Resposta da cultura da soja à adubação com enxofre e boro

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Quarta-feira, 17 de junho de 2020

Resposta da cultura da soja à adubação com enxofre e boro

INTRODUÇÃO

No cenário da agricultura atual é indubitável que o maior patrimônio do produtor rural é o solo. Porém, ainda há muitos obstáculos a serem superados quando nos referimos a fertilidade do solo e neste contexto existem dois nutrientes essenciais para as plantas que há muitos anos vêm sendo esquecidos na adubação: enxofre (S) e boro (B).

Por meio de uma extensa revisão bibliográfica em relação à resposta de enxofre nos solos em todo o Brasil, Pias et. al 2019, concluíram que a maior parte dos solos do Brasil são deficientes nesse nutriente e que nas culturas de feijão, milho e soja as respostas são positivas para adubação de enxofre em 50, 46 e 35% dos casos, respectivamente. Outra importante conclusão desse estudo foi que o enxofre aumentou a produtividade de grãos em uma média de 16% nas culturas avaliadas.

O micronutriente boro, por sua vez, também é deficiente na maioria dos solos do Brasil, geralmente relacionado a textura do solo e a teor de matéria orgânica.

Vários são os pontos que levam a alta probabilidade de resposta das culturas a aplicação de enxofre e boro, entre eles destacam-se:

- Ânions de fraca ligação, como o sulfato, têm dificuldade de se ligar as cargas do solo o que faz com que sejam facilmente lixiviados, junto com outros íons como boro;

- Estima-se que respectivamente 77, 72 e 97% dos fertilizantes nitrogenados, fosfatos e potássicos utilizados na agricultura não possuem enxofre na sua composição (Vitti, et. al, 2015);

- Os adubos de base com boro geralmente não possuem uma quantidade necessária para suprir a demanda da cultura;

- Uma lavoura de soja com produtividade de 80 sc ha-1 exporta, ou seja, retira do solo em média 25,9 kg ha-1 de enxofre e 96 g ha-1 de B, e a falta de reposição por sucessivos anos leva ao esgotamento dos níveis do solo (EMBRAPA, 2013);

As deficiências de S e B no solo também se confirmam na realidade de Guarapuava e região, onde a reposição de enxofre e boro é muito baixa ou quase nula, e esse problema ainda se agrava quando levamos em conta áreas que também têm extração de nutrientes no inverno, seja por pastejo ou cultivo de cereais de inverno, afirma Leandro Bren engenheiro agrônomo da Agro 10 Assessoria Agropecuária. Outros trabalhos de pesquisa realizados na região também vêm mostrando, ano após ano, respostas muito significativas a nutrientes como enxofre, boro e zinco.

Com o objetivo de minimizar os efeitos negativos da deficiência de S e B, foi estudado os efeitos de doses crescentes de Sulfugran B-Max 2%, tecnologia exclusiva da Compass Minerals para fornecimento de enxofre e boro para o solo, na produtividade e componentes de rendimento da cultura da soja.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

            O estudo foi realizado na estação experimental da Agrisus Brasil, em Guarapuava-PR, na cultura da soja safra 19-20. Foram testadas cinco doses (0, 20, 40, 60 e 80 kg ha-1) de Sulfugran B-max 2%, o produto é composto por 72,5% de S e 2% de B, aplicado a lanço 15 dias antes da semeadura. A área em que o experimento foi instalado apresentava teor médio de S (8,25 mg/dm3) e baixo de B (0,3 mg/dm3), ambos na camada de 0 a 20cm. A adubação de base foi realizada com 350 kg ha-1 do formulado 04-28-20 em solo de textura argilosa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi observado que o uso de Sulfurgran B-max aumentou a produtividade da soja, e que todas as doses utilizadas apresentaram incremento na produtividade quando comparado ao tratamento controle. A maior produtividade (3.673 kg ha-1) foi obtida por meio da dose de 40 kg ha-1 do produto e incrementou a produtividade da soja em 8,22%, ou seja, 4,6 scs ha-1. Ao observar a linha de tendência da regressão, observou-se que produtividade de máxima eficiência foi de 3.633 kg ha-1, obtida com a aplicação de 53,07 kg ha-1 de Sulfurgran B-max, o que significa incremento de 7,03% (Figura 1).

Figura 1. Produtividade (kg ha-1) da cultura da soja em função de doses crescentes

de enxofre e boro via Sulfurgran B-max.

 

O resultado obtido com a tecnologia Sulfurgran B-max vai de encontro com as expectativas de resposta desses nutrientes nos solos da região de Guarapuava. Além dos níveis dos nutrientes no solo, as condições climáticas também podem ter ajudado no potencial de resposta da cultura da soja, pois a safra 19-20 teve índices pluviométricos abaixo da média histórica e isso faz com que a planta tenha uma maior dificuldade em absorver os nutrientes do solo.

Verificou-se que a massa de mil grãos apresentou comportamento semelhante ao observado para produtividade, ou seja, o uso de Sulfurgran B-max proporcionou aumento da MMG da cultura da soja. A maior MMG (175, 50 g) foi verificada na dose de 40 de Sulfurgran B-max, e quando comparado ao controle incrementou a MMG em 6,88%.

O aumento no peso de grão devido a adubação com enxofre pode ser explicado pelo fato desse nutriente estar envolvido na formação de aminoácidos e proteínas, controle hormonal e fotossíntese. A resposta ao boro também está atrelada ao papel que esse nutriente desempenha no transporte de açúcares da fonte até o dreno, garantindo que o potencial de produção armazenado na folha seja repassado ao grão.

 

CONCLUSÃO

O uso de Sulfurgran B-max demonstrou efeito positivo na produtividade e nos componentes de rendimento da cultura da soja.

A dose que apresentou os melhores resultados foi a de 40 kg ha-1, esta dose proporcionou incremento na produtividade, massa de mil grãos, número de vagens por planta e número de grãos por planta de 8,22%, 11,30%, 7,93% e 14,55%, respectivamente.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

Embrapa Soja. Tecnologias de produção de soja – Região Central do Brasil 2012 e 2013. Londrina, 2011. p. 79.

Pias, O. H. C., Tiecher, T., Cherubin, M. R., Mazurana, M. Crop yeld responses to súlfur fertilizantion in Brazillian no-till soils: a systematic review. Revista Brasileira de Ciência do Solo. 2019, 43.

Vitti, G. C., Otto, R., Savieto, J. Manejo do Enxofre na Agricultura. Informações Agronômicas, International Plant Nutrition Institute – Brasil, 2015, n° 152.

 

 

 

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