Orelhanos: 30 anos de tradição campeira

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Segunda-feira, 19 de março de 2018

Orelhanos: 30 anos de tradição campeira

Um momento que destacou mais uma vez o tradicionalismo em Guarapuava: realizado de 23 e 25 de fevereiro, na pista de laço do CTG Fogo de Chão, à margem da PR 170, o Encontro Cultural do Piquete Orelhanos de 2018, que nesta edição marcou os 30 anos do grupo, superou expectativas em termos de público e, principalmente, de emoção. O ponto alto ocorreu na tarde do terceiro dia da programação, durante uma pausa para homenagem aos fundadores do grupo. Diante de dezenas de laçadores de Guarapuava, do Paraná e de outros Estados, alguns dos iniciadores do Orelhanos, ao lado de suas famílias, receberam das gerações mais novas seu reconhecimento. Os nomes daqueles que também escreveram a história do grupo, mas que já partiram, foram igualmente rememorados com reverência. A REVISTA DO PRODUTOR RURAL esteve no rodeio e conversou com organizadores e participantes.

Na comissão organizadora, o agrônomo Guilherme Borazo, das gerações mais novas, recordou que o último grande encontro dos Orelhanos ocorreu há 10 anos, quando festejaram duas décadas de existência. Mas agora, destacou, a ocasião de novo era especial: “O piquete comemorou, em 2017, 30 anos de fundação. Então, optamos por fazer este evento, para recepcionar os amigos, para comemorar esta data importante”. Comentando o nome do rodeio, Borazo ressaltou que a intenção foi enaltecer a cultura do tradicionalismo e os valores de apreço à família, de cordialidade nas relações sociais e de amor à natureza. “Estamos aqui para celebrar a amizade, aprender um pouco sobre a cultura de outras regiões, continuar esta tradição, que é extremamente guarapuavana, e passá-la para as gerações futuras”, resumiu. “Por sinal, vamos promover o Laço Família, em que todos os laçadores têm que ser parentes em primeiro grau. Acho que isso acaba promovendo a união das famílias”, antecipou no início da programação.  

Laços de amizade e de família deram o tom também fora da pista. O produtor rural e laçador Gastão Magalhães Maciel contou veio do município de Água Doce, em Santa Catarina, especialmente para o Encontro Cultural, a convite de Sérgio Teixeira, um dos membros do Orelhanos e amigo de longa data. “É uma amizade de muitos anos”, completou. Ele elogiou o evento: “Festa grande, parabéns para os organizadores”.  

Outro participante, Edson José Marcondes, que veio de Cândido de Abreu com a família, contou que nasceu em Guarapuava, mas há 30 anos se mudou para o município da região central do Paraná, onde fundou o CTG Lenço Colorado. “Fomos convidados e viemos prestigiar nossos amigos”, relatou, apontando que compareceu para laçar com seus dois filhos: “Um é engenheiro, o outro, dentista. E já estão as netas começando agora”, completou.   

A tendência de mulheres praticarem o laço e competirem em provas, como vem ocorrendo em vários rodeios pelo Brasil, também se reafirmou neste encontro dos Orelhanos, nas categorias Prenda Adulta e Prenda Juvenil. Maria Carolina Oliveira Mendes, de 13 anos, do CTG Pala Gaudério, de Pinhão, veio com a família para participar na Prenda Juvenil. “Comecei na vaquinha parada. Agora, faz um ano que estou iniciando: sou aprendiz. Sempre gostei muito de laçar”, disse, ressaltando que assim também tem feito várias amizades. A inclinação por esta atividade, ela atribui à influência da história de seus pais e avós. A jovem conta que a segunda pista de laço do Paraná surgiu na propriedade de seu avô, a Fazenda Velha das Torres, em Reserva do Iguaçu. Ao lado de Maria, sua mãe, Delaine Ferreira de Oliveira Mendes, sublinhou com orgulho que a pista ainda existe. Delaine lembrou ainda que seu pai, João Neto, já se dedicava ao tradicionalismo: “Meu pai foi coordenador por mais de 10 anos da região. Ele é falecido, mas deixou esta tradição. Aprendemos isso com ele”.

Quem também ressaltou a ligação entre o tradicionalismo e o passado da região Sul foi outro laçador. Vindo de Boa Ventura de São Roque, onde é professor de história na rede pública, Ademir Antônio Franco mencionou que sempre teve gosto nesta cultura e agradeceu aos amigos guarapuavanos: “Vim participar com muita galhardia, com muito orgulho, dos 30 anos dos Orelhanos. Quero agradecer à família Teixeira, ao Diogo Caldas, que é o patrão atual desta entidade, que tem história, ao longo de três décadas, levando o tradicionalismo de Guarapuava, que é a cidade mais gaúcha do Estado do Paraná e talvez do Sul do Brasil”.

Em toda sua programação, o Encontro Cultural também premiou os melhores no laço, nas categorias Patrão, Capataz, Dupla, Veterano, Guri, Prenda Adulta, Prenda Juvenil e Piá.

 

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