Uma diversificação com sabor de futuro

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Sexta-feira, 31 de março de 2017

Uma diversificação com sabor de futuro

Para o produtor rural Evaldo Anton Klein, o ano de 2017 começou com pelo menos uma boa expectativa: obter sua primeira safra de noz pecã. Ao receber a reportagem da REVISTA DO PRODUTOR RURAL, no último dia 19 de dezembro, ele percorreu o pomar, implantado em sua propriedade, na localidade rural de Banhado Grande, em Guarapuava, sem poupar tempo nesta tarefa nem elogios àquela que disse considerar como uma excelente opção de diversificação para suas atividades (milho, soja, trigo, ovinos e bovinocultura).

Conforme explicou, em sua avaliação, independente do volume que poderá ser obtido nesta colheita inicial, a propriedade já ganha com a decisão, porque a cultura representa uma possibilidade de renda num mercado que produtores nacionais e empresas do setor da pecã consideram promissor, já que hoje o Brasil importa a maior parte do produto consumido no país.

Enquanto percorria as linhas de plantio das árvores, que agora já apresentam galhos e folhas que lembram o típico aspecto de um pomar de pecã, ele contou que a ideia surgiu há cerca de seis anos e meio. O objetivo era tentar aproveitar melhor um local de declive onde antes existia somente pasto. Iniciada em 2011, a área de 12 hectares seria estendida gradativamente  até chegar aos atuais 20 hectares. Mas para isso, a decisão, desde o início, visava implantar um sistema produtivo. Não seria somente plantar algumas mudas para ver se daria certo. A meta era estabelecer um pomar corretamente e obter, no tempo próprio da cultura, safras a serem comercializadas para gerar mais uma receita anual.

Por isso, ressaltou Klein, o início representou decisão técnica e investimento, por meio da correção de solo com calcário. “Foi bastante, uns cinco ou seis mil quilos por hectare, com calcítico e dolomítico”, relembrou.

Já na hora de definir parâmetros de plantio e buscar mudas e orientação sobre a condução, outra medida foi recorrer à uma empresa do setor de pecã – em seu caso, Viveiros Pitol, de Anta Gorda (RS). No espaçamento, disse o produtor, a medida utilizada foi de nove metros. Perguntado sobre doenças e/ou pragas na condução do pomar até o momento, KIein relatou a ocorrência de serrador. Mas, avaliou, “deu para controlar”.

Ainda conforme acrescentou, outro ponto positivo da cultura é a possibilidade de se consorciar com a pecuária. Na propriedade, por enquanto, explicou, a opção tem sido pelo consórcio pecã-ovinos: “Ajuda a limpar, manter o campo limpo”. Futuramente, complementou, a ideia é trazer ao pomar também os bovinos, mantidos numa área próxima. Mas não é só. Para Klein, por causa do consórcio, a pecã se torna uma diversificação que traz também otimização da área: “Agora o local vai ser aproveitado para noz pecã, ovinos e bovinos. Vai ter uma tripla função”,.

Toda esta esperança, resumiu, se direciona agora à primeira safra. “A expectativa é boa. Só não se sabe a produção. Temos que colher primeiro”, assinalou.  Já pensando em comercialização no mercado brasileiro, no curto e no longo prazo, o produtor rural também se mostrou otimista com as perspectivas. “O Brasil está importando 80% de noz pecã”, concluiu, considerando que este quadro deverá ajudar nas vendas.  

Em Anta Gorda (RS), também o diretor comercial dos Viveiros Pitol, Leandro Pitol, disse ter, para 2017, uma boa expectativa quanto à colocação da produção nacional de pecã no mercado. Lembrando que a empresa, além de produzir e vender mudas de nogueiras há 40 anos, compra as nozes para industrializar, informou que o preço ao produtor (pecã com casca), naquele momento, era de cerca de R$ 10,00 o quilo. Para ele, durante este ano, a cotação deverá oscilar em torno deste patamar. O diretor comercial recordou ainda que, na ponta da industrialização, hoje vários são os produtos à base de pecã, como a noz moída em diferentes espessuras, para facilitar seu uso culinário ou no setor de confeitaria.

Para Guarapuava e região, onde a empresa iniciou há alguns anos a venda de mudas de pecã (com encomendas feitas junto ao Sindicato Rural), Pitol acrescentou antever um cenário favorável para 2017. “A gente está com uma expectativa de ter uma venda boa”, afirmou, destacando que as visitas técnicas são outro aspecto que a empresa considera fundamental. “A pós-venda nos dá credibilidade, de não só estar vendendo o produto, mas visitando os clientes. Esse é o nosso diferencial”, definiu. O diretor comercial estimou que em Guarapuava e região, os produtores que optaram pela pecã são mais de 50, desde que os que plantaram pequenas quantidades até os que adquiriram centenas de mudas.

 

Da América do Norte para o Sul do Brasil

 

De acordo com várias fontes, a nogueira pecã (Carya Illinoensis) é uma árvore originária da América do Norte, ocorrendo numa região que abrange parte do México e do Sul dos Estados Unidos. Atualmente, diversos são os estados norte-americanos que produzem a fruta.

No Brasil, conforme dados da EMBRAPA divulgados no site da instituição, o cultivo e a produção da pecã acontecem principalmente no Sul, com destaque para Rio Grande do Sul. Favorecida pelas condições climáticas, a pecã nesta região é resultante de ações de incentivos governamentais na década de 60 e 70 do século passado, que deram origem aos principais plantios comerciais.

Hoje, vários produtores brasileiros veem na cultura uma alternativa de diversificação, para trazer renda extra ao lado de outros sistemas produtivos da agropecuária. Para suprir a necessidade de informação técnica, empresas do segmento da pecã ou instituições de pesquisa têm promovido cursos ou reuniões. Nestes encontros, conhecedores da cultura destacam pontos importantes para quem pensa em entrar na atividade.

 

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