Pastagens degradadas e áreas declivosas

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Quinta-feira, 18 de maio de 2017

Pastagens degradadas e áreas declivosas

O Plano Integrado de Desenvolvimento de Bovinocultura de Corte no Paraná foi iniciado em 2015 e desde então vem sendo promovidas ações em várias regiões do Estado, em busca de uma pecuária mais moderna e, principalmente, mais eficiente. Uma dessas ações são os dias de campos promovidos periodicamente com assuntos adaptados a cada região. No dia 11 de abril foi a vez de Guarapuava sediar mais um destes eventos. A programação iniciou pela manhã, no Sindicato Rural de Guarapuava, com palestras voltadas ao debate do cultivo das pastagens na integração lavoura-pecuária e recuperação de pastagens degradadas em áreas declivosas.

À tarde, a programação continuou em uma propriedade rural, com a demonstração de uma máquina que aplica calcário, adubo e também faz a distribuição de sementes em áreas declivosas.

Cerca de 70 agropecuaristas e técnicos participaram do evento. O presidente do Comitê Gestor Estadual Pecuária Moderna, Rodolpho Luiz Werneck Botelho, que também é presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, disse que a intenção desses dias de campo é promover a troca de ideias, além de mostrar que há muitas propriedades produzindo com qualidade e com resultados econômicos satisfatórios. Ele citou dois pontos que estão sendo priorizados no plano: “estamos trabalhando fortemente em cima da gestão e, além disso, visando transformar o pecuarista em um produtor de pasto. Ele precisa entender que a base da pecuária é o pasto”.

Modelos de Integração Lavoura-Pecuária para a região subtropical do Paraná

Sebastião Brasil, professor da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)

“As regiões subtropicais são mais frias e possuem maior dificuldade para a produção de espécies tropicais no período de verão e de forragens de inverno nas áreas de lavoura. Nossa intenção foi mostrar as formas de integração que podem se adaptar. Uma delas é com culturas perenes ou utilizando a agricultura para fornecer alimentos suplementares aos animais, seja em forragem conservada, na forma de feno, pré-secado ou silagem. Apresentei também os resultados das pesquisas desenvolvidas em 2016, no departamento de Agronomia da Unicentro, onde tivemos a produção de soja, milho, sorgo, cevada, trigo, azevém e aveia; mostrando que é possível produzir no outono, uma época do ano considerada complicada. Basta antecipar essas lavouras para manter o solo permanentemente coberto e com alta produção. O grande problema do produtor, sendo pecuarista ou não, é a descrença em sistemas novos ou diferentes daqueles que estão acostumados a produzir. Às vezes, é um despreparo dos técnicos que os auxiliam, ás vezes é o medo de ser inviável. Hoje, na região de Guarapuava, o produtor está perdendo dinheiro por não estar aproveitando as áreas da melhor maneira. E o que está interferindo nisso, principalmente, é a vontade de fazer. Se ele não tiver vontade de melhorar, nada adianta”.

Manejo de forrageiras de inverno, produção a pasto e recuperação de pastagens degradadas em áreas declivosas

Elir de Oliveira, pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar)

“No Brasil, segundo vários autores, 70% das pastagens estão degradadas ou seguindo para o processo de degradação. Isso, principalmente, por mau manejo, superpastejo e falta de adubação no solo. Muitas vezes, o produtor faz análise do solo em áreas de soja e milho, mas não trata a pastagem da mesma forma. A forrageira, às vezes, tem potencial para durar até 30 anos, mas não tem como subsistir por falta de nutrição. O superpastejo faz com que a planta não faça fotossíntese (por não ter folha) e vai eliminando as raízes. Uma das formas de fazer a recuperação nas pastagens é a integração lavoura-pecuária, plantando grãos nestas áreas. Há casos em que o pecuarista não tem estrutura para plantar grão, mas pode fazer parceria, arrendando esta área para plantar as culturas de verão e no inverno ele entra com as forrageiras. Agora o outro lado é a produção de pastagens em áreas declivosas. Se retirarmos a região noroeste do Paraná, do arenito, 80% das pastagens estão em áreas declivosas. E estas áreas são, normalmente, com alta fertilidade, só que falta, principalmente, o fósforo. Para aproveitar estas áreas, deve ser feita a análise do solo, corrigir o que for necessário e realizar a adubação nitrogenada, pois o nitrogênio é o combustível da planta. O ideal também é introduzir aveia, azevém precoce e também alguma leguminosa como o trevo ou ervilhaca. É uma forma de melhorar o solo e ter produção de pastagem no inverno. No verão, nesta mesma área, dependendo do diagnóstico, pode ser feita a sobressemeadura do capim aruana, que é bastante tolerante ao frio. A semente dele nasce quando é jogado ao solo, não precisa incorporar, é uma pastagem de alta qualidade, que chega a um teor de 18% de proteína e produz semente o ano inteiro. Desta forma, o produtor aproveita estas áreas que quase sempre são subutilizadas ou até perdidas”. 

 

Máquina auxilia na recuperação de pastagens em áreas declivosas

Integrando a programação do Dia de Campo Pecuária Moderna os participantes puderam conferir o Distribuidor a sopro AG, na propriedade agroleite de Elton Lange (Chapada do Jordão).

A máquina produzida pela AG Metal (Massaranduba – SC) vem sendo demonstrada em todo o Paraná na busca de auxiliar pecuaristas que possuem áreas declivosas (áreas de relevo acidentado).

Trata-se de um implemento agrícola acoplado a um trator que lança calcário, gesso, adubo orgânico (cama aviária) ou químico e sementes de forrageiras em áreas declivosas.

Laércio Vegini, sócio proprietário da empresa, desenvolveu o primeiro modelo da máquina em 2002 e concluiu o projeto sete anos depois. Em 2010, redirecionou o projeto para bananicultores, que precisavam de um equipamento para lançar insumos nas áreas acidentadas. “O equipamento é um transportador e lançador de calcário, montado sobre um eixo, que pela força do trator movimenta uma turbina, produzindo uma pressão para o arremesso lateral do produto, podendo atingir até 30 metros”, explica.

Vegini conta que a parceria com o Plano Pecuária Moderna no Paraná iniciou em 2014, quando expôs a máquina no Show Rural Coopavel. Representantes do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) conheceram o produto no evento. “O Elir conversou comigo e contou que estava com esse projeto de recuperação de pastagens degradadas em áreas declivosas. A princípio, colocamos duas máquinas em teste, acabou dando certo e já estamos, há quatro anos, vendendo a máquina no Paraná”.

Do projeto original, a empresa se propôs a fazer adaptações para utilização nas pastagens do Estado. Algumas delas foram a velocidade do equipamento, rotação para adaptar principalmente para aplicação de sementes e também um protetor da esteira para gerar mais capacidade de carga.

Atualmente, a AG Metal comercializa a máquina em quatro modelos: Distribuidor AG 2000x (capacidade de 2 toneladas); Distribuidor AG 3000x (capacidade de 3 toneladas); Distribuidor AG 5000x (capacidade de 5 toneladas); e acoplada em caminhão (que chega até 10 toneladas de capacidade).

No Paraná, O Distribuidor AG, além de estar sendo utilizado para a pecuária, está auxiliando na produção de peixes, com a alimentação e calcareamento dos açudes.

Pecuaristas filiados ao Plano Pecuária Moderna, apresentando a carteirinha, têm 10% de desconto ao adquirir o implemento.

O pecuarista Elton Lange, que recebeu a máquina em sua propriedade, aprovou o implemento. “Na nossa região temos muitas áreas declivosas. A demonstração que tivemos foi muito boa, porque tanto morro a cima quanto morro a baixo, pudemos ver que ela atinge o objetivo, que é jogar até 30 metros”, avaliou.

Segundo Lange, a área em que o Distribuidor AG esteve em ação é utilizada para pastejo, mas não é feito investimento, justamente pela dificuldade de aplicação. "Acaba sendo uma área subutilizada. Portanto, seria um equipamento muito viável. Acredito que não só na minha propriedade, como em muitas da região. E como o Elir sugeriu, poderia ser adquirida por meio de uma parceria entre produtores”. 

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