buscado, em seus quadros, profissionais que atuam a campo. Em Guarapuava e região, a tarefa é atualmente exercida por um dos palestrantes do encontro daquele dia, o veterinário Mateus Poczynek.

Responsável pela primeira apresentação, Poczynek abordou a importância do correto preparo e acondicionamento da silagem de milho para a produção de leite. A segunda palestra ficou a cargo de outro veterinário, Leonardo Rubin, que enfocou índices de produção. Durante o evento, a REVISTA DO PRODUTOR RURAL conversou com os dois palestrantes.

Palestras

Silagem de milho – como reduzir as perdas e os custos de produção

Médico veterinário Mateus Poczynek (EMATER)

“As perdas no processo de silagem atingem patamares próximos a 50% da massa ensilada. Para reduzir essas perdas a gente preza pelo controle do processo: colher o material no ponto correto, fazer a picagem adequada, ter o cuidado com a compactação. O ar é o grande vilão das silagens. Precisa ser retirado no processo de compactação. A silagem não pode estar morna, quente. Se está esquentando, é porque estou tendo liberação de energia. Se estou perdendo energia, estou perdendo nutrientes. Com isso, o produtor vai fornecer um alimento pior e vai precisar suplementar mais, gastar mais com ração, com concentrados, para atingir a mesma produção que ele iria atingir com aquela silagem – se fosse bem feita, se não esquentasse. A palavra eficiência precisa estar em pauta. Posso ter um bom preço de leite, mas se não sou eficiente vou ter custo alto de produção. Com isso, minha renda não vai ser boa. Se a gente pensar em momentos de preço mais baixo, isso piora. A necessidade de ser mais eficiente, otimizar os recursos é ainda maior”.

Indicadores de produção em propriedades leiteiras

Médico veterinário Leonardo Rubin (Nutrifarma)

“Cada vez mais, a vaca tem que comer menos para produzir mais. Só que esse ‘menos’ tem que ter alta qualidade. Essa alta qualidade vem com o conhecimento, que é o que todo mundo está buscando aqui. Existem três pilares: o de nutrição, o genético e o sanitário. Quando você tem o conhecimento destes três pilares, é quando acontece essa eficiência. Tem que mudar a comida? Não necessariamente. Costumo ver que as vacas são alimentadas de manhã, após a ordenha, e de tarde, após a ordenha. Se a gente simplesmente colocar essa quantidade total diária, dividir em três e não em duas vezes, a vaca já fica mais eficiente. Foi o manejo que mudou. Não mudei alimento, não coloquei produto nenhum. Cada vez mais, a gente tem que buscar conhecimento. A genética está evoluindo, a parte sanitária também. É óbvio que doenças também evoluem. A parte de alimento também está evoluindo. Só não tem conhecimento, hoje, quem não quer: é Google, revista, o vizinho, o órgão, a cooperativa. Então, não tem desculpa”.

 

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